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Dois
Fanfic por Lalachan
(Inspirada no universo apresentado por Ana-chan em "O Triângulo")
É alta madrugada quando volto para o acampamento dos ladrões. Ninguém nota minha chegada, assim como ninguém me viu sair. Na forma de raposa, é tão mais fácil se mover rapidamente pela noite, me escondendo por entre as brumas, nada mais que uma sombra com patas tão leves como a brisa da noite.
Está tudo em um silêncio que chegaria a ser tranquilizador se não fosse também enganador. Eu sei que nada está calmo aqui. A tensão e a pressão se abatem sobre todos como uma nuvem negra rondando nossas cabeças.
Eu ainda sou aquele que manda por aqui. Ainda sou a lenda que aqui governa, o nome que amedronta quando pronunciado. A certeza fria da morte para quem ouse me trair... Enfim, todas essas baboseiras das quais eu rio intimamente quando elas chegam ao meu conhecimento. Alguns pensariam que nunca preciso me preocupar com nada... Se apenas soubessem.
Ainda assim, preciso me mover anônimo na escuridão? Será que estou tentando fugir de mim mesmo?
Ou será que é de alguém mais específico? Ou de mais de um alguém...
Deixo para voltar à forma de youko somente quando estou já bem perto do meu quarto. Eu saí correndo pela noite como raposa à procura de um pouco de ar, apenas um contato direto com a natureza que, embora mais selvagem, é tão mais fácil de entender do que certos seres de carne e osso...
De nada adiantou, no entanto. Continuo tenso, agitado, talvez porque no fundo eu saiba muito bem que na vida só se troca uma escravidão por outra. E eu não sei bem quando foi que as coisas se tornaram assim. Ou como elas estão agora.
Eu só preciso mesmo dormir. Realmente fazê-lo. Fiquei tão tentado a dormir em forma de raposa na floresta... talvez estivesse mais tranqüilo lá do que aqui. Mas isso seria apenas a fuga de uma noite, e não poderia fazer isso. Talvez não consiga fazer isso em lugar nenhum na verdade.
Entro no quarto devagar, sem saber ao certo porque me sinto como um invasor em meu próprio refúgio.
Bom, provavelmente deve ser porque não estou sozinho no quarto.
Eu devia saber... após palavras tão duras e agressões verbais inaceitáveis, aqui está ele de volta. Essa é uma das certezas imutáveis que sempre me persegue.
Kuronue.
Sua forma inconfundível, a sombra de suas asas recolhidas junto ao corpo, como uma estátua tremulando à luz fraca do lampião num canto do quarto. Olho de relance para seu rosto enquanto passo por ele em direção à cama, e sinto seu olhar fixo em mim. Ele não desiste... e eu não estou nem um pouco a fim de mais discussões. Espero que ele note isso, e simplesmente dê as costas e desapareça.
- Nós estávamos esperando por você. - Sua voz baixa me tira essa esperança, me deixando confuso. "Nós?" Espere...
Yomi está parado em pé no outro canto do quarto, e seu olhar também está fixo sobre mim. Eu paro de andar, ou melhor, minhas pernas decidem isso sozinhas. Por um momento sinto-me preso em um mundo surreal e tenho que fazer força para não rir loucamente da situação inusitada. Capturado pelo olhar cruzado dos dois, como em uma teia de aranha bem grande... e eu sou a mosca.
- O que está acontecendo aqui? - pergunto friamente, sem olhar para nenhum dos dois, subitamente mais desconfortável do que deveria dadas as circunstâncias. Sim, agora me lembro... foi disto que fugi em minhas ágeis patas de raposa. Foi dessa teia emaranhada que escapei por toda a madrugada, mas sinceramente não esperava por isso ao retornar.
- Por enquanto, nada. - respondeu Yomi, e sua voz estranhamente determinada quase chega a me assustar.
- Tudo bem, já chega dessa brincadeira idiota. Dêem o fora por que não estou com paciência hoje para nenhum dos dois. - Minha voz está carregada de desprezo, bem como eu quis que soasse. Pena que não tem absolutamente nenhum efeito sobre qualquer um dos dois. Mesmo assim eu decido simplesmente ignorá-los e me dirijo para a cama dando as costas para eles. Com um suspiro cansado desato a faixa da cintura. Uma volta, duas... quando me virar, já terão ido embora.
Mas não é isso que me diz o pêlo arrepiado das minhas orelhas... E este silêncio pesado, quase uma entidade viva aqui neste quarto. Quando me viro de novo, eles ainda estão lá, parados no mesmo lugar, os olhares ainda vidrados em minha direção. Um acesso de fúria me escapa por entre lábios cerrados:
- Mas afinal, que merda é essa que está havendo por aqui?
