Especial
Fanfic por Kitty Blue
Avisos: este fic é um semi-au porque eu tive de mudar
alguns factos que realmente aconteceram no anime, eu decidi deixar alguns
pormenores ocultos, mas as personagens continuam todas lá e eu vou tentar ao máximo
não as deixar OOC!!
C&C: Podes contactar-me através de Email
ou pelo ICQ (145672919)
O principal a ter em conta é: a Weiß nunca descobriu o que levou Abyssinian (Aya Fujimiya) a entrar para o mundo da Kritiker. O Aya conseguiu finalmente completar a sua vingança matando Reiji Takatori e a Aya-chan acordou, mas nenhum dos outros membros da Weiß sabem da existência da rapariga. Acho que isto chega para vocês entenderem a minha história. ^^
Leiam e depois digam o que acharam...
O sol estava quente e por momentos desejei estar de volta ao meu apartamento, com um copo de whisky na mão e de preferencia com o ar condicionado ligado, o meu cigarro claro que também me faria companhia, tal como neste momento.
Olhei em redor tentando perceber porque o Ken vinha tantas vezes para este parque, ok até que havia muitas raparigas e até que algumas delas eram maiores de idade e bem bonitas, mas eu sabia que ele vinha para aqui para correr de um lado para o outro atrás de uma bola de futebol.. ok.. eu não entendo!
Eu nunca trocaria a hipótese de um encontro com uma linda rapariga por um jogo de futebol com um bando de miúdos! Pois... ele também não tem muitos convites para sair, mas talvez se ele aparecesse uma ou duas vezes na Koneko vestido como deve ser e não caísse a cada minuto....
O Ken é um rapaz tímido e que parece correr a fugir cada vez que uma rapariga se mostra interessada nele, isso eu não entendo! Como pode ele sequer pensar em recusar sair com alguém.. principalmente para vir para aqui..
Riu-me ao ver o Ken a tropeçar na bola ao ver-me. Os miúdos pararam todos a olhar para ele, uns quantos riam-se tanto ou mais do que eu, mas a maioria foi a correr ter com ele para ver se ele estava bem.. ok.. teve ser interessante ser adorado por um bando de miúdos.. Eu nunca fui muito de me dar com crianças, sou capaz de tomar conta de um ou outro se não tiver opção, mas acho que tão cedo crianças não são algo que eu planeie para a minha vida.
- Yohji.. – o Ken veio a correr na minha direcção tropeçando ainda no atacador dos tennis e no momento em que finalmente se preparava para levantar foi contra uma rapariga que ia a correr a passar por ele.
Tendo pena dos dois aproximei-me, claro que ajudando a rapariga primeiro...
- Tudo bem, menina? – perguntei eu.
Ela olhou para mim e eu fixei o rosto dela. Até que era bonitinha, cabelos escuros presos em duas tranças, um rosto que podia se considerar mais engraçada do que exactamente linda, mas quando ela crescesse certamente ia ser uma rapariga bem bonita. Os olhos violetas escuros olharam-me de cima a baixo e em seguida ela voltou o seu olhar para o Ken. O moreno estava a olhar para ela com uma expressão realmente muito engraçada, por alguma razão era estava de olhos arregalados a olhar para ela.
- Eu estou bem. Com licença, eu tenho de ir! – ela olhou uma vez mais para nós dois e correu para o outro lado do parque.
O Ken finalmente desviou o olhar dela para olhar para mim.
- Yohji... tu não a conheces de algum lado?
- Hm? Eu?! Acho que não porquê?
- Ela é muito parecida com alguém! Eu sei que já a vi nalgum sitio.... – o Ken olhou de novo para o sitio para onde a rapariga tinha ido a correr mas não encontrou ninguém.
- Acho que estás a imaginar coisas, Kenken.
Eu ri-me para ele e olhei para um miúdo que vinha ter com o Ken.
- Aya! Aya-chan!! – olhei para o outro lado e fiquei desta vez eu admirado ao ver uma rapariga semelhante à outra a chamar alguém. O Ken seguiu o meu olhar.
- Eu sabia!! – disse ele. – Sakura?
A rapariga olhou na nossa direcção e sorriu ao nos reconhecer, ela despediu-se dos amigos e veio a correr ter connosco. A única coisa que me passou pela cabeça naquele momento foi que ela ia ficar desiludida ao saber que o Aya já não estava a trabalhar na Koneko.. nem a viver connosco.
- Ken, Yohji! – ela abraçou-nos e eu ri-me ao ver o Ken corar imediatamente. – Que estão vocês aqui a fazer?! Antes de mais, vocês viram a Aya-chan? Uma rapariga parecida comigo? Ela deixou um livro comigo, mas ela vai precisar para estudar para o exame de amanhã.. – ela olhou em redor.
- Ela foi a correr para ali. – respondeu Ken. – Eu vi-a e lembrei-me logo de ti! não te disse que ela era parecida com alguém, Yohji?! Eu sabia!
- Somos muito parecidas mesmo..
- Ela é tua irmã ou algo do tipo? – perguntei eu curioso.
- Acho que podes dizer isso..
O Ken olhou para mim, pelos vistos ele estava tão confuso como eu. Nenhum de nós sabia que ela tinha irmãs, e eu tinha quase a certeza disso. Talvez fosse uma prima muito próxima ou algo do tipo..
- Nunca mais passaste lá na loja. – disse o Ken a sorrir.
- Eu.. – ela pausou baixando a cabeça.
- Soubeste que o Aya deixou-nos, não foi? – disse eu rindo. – A maioria do clube de fã clube dele deixou de ir à loja, ainda aparecem algumas raparigas para o ver, a maioria delas ainda acredita que ele vai voltar. – ela ergueu a cabeça para olhar para mim, os seus olhos castanhos desviaram-se para o Ken em seguida.
- Acho que tenho andado muito ocupada.. com a escola e isso tudo.. vejo o Omi às vezes mas.. poucas vezes na verdade. Tenho passado a maioria do meu tempo com os meus amigos, na escola ou com a Aya-chan. – respondeu ela. Parecia que tínhamos lhe pedido uma lista completa das suas actividades, acho que só faltou ela dizer que tinha um namorado e quantas vezes se encontrava com ele por semana.
- Espero que esteja tudo bem contigo. – o Ken, sempre a tentar animar os outros, neste caso a tentar faze-la relaxar. Não sei porquê mas tenho a sensação que quando tocamos no nome do Aya ela ficou nervosa... estranho não?
Um bola de futebol veio na nossa direcção, mas o Ken rapidamente a apanhou e mandou de novo para o campo onde os miúdos, com quem ele estava a jogar antes, estavam. A Sakura continuava a olhar em redor, naquele momento parecia que ela queria estar em qualquer lado menos ali, parece que ela se arrependeu de ter vindo ter connosco.
