A REGRA DO JEJUM NA IGREJA ORTODOXA 
por John Brady
Tradução de Felipe Ortiz
São Serafim de Sarov 
O ensinamento tradicional da Igreja sobre o jejum não é amplamente conhecido ou 
obedecido em nossos dias. Para os cristãos ortodoxos que estão procurando 
guardar um jejum mais disciplinado, as informações seguintes podem ser úteis.
Embora as regras possam parecer bastante estritas para aqueles que nunca as 
viram antes, elas sempre foram entendidas como vigentes para todos os cristãos 
ortodoxos, e não apenas para os monges. Embora poucos leigos sejam capazes de 
guardar a regra em sua plenitude, parece melhor apresentá-la evitando julgar 
qual é o nível “apropriado” para os leigos, uma vez que esse assunto é melhor 
tratado levando em conta a disposição de cada cristão, sob a direção de seus 
pais espirituais.
Há muitas exceções às regras gerais dadas aqui, como por exemplo quando o dia de 
uma grande festa, ou da festa do padroeiro da paróquia, cai durante um período 
de jejum. Consulte seu padre e o calendário de sua paróquia para maiores 
detalhes. A St. John of Kronstadt Press (Editora São João de Kronstadt) publica 
calendários murais e de bolso que indicam a regra de jejum para cada dia do ano. 
O Calendário de São Germano, publicado anualmente pela St. Herman of Alaska 
Press (Editora São Germano do Alaska), também é um bom guia diário.
[Nota do tradutor: o calendário da St. John of Kronstadt Press segue os costumes 
da Igreja Russa Fora da Rússia, enquanto o de São Germano obedece ao estilo da 
Igreja Sérvia. Portanto, ambos se baseiam no Velho Calendário (Juliano), que não 
é utilizado por algumas comunidades ortodoxas. Antes de decidir comprar algum 
deles através da Internet, verifique se a sua comunidade usa o Calendário Velho 
ou o Novo. Neste último caso, você precisará de algum outro calendário. Atente 
também para o fato de que esses calendários são feitos nos EUA e, portanto, 
estão em inglês.]
Períodos em que não se jejua
Todos os alimentos são puros para o cristão. Quando não está prescrito nenhum 
jejum, não há alimentos proibidos.
Jejum semanal
A menos que se esteja num período livre de jejum, os cristãos ortodoxos devem 
observar um jejum estrito todas as quartas e sextas-feiras. Evitam-se os 
seguintes alimentos:
Carne, incluindo aves, e quaisquer derivados da carne, tais como toicinho e 
caldo de carne.
Peixe, e isto quer dizer: peixes com espinha dorsal. Mariscos são permitidos.
Ovos e laticínios (leite, manteiga, queijo etc.)
Azeite de oliva. Uma interpretação literal da regra proíbe o azeite de oliva 
apenas. Especialmente onde o azeite de oliva não é um dos componentes principais 
da dieta, a regra é às vezes entendida como incluindo todos os óleos vegetais, 
bem como os derivados do óleo – por exemplo: a margarina. 
Vinho e outras bebidas alcoólicas. Na tradição eslava, a cerveja freqüentemente 
é permitida em dias de jejum.
Quanto?
É triste dizer que não é difícil guardar a regra do jejum na sua letra e, ainda 
assim, recair na gula. Ao jejuarmos, devemos comer simples e moderadamente. Os 
monges comem apenas uma refeição completa em dias de jejum estrito, e duas 
refeições em “dias de vinho e azeite” (veja abaixo). Geralmente os leigos não 
são encorajados a limitar suas refeições desse modo: consulte seu padre.
Exceções
A Igreja sempre isentou do jejum estrito as crianças pequenas, os doentes, os 
muito velhos, as grávidas e as mães lactantes. Enquanto os membros desses grupos 
não devem restringir seriamente a quantidade que comem, nenhum dano lhes advirá 
por passarem dois dias da semana sem alguns alimentos, simplesmente comendo o 
bastante dos alimentos permitidos. Exceções ao jejum baseadas em necessidades 
médicas (como o diabetes, por exemplo) sempre são permitidas.
Jejum Eucarístico
Para que o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor possam ser a primeira coisa a passar 
por nossos lábios no dia da Comunhão, nós nos abstemos de toda comida e bebida 
desde a hora em que nos deitamos (ou desde a meia-noite, o que vier primeiro) na 
véspera. Os casais devem se abster de relações sexuais na noite que antecede a 
Comunhão.
Quando a Comunhão é vespertina, como nas Liturgias Pré-Santificadas da Quaresma, 
esse jejum deve, se possível, estender-se ao longo do dia até depois da 
comunhão. Às vezes, para aqueles que não conseguem manter essa disciplina, 
prescreve-se um jejum total começando ao meio-dia.