- Que boca suja, Kurama. Pensei que tivesse aprendido alguma coisa todo esse tempo em que esteve comigo. Mas pelo visto você continua com o linguajar baixo de escravo...
Eu fico tão estupefato com suas palavras que qualquer resposta que pudesse vir aos meus lábios fica presa na garganta. Será mesmo possível que acabei de escutar isso de Kuronue? Eu apenas pisco, dando a mim mesmo um segundo para respirar fundo antes de fazer qualquer coisa. Decido então me virar para Yomi. Vamos cuidar primeiro do menor problema... ou assim me parece.
- Yomi, saia daqui. Não sei o que está havendo mas você não tem nada a ver com essa cena ridícula.
Silêncio. Um momento de avaliação, enquanto lá em sua mente Yomi deve estar se perguntando o que fazer. Mas a resposta não demora muito.
- Tenho sim.
- Ah, mesmo? Então por favor me explique, estou meio lerdo esta noite pelo que parece. Ainda não entendi nada. Não entendi porque vocês dois estão aqui no meu quarto me esperando como dois fantasmas, não entendi porque diabos continuam aqui...
- Deixe que eu explico, Yomi. - A voz de Kuronue me corta, sempre soturna.
Tenho que me conter para não beliscar meus braços. Como é possível que esses dois estejam no mesmo recinto sem nenhuma hostilidade um para com o outro? Eles parecem... ter se aliado em algo. Mas, em que? Provavelmente fundir minha cabeça. Até agora admito que estão fazendo um bom trabalho.
- Nós viemos aqui... para isto.
Ele se aproxima com calma, os olhos incrivelmente azuis nunca deixando meu rosto, as grandes asas negras acompanhando seus movimentos quase felinos como uma espécie de manto. Deixo um olhar rápido nos reflexos que a luz do lampião lança sobre a cabeleira presa no alto da cabeça em um longo e sedoso rabo de cavalo... antes que seus lábios toquem levemente os meus, então finalmente eu entendo. Fecho os olhos e permito-lhe esse pequeno momento de trégua antes de empurrá-lo para bem longe, embora o calor enlouquecedor que sua língua desperta em minha boca me faça pensar duas vezes. Minha mão se move automaticamente para seus cabelos tão longos, soltando o rabo de cavalo. Sinto os fios tão finos em meus dedos, escorregando por entre eles. Minha intenção é tão somente dar-lhe um bom puxão e com isto afastá-lo. Mas nada me impede de sentir a maciez de seus fios antes de fazê-lo.
No meio do beijo abro os olhos. Havia algo que eu havia esquecido, mas subitamente minha memória volta a funcionar, ante o toque gentil de uma mão separando meus cabelos, enquanto lábios ardentes pousam sobre a pele da minha nuca que se arrepia imediatamente em resposta.
Yomi.
Quase deixo escapar seu nome enquanto ainda estou com meus lábios mergulhados nos lábios do outro. Meu coração dispara em minha garganta. A língua do youkai em minha nuca dá voltas úmidas e lentas, puro fogo que sobe e desce pela minha espinha, torturando-me sem piedade.
Mas o pior de tudo é a sensação pulsante entre minhas pernas, me informando de maneira nada sutil que o momento de dar o tal empurrão já passou há muito. Tento me afastar de Kuronue mas um braço firme em minha cintura me impede. O beijo se aprofunda mais enquanto a língua de Yomi vai descendo o caminho da minha espinha, enquanto mãos hábeis vão se livrando da minha roupa ao mesmo tempo. Um leve ofegar escapa de meus lábios, mas nem assim Kuronue permite que eu me liberte dessa estranha prisão entre dois corpos.
Dois...
Dois que são um, um que é dois. Uma só fagulha na carne, um só suspiro e um só ofego, duas bocas, duas línguas, dois pares de mãos que vão sem o menor escrúpulo se misturando sobre minha pele, a ponto de eu não mais saber quem está fazendo o quê.
Os dois que são um.
Um que é dois.
E eu?
Eu estou preso entre dois que são um, e já não sei de mais nada.
Sou levado para a cama sem me dar conta. Quando entreabro os olhos, consigo vislumbrar o rosto de quem está me beijando agora com tanta paixão. No fervor desses momentos, eles trocam de lugar em meus lábios, não me dão chance para respirar, bebem da minha ânsia que beira a insanidade enquanto cada parte do meu corpo é explorada por dois pares de mãos... ambas experientes e conhecedoras das regiões mais secretas do meu corpo. Não há segredo para os dois que são um, não há barreiras, nem tabus que possam ficar entre nós agora.