- Eu tenho de ir andado. – disse eu de repente. – Fiquem ai mas portem-se bem! Kenken, sabes bem que a Sakura pertence ao nosso amigo Aya.. roubar namoradas a amigos é errado!
- Yohji!! – o Ken ficou vermelho e a Sakura riu-se, olhando para mim mais uma vez antes de um ir embora. O moreno olhou para ela e os dois começaram a falar.
Vendo a distancia a conversa entre os dois, até poderia pensar que estava a mais. Enquanto caminhava para o meu carro, passou-me apenas uma ideia pela cabeça.. a melhor amiga da Sakura... aquela rapariga extremamente parecida com ela.. chamava-se Aya-chan.
+-+-+
Passaram-se alguns dias até eu voltar ao parque. Não sei o que me fez voltar lá, mas ainda bem que o fiz. Perto do campo de futebol estava o Ken a falar com duas raparigas. Ao aproximar-me os três olharam para mim.
- Yohji! – gritou a Sakura abraçando-me.
Ken sorriu e a outra rapariga apenas continuou no seu cantinho, um lindo sorriso nos seus lábios, mas ela não disse nada. A Sakura finalmente largou-me e puxou-me para mais perto do Ken e da outra moreninha.
- Esta é a Aya-chan! – disse a Sakura apresentando-nos. – Este é o Yohji, Aya.
Ao ouvir a Sakura dizer o nome "Aya" com tanta facilidade fez-me sentir estranho. Não sei na verdade o que esperava, mas pensei que ela tivesse talvez numa daquelas fases em que se chora até o amor distante voltar, nunca esperei vê-la tão contente.
A tal Aya-chan levantou-se para me dar um beijo na face. Eu sorri.
- Yohji Kudoh e apesar do que te digam de mim.. não acredites em tudo! – disse eu com um sorriso divertido. Ela sorriu e olhou para a Sakura.
- Aya Fujimiya. – apresentou-se ela.
Tanto eu como o Ken olhamos para ela imediatamente. A Sakura levou uma mão à boca como se tivesse escandalizada e eu por momentos tive vontade de lhe dizer que ela não poderia estar mais do que eu.. o Ken parecia ter visto um fantasma e eu certamente devo estar a ver um..
Eu lembro-me perfeitamente de ter conhecido à menos de 1 ano atrás um Aya Fujimiya e ele não tinha nada haver com esta rapariga. O Ken foi o primeiro de nós os dois a recompor-se. A Sakura sentou-se ao lado da Aya-chan.
- Que se passa? – perguntou a rapariga confusa, a Sakura apenas sorriu tentando acalma-la.
- Disseste que o teu sobrenome era? Estava distraído.. – disse eu.
- Fujimiya.. isto é por causa da explosão? Eu sei que disseram que tinham todos morrido, mas isso não aconteceu, eu e o meu irmão sobrevivemos. – disse ela com calma ainda a olhar para mim, a sua expressão seria e sincera.
- Disseste irmão? – perguntei eu de novo.
- Sim. O meu irmão... eu tenho um irmão... a Sakura conhece-o... o Ran. – a rapariga olhou para a Sakura esperando que a amiga a ajudasse.
- É verdade... – disse a Sakura calando-se imediatamente. – Acho que precisamos falar mas não agora.. – murmurou a Sakura algum tempo depois.
- Falar sobre o quê? – perguntou a Aya-chan.
- Acho que eles iam adorar ver o teu irmão.. podias ligar-lhe para ele te vir buscar? – perguntou a Sakura com um sorriso.
- Tu queres é vê-lo... – respondeu a Aya-chan com um sorriso. – Mas.. ok.
Ela ia a tirar o telemóvel do casaco, quando eu me lembrei de intervir. Eu dei-lhe o meu e disse que ela podia usar. Ela tentou negar, mas eu insisti tanto que ela não teve como recusar usar o meu telemóvel.
- Ran-niichan! Que tás a fazer agora? Podes vir buscar-me ao parque? O quê??! Oh! É o um amigo meu e da Sakura que queremos que venhas conhecer! Podes vir, 'niichan?! Por favor.... Siiiimmm!! Até já!
Ela desligou o telemóvel e entregou-me com um sorriso.
- Ele está aqui em dez minutos. – revelou ela.
- Ok. – respondi eu desviando o meu olhar para o Ken.
O Ken apenas ficou calado a olhar para a Aya-chan, a certo ponto lembro-me de olhar para a rapariga de novo e vê-la vermelha como eu tomate, tentando entender porquê ri-me ao ver que o Ken estava fixo na rapariga.
- Kenken, não tens mais para onde olhar?! Nunca te disseram que é feio olhar fixamente? – perguntei eu com um sorriso malicioso. O moreno desviou o olhar dela para mim e corou como nunca.
Os quatro continuamos calados apenas a olhar para as árvores, a Sakura às vezes dizia alguma coisa a Aya-chan que a fazia rir, mas as conversas ficavam por elas as duas. Eu e o Ken queríamos falar sobre isto tudo, mas eu não sabia o que dizer e na realidade não queria sequer saber a opinião do Ken neste assunto.
- Ran-niichan! – a Aya-chan levantou-se e correu para agarrar alguém.
A Sakura levantou-se para se aproximar também.
Eu e o Ken ficamos quietos a olhar para o desconhecido.. não.. para a pessoa estranha à nossa frente. Ele não nos era desconhecido, à nossa frente estava nada menos do que Aya Fujimiya, o líder da Weiß, o ruivo Aya Fujimiya, o Aya Fujimiya que eu conhecia e recordava.. mas aquele homem que sorria para uma rapariga que o abraçava não era a pessoa que nem eu nem o Ken conhecíamos.
Ele largou finalmente a Aya-chan e olhou para a Sakura dando-lhe um pequeno beijo na cara antes de andar até nós. Não pode ficar indiferente ao facto de que a mão dele continuava na da estranha rapariga que dizia ser irmã dele.
- Este é o meu irmão Ran. – disse a Aya-chan com um sorriso. – 'Niisan, estes são o Ken e o Yohji. São amigos da Sakura e agora nossos amigos! – ela riu-se.
Olhei dela para ele e dele para ela. Eles tinham parecenças mas nada que me levasse alguma vez a imaginar que ela fosse irmã dele.. acho que duas coisas eram o cabelo vermelho e os olhos violeta. Aya- não Ran... olhava para nós.. devia esperar alguma coisa, talvez insultos ou mesmo um abraço? Não sei como reagir... desde que ele abandonou a Weiß que ando a pensar em mil e uma maneiras de o trazer de volta.. não o quero no mundo escuro dos assassinos ou algo do tipo.. apenas o queria comigo.. estranho?
Quem diria que Yohji Kudoh, playboy extraordinário ia logo apaixonar-me por Aya Fujimiya, o líder frio e cruel da Weiß?! Eu nunca.. mas aconteceu. Quando me apercebi já estava caído por ele, sem poder fazer mais nada senão aceitar aquilo que sentia e tentar explicar-lhe que o amava, mas ele foi embora antes de eu ter uma chance para isso.
