Heavy Metal (provavelmente de 1993) no11


Capa: GN'R - Guns N'Roses no Brasil - Mega Poster. Fotos inéditas do grupo no Brasil. Saiba tudo o que aconteceu no show. 2 posters da banda.

Por Carlos Antonio Rahal

No Brasil, o Guns fez até chover. Que o digam as 20 mil pessoas que assistiram o primeiro show da banda em São Paulo, no dia 10 de Dezembro. Foi a pior tempestade que a cidade sofreu desde a década de 40. No palco, Axl, Slash, Matt, Duff e Gilby não estavam nem aí: atacaram com "Civil War", "Paradise City", "November Rain" (não seria "December Rain"), "Patience" e todos os hits do Gn'R.

Depois de apavorar pais e mães na Colômbia (30 feridos durante o show), Chile (50 detonados) e Argentina (uma garota de 16 anos se matou por não poder ir ao show), o GN'R chegou ao Brasil com má fama. Axl só piorou as coisas jogando uma cadeira nos jornalistas que o esperavam no saguão de um hotel em São Paulo.

Talvez por isso tudo é que apenas 20 mil pessoas agüentaram, ensopadas até os ossos, as duas horas e meia de pauleira do GN'R, no primeiro show do Anhembi, em São Paulo. A chuva foi tanta que a apresentação do dia 11 ficou para sábado, 12. Como não rolou nenhum problema grave na quinta, a galera se animou: entre 70 e 80 mil fãs se apertaram no estacionamento do Anhembi para ver o melhor espetáculo do Guns N'Roses no Brasil. Canções como "You Could Be Mine" e "Sweet Child O'Mine" esquentaram o público. Todo mundo cantou.

Dia 13 foi a vez do Rio. Os organizadores deram azar: escolheram o autódromo de Jacarepaguá para montar o palco. Quem conhece a cidade sabe que aquilo é um fim de mundo. Deu no que deu: só 40 mil abnegados puderam comprovar a competência do Guns, mostrada em "Perfect Crime", "Knockin' On Heaven's Door", "Coma", "So Fine" e outros petardos.

Agora, quem pensou que o único a brilhar nessa excursão sul-americana seria o "bad boy" Axl, se estrepou. A guitarra de Slash falou mais alto. O cabeludo mostrou que seu talento é muito maior que o GN'R e cabe em qualquer banda do mundo. Compará-lo com Eric Clapton ta;vez seja forçar um pouco a barra, mas sem dúvida, Slash está para o GN'R assim com Eric "God" Clapton estava para sua banda, o insuperável Cream.

Slash apagou o novo guitarrista Gilby Clarke, improvisou arranjos fantásticos, fez solos fabulosos, segurou a banda o tempo todo. Em resumo, matou a pau.

Axl fez seu papel. No primeiro show, aquele da tempestade, o vocalista consegui fazer o público cantar com ele boa parte das letras, que estava desanimado de tanto beber água. Correu de um lado pro outro, dançou e não deixou de xingar a imprensa. Mas a galera amou.

Os outros rapazes da banda não fizeram feio, mas também não brilharam. Matt Sorum fez solos de bateria bem no estilo Alex Van Halen. Duff McKagan, junto com Matt, segurou a cozinha com a competência costumeira. Deu também suas corridinhas pelo palco, mas ninguém notou. E Gilby apareceu menos que todo mundo. Talvez a sombra de Izzy Stradlin ainda o esteja incomodando.

Resumo da ópera: poucos brasileiros viram um maestro (Slash) reger três músicos competentes e um ótimo cantor que prefere brilhar mais que sua própria arte (Axl). Pena que essa excursão do Guns N'Roses não esteja entre aquelas que marcam de forma indelével corações e mentes da platéia. Mas deu pra manter o Brasil no circuito mundial do rock n'roll.

Digitado por Bruno


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