Um explora meu peito, beijando-me os mamilos ora com fúria apaixonada, ora com ternura quente, e tento enxergar através do mar de cabelos negros que se misturam qual dos dois é... mas é impossível, pois o outro ao mesmo tempo explora minha virilha, morde levemente o interior das minhas pernas de onde sobe imponente a assustadora prova da minha luxúria.
Como se isso importasse alguma coisa em uma hora dessas...
Dedos, esses dedos exploradores e ousados, me arrancando lá do fundo gemidos que não parecem sair dos meus lábios. Sou eu mesmo quem está aqui? Não me reconheço mais nessa criatura rendida e prostrada, prisioneira de semelhante explosão de sentidos em minha própria cama...
De repente o mundo estaciona ao meu redor. As carícias sumiram. O frio da ausência me assalta quase me fazendo tremer de frio. Não entendo. Onde estão os lábios que estão arrancando fogo das minhas entranhas? E as mãos pungentes que assaltam meu corpo inteiro? Parou tudo. Abro os olhos, paro de respirar, estou paralisado. Meu peito arde, não sei mais se de medo ou de desejo não satisfeito.
De um lado do meu corpo prostrado nessa cama, ele, o recruta, o aprendiz, o ingênuo, o teimoso.
O apaixonado Yomi. Meu Yomi...
Deuses, tão lindo de tirar o fôlego, esse cabelos tão negros se espalhando corridos por seu peito... Os olhos púrpura me fitando e me devorando, tocando minha pele, me beijando enquanto passeiam pelo meu corpo castigado por suas mãos habilidosas. Pura vida, pura energia pulsando e me contaminando como uma droga poderosa que cega todos os sentidos. Vida... estar com ele é como nascer.
Eu o quero.
Mas não... do outro lado Kuronue. Meu triste, lindo Kuronue. Olhos azuis sempre cheios da mais bela tristeza. Cabelos também negros, um manto comprido que abriga a eterna noite em seus desejos mais obscuros. A tristeza, a melancolia, a tragédia, as lágrimas guardadas dentro de sua alma que jamais serão libertadas. A beleza da morte que deseja a vida mais uma vez, asas que um dia poderão afinal voar... Estar com ele é como morrer.
Eu o quero.
Posso mesmo ter um sem ter o outro? Não será este afinal o mistério da vida?
Quem se importa?
Eu só desejo esses lábios de volta, essas mãos de volta, me perder em beijos que me cortem o fôlego, quero beber do suor dos dois e quero que se embebedem do meu. Eu quero...
Eles continuam imóveis, cada um do lado do meu corpo inerte, à espera... do que? O que possivelmente poderiam esperar de mim, eu que já não sei mais nem quem eu sou ou o que quero?
Afinal compreendo.
Devo escolher.
Não consigo. Como poderia? Não existe vida sem a morte, nem morte sem a vida. Uma coisa completa a outra. É impossível para mim tomar uma decisão, e frustrado, eu simplesmente fecho os olhos para não encarar nenhum dos dois. Fico assim por muito tempo, e tenho medo de abrir meus olhos e descobrir que não há mais ninguém ali.
Subitamente um leve toque de um corpo junto ao meu, arrepiando minha pele com surpresa e desejo misturados. Depois outro, e mais outro... dois corpos colados ao meu, dois pares de lábios que percorrem meu corpo novamente deixando trilhas recém-descobertas em cada centímetro de minha pele.
Eu não tenho mais salvação. Virei refém de meu próprio corpo, de meu próprio desejo.
E deles.
Isso, não parem. Não importa quem está dentro de mim agora. Não importa quem está me beijando agora. Nem de quem são essas mãos, esses dedos, esse suor que se mistura com o meu... Neste borrão indistinto que virou a minha realidade, os dois se tornam um só, e um só também é o orgasmo libertador, o grito que irrompe do fundo da alma, a explosão de êxtase que elimina todo e qualquer pensamento racional... tive eu já algum nessa vida.
Talvez, quando eu finalmente voltar a
mim, eu tenha a resposta para a diferença entre nascer e morrer...
* * * * * *
Muito tempo depois ele despertou para se descobrir sozinho na cama enorme, mas ainda ficou um tempo de olhos bem fechados, como se desse jeito pudesse segurar um pouco mais dentro de sua cabeça as imagens que rodavam em sua mente sonolenta. Se abrisse os olhos elas fugiriam, iriam embora, puras ilusões tão efêmeras quanto um piscar de olhos. Mas ele não poderia fugir da realidade para sempre, por isso finalmente abriu os olhos e deixou que elas escapassem de uma vez.