- Agora vocês estão calados? – disse Aya-chan sorrindo. – Hum.. Ran-niichan! Como foi o teu dia? – perguntou ela ignorando-nos completamente e voltando toda a sua atenção para o seu querido irmão.. Ran..
- Mais ou menos. – a resposta foi simples e exacta.. a voz contida mas ainda assim com uma mistura de tristeza e felicidade.
- Tiveste muitas aulas? Achas que vais ter de ficar no fim de semana a estudar sem parar?! Eu fui convidada para uma festa, eu e a Sakura, e queríamos que nos levasses! – ela riu-se ao ver a expressão assustada dele, pelos vistos algo a que ela já estava acostumada?
- Que tipo de festa?
- Ran! Nada de especial! Tu sabes que a Sakura nunca me levaria para maus caminhos! Apenas uma festa na casa de uma amiga! Levas-nos?
- Acho que não há problema. – respondeu ele dando-lhe um sorriso, que eu achei encantador, algo que eu nunca o vi fazer foi sorrir..
- Boa!! – ela correu para abraçar a Sakura. As duas riram durante algum tempo sem parar, até o Ken desmanchar-se a rir também. As duas pararam e olharam para ele.
- Desculpem mas... – ele tentava parar de rir mas não conseguia. Eu ri-me e elas olharam para mim. – Yohji! Tens de admitir que foi engraçado!
- Tu é que sabes, Kenken.
- Não me chames isso!! Já te disse milhares de vezes para não me chamares isso! – os meus olhos desviaram-se para o ruivo ainda presente e atento a nós, sorri ao ver um pequeno sorriso nos seus lábios.
- Ran! Vamos já embora? Temos de ir? – perguntou a Aya-chan lembrando-se de alguma coisa talvez. – Eu sei que tens muitos trabalhos para fazer, mas eu queria ficar com a Sakura... – ela olhou para ele e eu ri-me ao ver nela a versão feminina dos olhos de cãozinho abandonado do Omi.
- Eu deixo-vos em casa dela, mas tenho de voltar. – respondeu ele sério.
- Ok... – ela deu um pequeno sorriso e voltou-se para nós. – Temos de ir. Espero vos encontrar mais vezes aqui para conversarmos.. um dia convenço o meu oniisan a vir comigo.. ok? – ela deu-me um beijo no rosto e depois fez o mesmo ao Ken para se despedir.
- Podem ir andando para o carro, eu já vou.. – disse o Aya- Ran algum tempo depois. Elas olharam para ele e ele apenas sorriu. A Aya-chan disse adeus uma vez mais e as duas correram para o porsche branco que estava estacionado por perto.
Ficamos frente a frente. O Ken foi o primeiro a querer saber o que se passava, perguntando perguntas estúpidas como se ele tinha finalmente enlouquecido e quem era aquela rapariga.. eu apenas fiquei a olhar para ele, as coisas que eu queria perguntar eram-me impossíveis de conseguir libertar.
- Desta vez é de vez? Não voltas? – perguntou Ken algum tempo depois.
- Não. – a resposta foi simples e tanto eu como o Ken pudemos ver novamente Aya Fujimiya, verdade que ele estava diferente mas era bom saber que ele não tinha mudado totalmente.
- Podias ter dito alguma coisa. O Omi chorou dias inteiros sem saber onde estavas. Ele pensou que tinhas morrido ou que tinhas sido raptado.. – o Ken pausou e olhou para mim. – Apenas sentimos a tua falta. – concluiu ele.
- Eu.. também senti a vossa falta, mas... – ele calou-se e olhou na direcção onde estavam as duas raparigas, idênticas, à sua espera. – Eu não podia continuar.
- Percebemos. – respondeu o Ken com um sorriso. ele aproximou-se do ruivo e abraçou-o, acho que o Aya- Ran!! ficou tão surpreendido como eu. – Espero que tudo te corra bem e não te esqueças de nós, podemos ser assassinos mas acima de tudo somos uma família. – os dois trocaram olhares e sorrisos e afastaram-se.
Eu queria dizer ao Ken que não era bem assim, que a família do Ran era aquela rapariga que tinha acabado de os deixar. Que ela seria sempre a pessoa que ele iria proteger, ela estaria para ele sempre acima de tudo.. bastava olhar nos olhos ametistas para ver isso.
-
Ran-niichan!! Vamos! – gritou a Aya-chan.
- Tenho de ir. – disse ele desviando o olhar do Ken para mim. Ele estava à espera que eu dissesse alguma coisa, mas o que poderia eu dizer? Perguntar porque ele tinha nos abandonado?! Perguntar-lhe porque ele tinha escolhido a sua irmã a um mundo em que a morte era a única coisa certa?
Ele voltou-se e começou a andar e a única coisa que eu pode dizer foi:
- Foi por causa dela? – eu perguntei sem saber bem porquê.. sem saber qual era o sentido da pergunta, foi apenas algo que estava a matar-me, algo que estava a martelar na minha cabeça.
- Sim. – ele deu-me um pequeno sorriso e afastou-se.
O meu olhar só o deixou quando o vi entrar no porsche e desaparecer na estrada. O Ken estava fixo a olhar para mim, como se nunca me tivesse visto. Talvez eu fosse estúpido por perguntar tal coisa, eu sabia a resposta e sabia que nunca iria mudar o que havia entre ele e ela. Eles eram irmãos, não apenas por serem parentes de sangue, mas porque entre eles havia algo mais forte. Ele tinha dedicado o seu mundo inteiro a vinga-la. Tinha deixado tudo para trás por ela.. como poderia eu pensar alguma vez que poderia substitui-la nem que fosse apenas na sua mente, pois eu sabia que o seu coração pertenceria sempre a ela.
+-+-+
Passou-se mais ou menos um mês. As noites continuavam a ser longas e quentes, por eu estar apaixonado não queria dizer que eu ia desistir de passar as discotecas e bares a pente fino. Eu gostava de me divertir, e isso era algo que eu nunca iria deixar para trás.
As missões continuavam a aparecer ainda que fossem cada vez menos e muitas vezes cada vez mais difíceis de completar. O Omi tinha a certo ponto substituído o Aya. Como eu digo sempre a vida continua e nós estávamos a tentar faze-la continuar para nós.
Desde aquele dia nunca mais vi o Aya outra vez, por vezes vou até ao parque com o Ken e encontramos a Sakura e a Aya-chan, mas as duas nunca ficam muito tempo. As conversas entre nós eram sempre básicas, eu nunca tive coragem de perguntar pelo irmão dela e as vezes em que o nome 'Ran' surgia numa conversa era quando a Aya-chan queria provocar a Sakura.
