Stephen Kanitz Revolucione a sala de
aula "Na vida você terá de ser aprovado pelos
Na minha vida de estudante freqüentei vários tipos de sala
de aula. A grande maioria seguia o padrão usual de um monte de cadeiras
voltadas para um quadro-negro e uma mesa de professor bem imponente, em cima
de um tablado. As aulas eram centradas no professor, o "locus" arquitetônico da sala, e nunca no aluno.
Raramente abrimos a boca para emitir nossa opinião, e a maior parte dos
alunos ouve o resumo de algum livro, sem um décimo da emoção e dos argumentos
do autor original, obviamente com inúmeras honrosas exceções. Nossos alunos, na maioria, estão desmotivados, cheios das
aulas. É só lhes perguntar, de vez Não é por coincidência que somos uma nação facilmente
controlada por políticos mentirosos e intelectuais espertos. Nossos
arquitetos valorizam a autoridade, não o indivíduo. Nossas salas de aula
geram alunos intelectualmente passivos, e não líderes; puxa-sacos, e não colaboradores.
Elas incentivam a ouvir e obedecer, a decorar, e jamais a ser criativo. A primeira vez que percebi isso foi quando estudei
administração de empresas no exterior. A sala de aula, para minha surpresa,
era construída como anfiteatro, onde os alunos ficavam num plano acima do
professor, não abaixo. Eram construídas em forma de ferradura ou semicírculo,
de tal sorte que cada aluno conseguia olhar para os demais. O objetivo não
era a transmissão de conhecimento por parte do professor, esta é a função dos
livros, não das aulas. As aulas eram para exercitar nossa
capacidade de raciocínio, de convencer nossos colegas, de forma clara e
concisa, sem "encher lingüiça", indo direto ao ponto.
Aprendíamos a ser objetivos, a mostrar liderança, a resolver conflitos de
opinião, a chegar a um comum acordo e obter ação construtiva. Tínhamos de
convencer os outros da viabilidade de nossas soluções para os problemas
administrativos apresentados no dia anterior. No Brasil só se fica na teoria.
No Brasil, nem sequer olhamos no rosto de nossos colegas, e
quando alguém vira o pescoço para o lado é chamado à atenção. O importante no
Brasil é anotar as pérolas de sabedoria. Talvez seja por isso que tão poucos brasileiros escrevem e
expõem suas idéias. Todas as nossas reclamações são dirigidas ao governo –
leia-se professor – e nunca olhamos para o lado para trocar idéias e, quem
sabe, resolver os problemas sozinhos. Se você ainda é um aluno, faça uma pequena revolução na
próxima aula. Coloque as cadeiras Stephen Kanitz é administrador (www.kanitz.com.br) |