É claro que fora um sonho. Ficar mais um tempo de olhos fechados não iria mudar isso. Suspirou e espreguiçou-se entre os lençóis mais do que amarfanhados. Sono agitado. Ao se sentar, se deu conta também que fora bem mais agitado para certas partes de seu corpo do que para outras. Balançou a cabeça como uma repreensão a si mesmo. Não tinha mais idade para essas coisas.
Deitou-se novamente, relaxado, e por uns minutos divertiu-se com a idéia de que não fora um sonho afinal. Estava quase sorrindo com esses pensamentos quando alguém irrompeu no seu quarto sem aviso.
Kurama não se deu ao trabalho de se sentar novamente, apenas virando a cabeça para conferir qual dos dois era...
- Kuronue... – murmurou, no meio de um bocejo, se espreguiçando um pouco mais. – O que foi já tão cedo? Ontem não foi suficiente, não?
Antes que o youkai de asas negras pudesse responder, um esbaforido Yomi entrou no quarto, parecendo muito contrariado ao ver que não fora o primeiro a chegar ao quarto de seu chefe aquela manhã.
- Merda... – pôde ouvi-lo sussurrar, e reprimiu um sorriso a tempo antes que o olhar de Kuronue se voltasse de novo para ele. Já reconhecia a expressão mal-humorada em seu rosto muito pálido. Ai vinha problema, mas no entanto, ele ficava até sexy quando se enfurecia.
Yomi estava decididamente emburrado agora. Taí outro que também ficava muito mais atraente quando zangado. Interessante. Um ponto que os dois tinham em comum afinal.
- Dê o fora, tenho assuntos a tratar com seu chefe. – ordenou Kuronue, sem olhar nem para o youko nem para o objeto de sua raiva.
- Só se o próprio Kurama me disser isso. – teimou Yomi, e dito isso, ambos olharam fixo para um atônito Youko semi-nu e recém-acordado.
Ele olhou para um, depois para outro, em seguida explodiu em gargalhadas sonoras. Yomi e Kuronue se entreolharam confusos, por um momento até esquecendo totalmente do desafeto entre eles. Será que esse youko tão disputado enlouquecera de uma hora para outra?
Depois de alguns minutos, as risadas diminuíram, e Kurama foi finalmente capaz de falar, dirigindo-se a Yomi.
- Me deixe só, Yomi. – pediu com tom gentil mas firme, que não admitia negativa. O youkai pareceu murchar em sua expressão, mas obedeceu, retirando-se do quarto sem dizer mais palavra.
Depois virou-se para Kuronue, que já saboreava nos lábios um meio sorriso de vitória, sorriso este que desapareceu totalmente quando o youko dirigiu-se a ele, porém com um tom de voz menos ameno.
- Você também, vê se some da minha frente, né? Por Inari, eu acabei de acordar.
- Mas Kurama, eu...
- Você é surdo ou o quê?
O youkai alado engoliu em seco e se retirou sem insistir mais, procurando manter alguma dignidade.
Kurama ainda sorria, quando, sozinho agora no quarto, levantou o lençol para conferir com os olhos o que sentira quando rompera em gargalhadas. Pobres Yomi e Kuronue, não entenderam nada. Mas como poderiam? Se nem ele mesmo entendia direito...
Tudo que sabia era que jamais seria possivel... não é? Entao por que sua mente sonhava com tal fantasia, porque um sonho o enganava fazendo-o achar por um breve momento que isto seria possivel?
E a ereção não ia embora...
Bom, era fácil. Só chamar um dos dois, e resolver logo esse inconveniente matutino, afinal tinha um bando de ladrões para liderar, e o dia já começara.
Porém...qual dos dois deveria escolher agora?
Um sorriso malicioso tomou seus lábios. Duas palavras que soam como uma só escaparam sussurradas por entre eles.
Os dois.
Ainda sorria enquanto se vestia para poder sair à cata dos dois youkais mais complicados e adoráveis que já cruzaram seu caminho.
Não conseguia imaginar melhor maneira de começar uma manhã...
E você, consegue?
Fim
Nota: Essa fanfic da fanfic (^_^) é um presente de aniversário para minha amiga Ana-chan. ^_^ Ana, espero que o Kurama consiga escolher um dia (ou espero que não...^_^;;;) Otanjoubi Omedetou, amiga!
Abril/2002