Talvez esteja a imaginar coisas mas eu acho que o Ken e a Aya-chan estão cada vez mais íntimos, não quero dizer que andem pelos cantos aos beijinhos ou algo do tipo, mas ele fica quieto quando a vemos e sempre que ela nos cumprimenta ele fica vermelho como um tomate. Eu sei que o meu amigo é tímido e meio trapalhão mas quando ela está connosco... bem, apenas posso dizer que é um exagero.
A Sakura já percebeu também e muitas vezes dou por ela a rir descaradamente por alguma coisa que o Ken fez, a Aya-chan tenta sempre arranjar uma desculpa claro! Dizendo que ele não viu a árvore, ou que ele pensou que aquela pedra não era tão pesada. Acho que a única coisa em que o Ken pode impressiona-la é no futebol! Eu pergunto-me muitas vezes como um jogador de futebol pode ser tão distraído!? Uma vez lembrei-me de lhe perguntar isso, foi engraçado ver o Ken a corar instantaneamente, a Sakura a rir ás gargalhadas e a Aya-chan a abraçar o Ken a tentar defende-lo, ainda diz ele que eu estou a ver coisas...
A única coisa que me vem à cabeça quando vejo aqueles dois tão juntinhos é: Será que o irmão dela sabe? Será que o nosso querido Aya- Ran, imagina o quanto próxima a querida irmã dele está de se apaixonar por um assassino?!
O Omi acabou de entrar na loja seguido pela Sakura e a Aya-chan. A primeira coisa que ela perguntou foi pelo Ken, o loirinho olhou para ela e disse que ele devia estar a treinar algum grupo de miúdos num parque qualquer. Ela tentou disfarçar mas com o tempo acabei por conseguir decifrar várias expressões da Aya-chan, e neste momento ela está desapontada por ter de passar a tarde toda a ajudar na Koneko, quando o Ken não está nem presente.
E novamente pergunto-me.. Será que o querido irmão dela imagina o que se passa com no coração dela?
As duas viram-me a olhar para a Aya-chan e começaram a rir. A Sakura disse que como o Ken estava fora podiam tentar chatear-me, eu apenas me ri e disse que era preciso mais do que duas raparigas para estragar o meu bom humor....
Acho que estou com um problema! Elas estão com um brilho estranho nos olhos e a Aya-chan acabou de sorrir maliciosamente dizendo "missão aceite"...
+-+-+
A minha noite estava a correr bastante bem. Mal sai da loja, para bem longe da Aya-chan e da Sakura, uma amiga ligou-me para sairmos. Depois de a levar a jantar e tentar com o meu charme leva-la para minha casa ela disse que estava desiludida comigo, disse na minha cara que pensava que eu a ia levar para dançar ou algo do tipo. Depois de pensar numa discoteca para a levar acabamos num barzinho indicado por ela. Eu aceitei ir para onde ela me levasse, preferia que fosse para casa dela, mas... ok.. vamos lá dançar.
Ao entrar gostei imediatamente do ambiente do bar. Era pequeno mas confortável, uma banda de Jazz tocava, fazendo com que o ambiente fosse ligeiramente melancólico mas também agradável. Ela escolheu uma mesa no canto e perguntou-me o que eu queria beber. Eu disse que bebia o mesmo que ela e lá foi ela buscar as nossas bebidas, talvez devesse ter dito alguma coisa para pagar ou mesmo ir eu, mas como era um sitio desconhecido para mim porquê não deixa-la controlar, pelo menos por enquanto.
Um flash de vermelho fez-me olhar para o bar e os meus olhos esmeraldas seguiram imediatamente a pessoa que estava atrás do balcão, neste momento de costas para mim. Quando a pessoa se virou para dar as bebidas à rapariga que estava comigo eu literalmente fiquei de boca aberta. Ali estava o Aya- Ran. Ele disse qualquer coisa à minha acompanhante e ela riu-se.
- Engraçado o barman? – perguntei quando ela se aproximou. Ela sorriu e olhou de novo para o bar. – Vens aqui muitas vezes?
Ela corou um bocado e sentou-se à minha frente.
- Ele é muito gentil, eu acostumei-me... não estás a gostar do bar?
- Não estou a adorar.. acho que vou começar a frequentar mais vezes. – sorri e ela respondeu ao meu sorriso. – Mas ainda não me disseste nada dele? É por causa dele que vens cá?
Ok.. estávamos a ter conversas de raparigas e eu na realidade nem estava muito interessado em saber se ela estava perdidamente apaixonada por ele, mas isso sempre me podia ajudar.. se ela estivesse certamente significaria que ela sabia muitas coisas sobre ele.. isso seria bom para mim.
- O Ran.. é o nome dele.. começou a trabalhar aqui há dois meses e nas primeiras noites ele era muito desastrado, então eu fiquei com ele até ele se ambientar, a maioria das pessoas que vem aqui é pela música e por ele. Ele é muito simpático. – ela pausou e deu-me um sorriso. – Queres dançar?
- Eu adoraria. Mas antes posso ir só buscar mais uma bebida para mim?
- Claro! Podes pedir um alzine para mim?
Eu apenas disse que sim e parti em direcção ao bar. O empregado ruivo que eu sabia muito bem quem era estava a servir alguém e mal olhou para mim pude perceber que ele ficou admirado de me encontrar aqui. Este não era o meu sitio normal mas se ele deixasse passaria a sem dúvida o meu preferido em pouco tempo.
- Yohji.. que surpresa.. queres o quê?
- Para mim um whisky simples e para a minha amiga um alzine. – ele olhou para mim durante algum tempo e foi preparar as bebidas, eu observei durante algum tempo até perceber que o estava a deixar nervoso, então apenas desviei o olhar para o palco. – Gostas do trabalho? – perguntei sem olhar para ele.
- Não é mau. Aqui tens. – ele entregou-me as duas bebidas. – Estás com a Sharon? – olhei na direcção da minha mesa tentando lembrar-me do nome dela.. – Já percebi que sim, Yohji.. eu coloco na conta dela.
Outra pessoa pediu uma bebida e eu sem poder fazer mais nada voltei para perto da minha acompanhante. Ela sorriu e bebeu um gole da sua bebida. Ela seguiu o meu olhar para o bar e voltou a olhar para mim. Eu sabia que ela estava a tentar perceber o que se passava comigo mas eu preferi ignora-la e continuar fixo no Aya.
- Dançamos agora? – perguntou ela.
- Sim, porquê não. Depois diz-me quanto foi as minhas bebidas para eu te pagar. – lembrei-me de estabelecer a conta, já que eu sabia que não me voltaria a encontrar com ela tão cedo. Ela acenou com a cabeça e fomos dançar para a pista de dança.