O Jejum da Quaresma
A Grande Quaresma é a mais longa e estrita temporada de jejum do ano.
Semana que Antecede a Quaresma (“Semana da Tirofagia”)
A carne e seus derivados são proibidos, mas os ovos e os laticínios são 
permitidos, mesmo na quarta e na sexta-feira.
Primeira Semana da Quaresma: comem-se apenas duas refeições completas durante os 
primeiros cinco dias, uma na quarta e outra na sexta-feira, após a Liturgia 
Pré-Santificada. Não se come nada desde a manhã de segunda-feira até o anoitecer 
de quarta-feira – o mais longo período sem alimentos no ano eclesiástico. 
(Poucos leigos guardam essas regras na sua plenitude.) Para as refeições da 
quarta e da sexta-feira, bem como para todos os dias de semana na Quaresma, a 
carne e seus derivados, o peixe, os laticínios, o vinho e o óleo são evitados. 
No Sábado da primeira semana começa a regra costumeira para os Sábados 
quaresmais (veja abaixo).
Dias de Semana, da Segunda até a Sexta Semanas: A regra do jejum estrito é 
guardada todos os dias: evitam-se a carne e seus derivados, o peixe, os ovos, os 
laticínios, o vinho e o óleo.
Sábados e Domingos, da Segunda até a Sexta Semanas: Permite-se o vinho e o óleo; 
de resto, guarda-se a regra do jejum estrito.
Semana Santa: Idealmente, o jantar da Quinta-Feira é a última refeição a ser 
consumida até a Páscoa. Nessa refeição, permite-se o vinho e o óleo. O Jejum da 
Grande Sexta-Feira Santa é o mais estrito dia de jejum do ano: mesmo aqueles que 
não guardaram um jejum quaresmal estrito são fortemente impelidos a não comer 
nesse dia. Após a Liturgia de São Basílio no Sábado Santo, pode-se consumir, 
para subsistência, um pouco de vinho e de frutas. O jejum é quebrado na noite de 
Sábado, às vezes após as Matinas da Ressurreição, ou, o mais tardar, após a 
Divina Liturgia de Páscoa.
Vinho e óleo são permitidos em muitos dias de festa quando caem em dias de 
semana durante a Quaresma. Consulte o calendário de sua paróquia. Na Anunciação 
e no Domingo de Ramos, o peixe também é permitido.
O Jejum dos Apóstolos
A regra para esse jejum de duração variável é mais permissiva do que a da Grande 
Quaresma.
Segundas, quartas e sextas-feiras: jejum estrito.
Terças e quintas-feiras: permite-se o óleo e o vinho.
Sábados e domingos: permite-se o peixe, o óleo e o vinho.
Essa é a regra guardada em muitos mosteiros durante os períodos em que não se 
jejua.
O Jejum da Dormição
Durante as duas semanas do Jejum da Dormição, o jejum é como aquele da maior 
parte da Grande Quaresma:
De segunda a sexta-feira: jejum estrito.
Sábados e Domingos: permite-se vinho e óleo.
O Jejum do Natal
Durante o período inicial do jejum, a regra é idêntica àquela do Jejum dos 
Apóstolos. Durante o período final do jejum, não se come mais peixe nos Sábados 
e Domingos. Em tradições diferentes, essa intensificação do jejum pode abranger 
a última ou as duas últimas semanas.
Outros Jejuns
A Véspera da Teofania, a Exaltação da Cruz e a Decapitação de João Batista são 
dias de jejum, nos quais se permite vinho e óleo.
Períodos Livres de Jejum
Complementando as quatro temporadas de jejum da Igreja, há quatro semanas livres 
de jejum:
Do Natal à Véspera da Teofania.
A semana que se segue ao Domingo do Publicano e do Fariseu.
A Semana Luminosa – a semana que se segue à Páscoa.
A Semana da Trindade – a semana que se se segue ao Pentecostes e que termina no 
Domingo de Todos os Santos.
O Jejum Conjugal
Espera-se que os casais se abstenham de relações sexuais ao longo das quatro 
temporadas de jejum da Igreja, bem como nos jejuns semanais das quartas e das 
sextas-feiras. (Provavelmente, esse aspecto da regra do jejum é ainda mais 
amplamente ignorado, e mais difícil para muitos, do que aqueles referentes aos 
alimentos. Em consideração a isso, algumas fontes advogam uma regra mínima, mais 
modesta: os casais devem se abster de relações sexuais antes de receberem a 
Santa Comunhão e durante a Semana Santa.)