Olhei para o bar de relance e vi o Aya a olhar para nós os dois. Ele estava sério a olhar para mim e eu tentei imaginar a razão. Será que ele pensa que eu ando a segui-lo? Será que ele pensa que a Weiß está de novo a tentar introduzi-lo na equipa? Ou será que ele simplesmente está a tentar perceber porquê continuou presente na vida dele mesmo depois dele me deixar?
- Yohji.. se quiseres podemos ir. – disse a rapariga que eu sabia agora chamar-se Sharon. – Parece que não estás a gostar do nosso encontro.. talvez me devesses levar a casa. Eu apenas queria divertir-me e acho que tu não estás a divertir-te.
- Não é isso. Estou a adorar e agradeço-te por me teres trazido aqui. Estou a divertir-me. Se quiseres ir vamos, mas eu não queria ir já. – ela sorriu e nós continuamos a dançar. Naquele momento era uma música mais lenta por isso estávamos mais a dançar no meio de uma data de casais aos beijos. – Obrigado. – sussurrei-lhe ao ouvido.
- Vamos Yohji. – a voz dela foi baixa e sensual, eu sabia que já tinha a minha noite ganha. Eu apenas sorri e segui-a. Ao sairmos lembrei-me de olhar para o bar, dei o meu característico sorriso ao ruivo que respondeu sorrindo e abanando a cabeça. Acho que foi uma forma de ele me dizer que eu nunca ia mudar.. acho que ele tem razão.
+-+-+
Na noite seguinte voltei ao bar, mas desta vez sozinho. O bar estava quase deserto, algumas pessoas amontoadas perto do bar, falando com o Aya ou umas com as outras, enquanto outras estavam na pista de dança. Reparei que desta vez ninguém estava no palco, mas o jazz tocava na mesma.
Aproximei-me e sorri para ele. Ele despediu-se de alguém e veio na minha direcção.
- De novo aqui? Nunca pensei que fosses de voltar ao mesmo lugar em duas noites seguidas. – disse ele. – Whisky? – eu disse que sim e sorri.
- Estava para dar uma volta pelas discotecas mas como estava sozinho hoje preferi passar por aqui. Acho que gostei do local. Estás aqui há muito tempo? – eu sabia há quanto ele estava aqui, porquê e até quem o tinha contratado, mas acho que ele não precisava de saber isso.
- Uns meses. Candidatei-me na verdade para o restaurante aqui ao lado, mas o gerente disse que precisava de alguém para tomar conta do bar nalgumas noites, e o salário era bom e poucas horas por isso aceitei. – quando ele se calou percebi algo que nunca tinha percebido. Ran Fujimiya era do tipo de falar muito quando estava nervoso.. enquanto o Aya que eu conhecia era mais de calar-se e ignorar os outros. – Mas acho que este é um sitio tão bom como qualquer outro.
Ele entregou-me a bebida e foi imediatamente ter com uma senhora que se sentou a alguns bancos de distancia de mim. Ele preparou o pedido dele e entregou-lhe. Eu olhei para o rosto dele e encontrei novamente aquele sorriso que eu nunca tinha visto até a Aya-chan ser algo presente na minha vida.
Ele aproximou-se inclinando-se no balcão e sorrindo para mim.. uma visão fantástica ainda que assustadora.. - Então Yohji.. a perder tempo por aqui? Pensei que já tivesses engatado alguém a estas horas. A tua reputação já passou muitas vezes por aqui sabes? – ele sorri perversamente e eu tentei imaginar o que raio lhe podiam ter dito de mim. – Não te preocupes, nada de mal. Apenas me disseram que eras um verdadeiro cavalheiro, atencioso e gentil.. das primeiras vezes eu perguntei se estavam a fazer mesmo de um Yohji Kudoh.. – ele riu-se.
- Sabes como é? Quem me experimenta fica com uma recordação para a vida inteira!
- Acredito que sim. – o sorriso desapareceu do rosto dele. – A sério Yohji.. que fazes aqui? É por causa da Kritiker?
- Não, não é. Apenas estou aqui por minha e espontânea vontade. Nada de terceiros, segundos ou outras e tantas pessoas.. estou aqui porque quero mais nada.
- Hum.. se é assim és sempre bem-vindo. – ele deu-me um pequeno sorriso e deixou-me novamente sozinho com a minha bebida.
A noite decorreu normalmente, alguns convites para dançar que eu aceitei imediatamente, alguns convites para ir para um sitio mais privado que eu recusei ainda que muitas vezes hesitante. Era perto da uma da manhã quando apareceu alguém para continuar o turno do Ran. Perguntei se podia leva-lo a casa e ele olhou para mim estranhamente, mas aceitou.
Páramos em frente a uma vivenda bonita, acho que aquilo que eu teria imaginado se tivesse me casado, tivesse um filho e um cão. Ele não olhou para mim e eu continuava a olhar para a nova residência dele. Era talvez algo que eu esperava, não sei. Esperava um apartamento num edifício com inúmeros andares, ou mesmo até um quarto num hotel, acho que não esperei algo tão.. decisivo.. era o que aquela casa era. Ela significava que ele planeava continuar a sua vida, com a sua irmã, no seu bar, esquecendo-se de nós todos.. de mim.
- É aqui que fico Yohji.. hum.. acho que vou indo.. obrigado pela boleia.. – ele continuou no mesmo sitio apenas agora a olhar para mim. – Gostei de te voltar a ver Yohji, a ti e no outro dia ao Ken. Havemos de combinar um dia um almoço com o Omi também. – olhei para ele e imaginei se realmente ele queria aquilo.
- Falas a sério? – perguntei sem perceber, o meu mal de falar sem pensar. Ele sorriu e preparou-se para sair do carro, num momento de loucura agarrei-lhe pelo braço. Ele parou e olhou para mim sem perceber. – Eu gostei muito de.. te ver de novo, Aya.
Ele riu-se. – Ran. – ele corrigiu-me.
- Ran.. vou demorar a habituar-me.
- Não faz mal, desde que te habitues... Yohji.. eu não sou mais aquele que fui.. entendes isso, certo?
- Sim.
- O Abyssinian morreu quando eu deixei a Weiß, o Aya Fujimiya quando eu deixei a Kritiker.. neste momento estou a tentar recuperar a minha vida, agora eu sou Ran Fujimiya. Pode parecer estranho, mas eu estou contente com o que sou agora.
- Por causa dela? – ele sorriu.
- Também por isso. Ela fez com que eu quisesse continuar a viver.. ela fez-me viver... é por ela que eu continuou aqui.. ela não me deixou afastar-me, ela quis que eu ficasse com ela.... e para isso.... – ele pausou, uma expressão triste no seu rosto. – Para ficar com ela.. eu tive de deixar Abyssinian, Weiß, tudo para trás.. entendes isso, Yohji?
- Acho que sim.
- Ainda bem.. – ele sorriu e aproximou-se de mim, não sei o que me fez ficar completamente imóvel. Não sei se foi senti-lo tão próximo, se foi sentir o perfume dele, ou se foram mesmo os lábios dele nos meus. Apenas sei que me perdi e por extenso instante desejei que aquela sensação fosse eterna.
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Depois daquela noite as coisas melhorar para mim. Não sei como mas sei que algo mudou em mim. As minhas noites continuavam a ser passadas naquele bar, que passou a ser o meu preferido, mas as mulheres passaram para segundo plano. Tentei sair uma ou outra vez com alguém, mas a minha mente sempre me lembrava que Ran Fujimiya tinha-me beijado, podia ter sido apenas um simples beijo, talvez até eu tivesse a ver coisas onde não havia nada, mas eu sentia como se o tivesse a trair.
Passaram-se dois ou três meses desde a primeira vez que eu tinha visto a Aya-chan. As coisas entre mim e o Ran continuavam em termos de amizade. Eu aparecia no bar, ele dava-me o meu whisky e falávamos o resto da noite. Numa dessas conversas descobri que ele tinha voltado a estudar, conseguido com muito esforço entrar para a Universidade de Tokyo, que eu sabia ser uma das melhores universidades de todo o Japão. Para não nos encontrarmos só no bar comecei a ir busca-lo muitas vezes depois das aulas.
Percebia que era difícil para ele dividir o tempo que lhe sobrava entre mim e a irmã dele, por isso tentávamos ver-nos o mais possível, muitas vezes mais por insistência minha do que realmente dele. Como ele só tinha aulas de manhã, muitas vezes eu ia busca-lo depois das aulas e íamos almoçar juntos, algumas dessas vezes a Aya-chan também nos fazia companhia, mas em geral o nosso tempo era mais só meu e dele. E eu acho que passar tempo com ele apenas fez com que eu o amasse ainda mais, ele tinha voltado para a minha vida, ele partilhava comigo partes da sua vida que eu nunca imaginaria se ele não me contasse, ele confiava em mim. Com o tempo eu apaixonei-me por Ran Fujimiya, não Aya o assassino, mas o rapaz que adorava incontestavelmente a Aya-chan e que não se importava de perder o seu tempo comigo. O meu amor por ele apenas aumentou, se isso era possível.
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- Yo Ran.
O ruivo sorriu e veio na minha direcção. Não consegui evitar admirado, ele tinha uma beleza inigualável, e o engraçado nisso era que ele nem se apercebia o quanto as pessoas babavam por ele. Os seus cabelos vermelhos e olhos ametistas, que para ele eram algo que o levava a considerar-se um freak, para mim e para muitos mais admiradores eram as suas melhores características.
- Oi. – ele entrou no carro, colocando os livros no banco de trás e voltando-se para a frente para olhar para mim. – Sabes, acho que terias sucesso se começasses a frequentar mais a minha universidade..
- Quê?
- As minhas colegas e outras raparigas estão fartas de me perguntar quando eu te vou apresentar ao teu clube de fãs. Algumas conhecem-te da Koneko e outras estão desejosas de te conhecer. – ele riu-se e eu olhei para ele. – Quando quiseres engatar alguém e não tiveres ideias para onde ir, já sabes..
- Claro porquê não.
- Algumas perguntaram-me se eras comprometido e se eras mais do que amigos. Acreditas nisto? A Aya-chan estava comigo uma das vezes e ela começou a dizer que estávamos apaixonados para elas não se meterem comigo nem contigo.
- Deve ter sido engraçado.
- Foi.
O silêncio instalou-se e eu pensei se ele estava à espera que eu dissesse alguma coisa. Será que ele esperava uma reacção negativa à ideia de estarmos juntos? Ou será que ele queria mesmo era uma reacção positiva..? Agora estou confuso.
- Vamos onde hoje? – perguntou ele talvez para quebrar a parede de gelo que estava cada vez mais espessa entre nós.
- Pensei em irmos ao sitio do costume, mas se tiveres outra ideia..
- Não podemos ir lá.
Eu conduzi o resto do caminho sem lhe dizer nada, às vezes ele fazia algum comentário a que eu apenas respondia com uma ou duas palavras, acho que hoje é um daqueles dias em que eu devia ter ficado em casa.
O restaurante que começamos a frequentar era um local simples e confortável. Em geral estava sempre deserto, só mesmo nós, os empregados e duas ou três mais pessoas. Mas o ambiente era agradável, o tipo de sitio que apelava ao Ran.
Sentamo-nos na nossa mesa do costume e imediatamente a emprega veio perguntar-nos o que queríamos. Pedi uma lasanha e o Ran decidiu também me fazer companhia na minha escolha, há muito tempo que não provava uma boa lasanha e achei que uma das melhores que já tinha provado tinha sido neste sitio.
- Que aconteceu com a Aya-chan? Nas terças ela costuma sempre vir connosco.
- Ela preferiu ir com a Sakura, as duas estão juntas num trabalho de grupo. – ele calou-se e olhou em redor. Curioso sobre o que poderia ter chamado a sua atenção olhei na mesma direcção que ele.
Três raparigas estavam a rir e a olhar para nós. Rapidamente percebi que uma delas estava a fazer olhinhos para o Ran e as outras duas estavam a tentar se decidir qual de nós era o mais interessante para meter conversa. Eu decidi tratar disso.
- Importaste que eu trate delas, Ran?
- O quê? Que vais fazer? Yohji? Yohji!
Sem lhe responder levantei-me e aproximei-me delas. Colocando todo o meu charme num sorriso apresentei-me e elas fizeram o mesmo. Eram duas loiras que até eram girinhas e a terceira tinha o cabelo vermelho numa cor que mais parecia cor de rosa.
- Desculpa por estarmos a olhar, mas não é todos os dias que vemos dois rapazes como vocês juntos num restaurante destes. – disse a ruiva, se podia se chamar ruiva àquilo. Entendi pelo comentário que ela estava a tentar perceber se eu e o Ran éramos só amigos ou algo mais.
- Não faz mal, estamos habituados, talvez vocês estejam também, afinal não são nada de se deitar fora. – ri-me e as três coraram.
- O teu amigo é tão tímido que não vem juntar-se a nós? – perguntou uma das loiras, a que tinha uns olhos verdes lindíssimos, apontando para o Ran.
- Ele é muito tímido mesmo, e talvez seja melhor avisar que comprometido. Assim como eu, lamento muito. – respondi eu.
- Oh.. Oh! Tu e ele?! – perguntou a ruiva, acho que ela devia ser uma daquelas que gosta de uma boa historia de yaoi. Talvez ela tivesse a tentar fazer de casamenteira, talvez ela fosse das três a que queria mesmo alguém de nós para casar... assustador!
- Na verdade sim, nós os dois. Desculpem mas tenho de voltar para o meu amor. – afastei-me, sentando-me novamente no meu lugar. O Ran estava com uma expressão nada amigável no rosto.