Preocupações com a Saúde
Durante as temporadas de jejum, evitar os alimentos proibidos não apresenta 
nenhum risco à saúde, na medida em que quantidades adequadas dos outros 
alimentos sejam consumidas. O consumo de cálcio e da quantidade adequada de 
calorias pode ser uma preocupação para crianças em fase de crescimento, mulheres 
grávidas e mães lactantes. Um suco de laranja fortificado com cálcio é uma 
maneira fácil de se garantir um abundante consumo de cálcio enquanto se evitam 
laticínios. Nozes e pastas de nozes são uma boa fonte de calorias para aqueles 
que necessitam manter o peso com uma dieta quaresmal.
Se você foi recém-apresentado ao jejum, você pode considerar aflitivo o assalto 
de pontadas de fome. Pontadas de fome não são prejudiciais; elas simplesmente 
fazem parte do jejum.
Os primeiros poucos dias de um longo período de jejum freqüentemente são os mais 
difíceis. Não se deixe desencorajar por dores de cabeça, fadiga etc. no começo 
de uma temporada de jejum – elas desaparecerão ou sua intensidade se reduzirá. 
Se você for atormentado pela letargia, experimente alguns exercícios moderados. 
Uma breve caminhada pode fazer uma surpreendente diferença na sua energia.
Na mercearia
Leia as listas de ingredientes de alimentos industrializados e embalados. 
Manteiga, laticínios sólidos, soro de leite, caldo de carne e toicinho são 
aditivos comuns.
Se você está confuso por não saber o que cozinhar durante o jejum, consulte 
qualquer um dos muitos livros de receitas vegetarianas agora disponíveis em 
livrarias ou na sua biblioteca pública. Vários bons “livros de receitas 
quaresmais” estão em catálogo.
As regras dadas aqui são, é claro, apenas uma parte – a parte mais externa – de 
um verdadeiro jejum, que incluirá orações adicionais e outras disciplinas 
espirituais, e pode incluir a resolução de pôr de lado outros aspectos da sua 
vida diária (tais como cafeína ou televisão), ou de se empenhar em práticas tais 
como visitar doentes.
Obviamente, muitos ortodoxos não guardam a regra tradicional. Se você adotá-la, 
cuidado com o orgulho. Não preste atenção ao jejum de mais ninguém; só do seu. 
Como diz um monge, nós precisamos “manter os nossos olhos nos nossos próprios 
pratos”.
Não substitua a regra que a Igreja nos deu pela noção de “decidir do que você 
vai se abster durante a Quaresma”. Em primeiro lugar, guarde a regra de jejum da 
Igreja; e depois decida a respeito de disciplinas adicionais, consultando seu 
padre.
Sempre se aconselha que jejuemos de acordo com nossas forças, e você pode 
descobrir com a experiência que você precisa modificar a regra de jejum para 
ajustá-la a suas próprias forças e situação. Mas não pressuponha antecipadamente 
que a regra é muito difícil para você. O Senhor é nossa força, e pode nos 
sustentar de modos maravilhosos e imprevistos. 
Aqueles que tentam guardar o jejum tradicional da Igreja descobrirão que, embora 
as tentações do orgulho e do legalismo sejam reais, os benefícios espirituais 
são grandes. Uma volta a um jejum mais diligente poderia desempenhar um grande 
papel na renovação espiritual de nossas igrejas ortodoxas.
Ditos Sobre o Jejum
Madre Gabriela, de bendita memória, passou muito tempo viajando a serviço do 
Cristo para lugares que a separavam da vida litúrgica diária da Igreja. 
Especialmente durante esses períodos, foi-lhe vantajoso o conselho de seu pai 
espiritual, o Arquimandrita Lázaro (Moore): ‘O jejum é uma de nossas maiores 
armas contra o Maligno. Eu vou repetir o que o Padre Lázaro me disse uma vez. Em 
1962, eu fui para os EUA. Ali fiquei por muito tempo e viajei por muitos 
Estados. As cartas do Padre Lázaro me foram de grande ajuda... Ele costumava 
dizer: “Vá aonde quiser e faça o que quiser, desde que você observe o Jejum”... 
Porque nem uma única flecha do Maligno pode atingi-lo quando você jejua. 
Jamais.’ 
-- A Asceta do Amor, biografia da Madre Gabriela publicada na Coleção Talanto, 
pág. 200.
São Serafim de Sarov sobre o Jejum: ‘Uma vez, veio ao encontro dele uma mãe que 
estava preocupada em como arranjar o melhor casamento possível para sua jovem 
filha. Quando ela se dirigiu a São Serafim em busca de conselho, ele lhe disse: 
“Antes de mais nada, assegure-se de que aquele a quem sua filha escolher para 
companheiro pela vida inteira guarda os jejuns. Se ele não os guarda, então ele 
não é um cristão, seja lá o que quer que ele pense de si próprio.”’
-- De um sermão do Metropolita Filareto, citado em A Escada da Ascensão Divina, 
publicado pelo Mosteiro da Santíssima Trindade, pág. xxxiii.