Olhei do canto do olho para elas e vi as duas loiras com uma expressão de desiludidas, enquanto a outra ainda estava a olhar para nós, ela sorriu e piscou-me o olho. Olhei para o Ran e desta vez percebi que ele estava confuso.
Sem pensar inclinei-me e beijei-o na boca. No inicio acho que ele estava demasiado chocado para responder ao beijo ou até para me afastar, mas a determinada altura ele começou a responder. A língua dele brincava com a minha enquanto eu explorava a sua boca, levei uma mão aos cabelos vermelhos sedosos e movendo a cabeça dele para o lado aprofundei o beijo. Algum tempo depois tivemos de nós separar para respirar. Afastei-me ligeiramente encostando a minha testa na dele, abri os meus olhos e fixei os olhos violeta que me fitavam.
Voltei a sentar-me e olhei para as três raparigas, desta vez ri-me ao ver as três de boca aberta a olhar para nós. O Ran seguiu o meu olhar e riu-se ao as ver também. Eu olhei para ele e sorri.
- Desculpa mas queria mesmo ver a reacção delas.. – ri-me. Não era bem a razão que eu queria dar, mas acho que seria muito estranho dizer-lhe que eu estava com vontade de o beijar desde que ele me tinha beijado pela primeira vez.
Aquele beijo tinha se tornado um assunto proibido, ele parecia ter se esquecido que mo tinha dado e eu preferi também evitar o assunto, por agora eu tentaria manter a nossa velha e colorida amizade.. desde que de vez enquanto pudesse fazer coisas como estas. Acho que tenho de me considerar sortudo por ele não se chatear comigo e deixar de falar comigo, ou mesmo tentar matar-me. Sei que eu o confondo, sei que cada vez que ele pensa entender aquilo que há entre nós eu faço algo como este beijo, mas eu sou assim imprevisível.
- Vamos embora, Yohji. Tenho de estudar durante a tarde e mais tarde ainda tenho de ir para o bar. Levas-me a casa, certo?
- Claro Ran! Achas que eu te ia deixar onde?
- Sei lá! Ás vezes tens umas ideias bem estranhas! Vamos!
Levantamo-nos e saímos do restaurante, mas claro que não sem antes eu dizer adeus às minhas amigas, que embaraçadas desviaram o olhar de nós os dois. Só a ruiva respondeu dizendo-me adeus também.
De volta à casa do Ran. Parei mesmo em frente e olhei para ele.
- Yohji... acho que talvez fosse melhor não nos vermos durante algum tempo.
A minha mente simplesmente branqueou-se, tentei raciocinar, pensar naquilo que ele me estava a dizer mas não conseguia. Ele queria que eu deixasse de o ver.. a única coisa que eu sabia era que eu ia recusar com todas as minhas forças. Não queria saber o porquê, apenas sabia que não podia deixar que ele me afastasse.
- Não.
- Yohji.. não compliques mais..
- Então diz-me porquê.
- Porque sim. – ele corou ligeiramente e quando olhei para ele, ele simplesmente desviou a cara para o outro lado. – Isto não vai dar certo.
- O que não vai dar certo?
- Nós! Achas que eu sou tão burro que não percebo?! Eu vejo como tu olhas para mim, eu sei que te atrai de alguma maneira, talvez até te tenha seduzido sem perceber, mas... desculpa mas acho que devemos ficar por aqui.
- Não me seduziste! Não me atraíste, entendes! E como olho eu para ti?!
- Eu vejo.. quando te beijei daquela vez... foi um agradecimento, nada mais do que isso.. não sei porque escolhi fazer aquilo, mas fiz e está feito. Mas eu não quero continuar assim. Se queres a minha amizade, ok.. mas não peças mais de mim.. não me peças algo que eu não te posso dar.
- Não te entendo, Ran.
- Vai custar-me também, Yohji, pensas que não?! Achas que eu quero simplesmente deixar de te ver? Mas eu não quero induzir-te em erro! Tens tantas raparigas dispostas a fazer tudo por ti, porquê eu?!
-
Ran..
- Cala-te! Apenas sei isto não pode continuar! Faz o que quiseres eu não me importo, mas... eu não consigo.. Yohji...
- Não consegues o quê?! Não estou a perceber nada!
- Resistir-te.
- Hum?! Que estás para ai a dizer agora.
- Eu gosto muito de ti, Yohji. Com o tempo fiquei com uma ideia diferente de ti e eu não quero manchar aquilo que eu penso de ti. Sempre pensei que fosses um pinga-amor e tu és, mas de uma maneira suave.. tu seduzes mas sem dar esperanças e eu não quero continuar a pensar se serei a tua próxima vitima a cada vez que me olhas! Eu não consigo.
- Achas que eu não penso em mais nada sem ser em sexo?
- O quê?! Não é isso-
- É isso sim! Tu achas que eu estou atraído por ti e que por isso quero levar-te para a cama! Tu achas que eu estou a tentar convencer-te a...... sei lá o que! Apenas sei que não é nada disso! Eu gosto de ti!
- Mas o quanto Yohji? Gostas de mim o suficiente para deixar a tua reputação de playboy de lado, Yohji?
Calei-me e pensei. Eu já o tinha feito. Desde que tinha entrado pela segunda vez naquele bar eu não tinha visto mais ninguém à minha frente. Para mim neste momento só existe o Ran, eu não quero mais ninguém, só o quero a ele. Talvez eu tenha sido parvo em não lhe explicar isso.
- Bem me parecia. – disse ele. O Ran saiu do carro mas antes que ele estivesse demasiado fora do meu alcance, eu saltei do carro e agarrei-o.
- Eu serei capaz de tudo por ti.
- O quê?
- Eu.. sei que pensas que estou a mentir ou que estou a tentar seduzir-te com promessas falsas mas não é nada disso. Eu realmente estou interessado em ti, sempre tive e acho que, mesmo se um dia me abandonares, eu vou sempre estar.
- Yohji... – ele tentou soltar-se do meu abraço mas eu não deixei.
- Eu quero-te, não vale a pena negar isso. Mas eu não te desejo apenas, eu quero-te de corpo, alma e mente. Eu quero tudo de ti, incluindo o teu coração.
- Não faças isto comigo, Yohji. Não faças... – uma lágrima escorreu pelo rosto dele e eu imediatamente a limpei. Beijei-o suavemente, um beijo suave e simples, apenas para lhe mostrar que eu estava ali com ele. – Eu não vou conseguir aguentar Yohji. Eu já perdi demais, eu não vou conseguir evitar apaixonar-me por ti, e depois que vai ser de nós, Yohji?
Eu sorri e beijei-o novamente. – Depois podemos ser felizes para o resto da vida. Teremos um final típico de um conto de fadas.. sem filhos e casamento, mas com um cãozinho, uma irmã teimosa e.. tu e eu..
- Porquê eu Yohji? Que tenho eu de tão especial?
- Tu?! – eu ri-me. – Tens tudo! Tu és corajoso, foste capaz de deixar tudo para trás para lutar por uma vingança que sabias que te ia deixar sem nada para fazer se não esperar que ela acordasse. Tu és lindo, de uma maneira pura e suave, és uma tentação a que eu nunca vou conseguir resistir. Tu és doce e gentil, - ele tentou dizer qualquer coisa mas eu coloquei um dedo nos seus lábios para o calar. - não és cruel e frio, isso foi o teu passado. Neste momento és apenas tu. Tu és especial em tudo o que és e em tudo o que fazes.
- Hum... e tu vais apaixonar-te por mim, Yohji? – ele corou ligeiramente.
- Oh Ran.. eu já estou apaixonado por ti. Há tanto tempo que parece uma outra vida. – beijei-o novamente e ele respondeu prontamente ao meu beijo. Tentei não me perder no beijo, eu queria dizer-lhe tantas coisas mais.
- Ran-nii!!! – nós separamo-nos rápido para ver a Aya-chan parada na entrada a olhar para eles. Ela estava a sorrir, os seus olhos brilhantes transitavam de Ran para mim e de mim para o irmão dela. – Não acredito que tu não me ias contar, 'niisan!
- Claro que ia Aya!.. apenas não agora.
- Ran!
Eu ri-me e os dois olharam para mim.
- Não me matem, eu sou apenas o namorado. – disse eu levando as mãos ao ar como se tivesse a render-me a um assaltante. Ela riu-se e abraçou o Ran.
- Não faz mal, pelo menos desta vez eu sei que tinhas razoes para me deixar em suspense.. – murmurou ela baixo mas de maneira a que eu pudesse ouvir. – Afinal ele e tu têm ambos a mesma profissão devias querer deixar-me fora disto.. – continuou ela. – Mas agora eu já sei! – ela avançou na minha direcção e abraçou-me com força. – E eu abençoo-vos!
Ela continuou agarrada a mim durante alguns segundos.
- Ok.. queres entrar Yohji?
Eu olhei para o Ran e ele apenas esperou que eu me decidisse. Eu apenas afirmei com a cabeça e deixei o ruivo entrar primeiro..
- Aya-chan.. podias ir dar uma volta.. – sugeri-lhe eu com um sorriso. Ela preparava-se para me dizer que não mas.. – Assim eu guardarei durante algum tempo mais aquilo que se passa entre ti e o Ken.
Ela corou intensamente, levando uma mão à boca como se tivesse indignada.
- Acho que vou dormir a casa da Sakura! Avisa o 'niisan! – ela saiu a correr sem nem me deixar dizer-lhe adeus.
Entrei para encontrar o Ran de braços ao peito no corredor da entrada. Ele deixou-me passar e fez um gesto para que eu fechasse a porta. Eu sabia que ele tinha ouvido aquilo que eu tinha dito à Aya-chan, infelizmente tarde demais, mas eu sabia que era por isso que ele estava chateado.
- Agora podes explicar-me que se passa entre a minha irmã e o Ken?
- Bem.. acho que isso é algo que tens de lhes perguntar a eles.
- Yohji. – eu aproximei-me e beijei-o para o calar, o que até resultou bastante bem. Ele derreteu-se em segundos, mas mal eu me afastei ele voltou a questionar-me. – Eles os dois estão a namorar ou algo do tipo?
- Ran.. eu estou a tentar seduzir-te!
- A sério? Tens de te esforçar mais então.. voltando à minha irmã agora. – eu cortei-o ao abraça-lo com força e espalhar beijos pelo pescoço dele, descobrindo imediatamente que aquele era um dos seus pontos fracos.. – Yohji... não.. me distraias... eu... ah!
Continuei a beijar a pele branca, deixando uma ou outra marca, até voltar a subir para o rosto dele. Beijei-lhe os lábios num beijo apaixonado e sem dúvida nenhuma sensual, naquele momento a última coisa que eu tinha na cabeça era a irmã dele e eu espera que dentro de pouco tempo ele também se esquecesse dela.
- Estás a gostar Ran? – deslizei uma mão para a cintura dele enquanto a outra tocava a pele quente e suave por baixo da camisola. Ele gemeu quando voltei ao pescoço dele enlouquecendo-o de novo.
- Yohji... acho.. que vou.. seguir o teu conselho.. quarto.
Ele disse a palavra magica e eu rapidamente deixei que ele nos guiasse para o quarto dele. Acho que não preciso dizer eu estava para realizar um dos meus maiores sonhos, estava prestes a conseguir dominar a minha fera preferida, que neste momento não era mais do que um gatinho a pedir mais e mais atenção.
- Amo-te Ran. – disse ao deita-lo na cama. Ele sorriu e puxou-me para baixo para nos beijarmos de novo. Acho que nunca pensei que estaria tão próximo dele como agora, era um sonho, mais do que isso aquilo que desejava desde que o vi adormecido na minha cama pela primeira vez, acabado de levar uma tareia do Ken.
Ele é especial. Ele é para mim tudo o que eu poderia querer e agora que o tenho sei que nunca vou querer outra pessoa. Ele fez-me com que me apaixonasse duas vezes por ele, e em ambas as vezes ele nem se apercebeu. Sinto-me triste ao saber que ambos levamos agora uma vida completamente diferente, mas eu sei que aquilo que sinto é suficiente para enfrentar qualquer um, a Kritiker inteira pode tentar nos separar mas eu nunca vou abdicar daquilo que levei tanto tempo a conseguir.. Ele..
Fim
Um fic meu! E novamente da Weiß Kreuz! Acho que vou tentar dar a minha atenção a outros fics meus, ainda que a maioria dos meus projectos sejam de WK na mesma...
Espero que tenham gostado! Eu comecei apenas com uma ideia em mente, que era que a Aya Fujimiya acordasse e o Ran voltasse a viver longe da Weiß, mas depois pensei que seria mau demais apenas basear um fic nos irmãos e como não queria arranjar uma personagem anónima qualquer para namorar o meu ruivinho lindo, acabei por colocar o Yohji em função!
Quem diria que eu tive diversas vezes para apagar o fic completamente! Tive várias vezes para colocar um fim e ficar assim, mas achei que faltava sempre alguma coisa... finalmente achei que este seria o final indicado...
Para aqueles que esperavam um lemon, sorry! Eu tentei não ir contra o rating da ff.net, mais do que eu já fiz com inúmeros fics meus! Desta vez conseguir conter-me e acho que o impacto do lemon nem foi preciso!! Eu considero até o fic como PG13, mas como cheguei a insinuar sexo em algumas partes do fic achei mais adequado assim...
Critiquem! Podem dizer-me o que quiserem! Eu aceito qualquer tipo de mails!
O meu e-mail para isso é kittyblue@sapo.pt. Estou à espera!
Bjinhos!!! E continuem a ler os meus fics... ^^