Ódio ao lucro e a pobreza nacional
----------------------------------
São inúmeros os teóricos a tentar responder uma simples
questão: Por que um país imenso, de subsolo rico, vastas
terras agricultáveis, sem conflitos internos (de ordem
étnica nem religiosa) nem externos, insujeito a intempéries
climáticas e enorme potencial energético não consegue se
libertar dos grilhões do atraso? Como podemos ocupar a
69ª posição no ranking do IDH, logo atrás da potência
que atende pelo nome de República Dominicana? Como podem
estar os hermanos argentinos 35 posições a frente de nós,
neste ranking da ONU?

De Sérgio Buarque de Holanda (com o homem cordial) a
Fernando Henrique Cardoso (com a teoria de centro e da
periferia), passando por Gilberto Freyre e Paulo Prado,
todos são unânimes: a causa do nosso vexame encontra-se
do lado de fora das fronteiras. São todos cúmplices do
pensamento comum verde e amarelo que culpa, entre outros,
a colonização de exploração, o imperialismo norte-americano,
as multinacionais, a dívida externa, o FMI etc. Assim
sendo, ficamos todos em paz para dormir à noite. A culpa
é dos outros. Somos vítimas da maldade além-mar. Pobres
brasileiros criados por Deus para ser explorados, hora
pela Europa, hora pela potência guerreira do norte.

É uma pena constatar que as idéias reconfortantes da
culpabilidade alheia não resistam ao menor questionamento
socrático, nem encontrem o menor paralelo com a realidade
histórica. Se somos pobres e atrasados porque fomos
colônia de exploração há 500 anos, como explicar a Alemanha
e o Japão - que há pouco mais de 50 anos foram "colônias
de destruição", durante a segunda guerra mundial - e hoje
somam o segundo e o terceiro PIB´s do planeta? Se a causa
do nosso infortúnio são os Estados Unidos com suas
multinacionais usurpadoras de riqueza, por que São Paulo -
estado onde mais este tipo de empresa está presente - é o
estado mais rico e não o mais pobre do Brasil? Por que não
são a Paraíba ou o Piauí - lugares onde estas vampiras
quase não fincam seus caninos sedentos - antros de
prosperidade e de pujança nacional? Se o problema é a
dívida externa ou o FMI, por que não passamos direto para
o primeiro mundo quando Sarney decretou a moratória? Por
que a Argentina - dona do maior calote internacional da
história - não se encontra agora ombro a ombro com a
Europa? Por que mesmo sem dever um centavo ao FMI, temos
que rezar todos os dias para que o Haiti permaneça em
guerra civil e assim o ocupemos a penúltima posição, e não
a rabeira, no ranking de crescimento do PIB em todo o
continente americano, do Alasca à Patagônia?

Culpar os outros, além de não resolver nossos problemas
nem fazer justiça histórica, só nos faz perder o foco.
Muito mais produtivo - apesar de doloroso - é enxergar o
óbvio: a origem nosso atraso está no lado de cá - e não no
de lá - das nossas fronteiras. Crescer exige três
pré-requisitos: educação; poupança interna e ambiente
propício ao investimento. Tanto aqui quanto na China. Não
temos nenhum dos três. E o motivo de tudo reside num
detalhe do primeiro pré-requisito.

Desde cedo, fomos educados a ter ódio ao lucro. Seja nos
bancos das escolas ou das igrejas, aprendemos que lucrar
é sinônimo de roubar, de enganar, de levar vantagem, de
ser "esperto". Lucrar no Brasil é, portanto, o oitavo
pecado capital. "É mais fácil um camelo passar no fundo
de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus". O
gene do ódio ao lucro está incrustado no DNA brasileiro.
Passa de pai para filho. A verdade é que odiamos todos
os tipos de lucro: o lucro dos bancos; das multinacionais;
das empresas de saúde; das empresas farmacêuticas; dos
estacionamentos dos shoppings; dos supermercados; da
quitanda da esquina... Pensando bem, a vida era mais
feliz quando não havia cartões de crédito, nem coca-cola,
nem unimeds ou antibióticos. Vida boa era a de comprar
roupa no centro da cidade e comida nas feiras livres.
Tão boa essa vida que recomendo fortemente a todos que
assim desejam viver, tornem isto realidade. Não alimentem
os lucros destes ladrões. Rasguem seus cheques, não
lanchem no McDonald´s, não utilizem remédios e deixem
seus carros em casa.

As pessoas que têm como função gerar lucros (empresários)
não poderiam ter por aqui melhor sorte: são vistas como
Ladrões, enganadores de consumidores desavisados e
trabalhadores indefesos.

Nossas mães nos querem médicos, advogados, dentistas,
Professores. Empresário, nunca. Na cabeça dos nossos
intelectuais, riqueza é algo que o mais forte ROUBA do
mais fraco e não algo que se PRODUZA. Para eles, entre
1 quilo de uvas de R$ 1,00 e uma garrafa de vinho que
custe R$ 100,00 não se produziram R$ 99,00 de riqueza.
De forma alguma. No ideário nativo, algum consumidor
otário perdeu R$ 99,00 ao comprar o rótulo; algum
trabalhador foi explorado e algum empresário "esperto"
ganhou R$ 99,00. Pobre país onde quem gera emprego,
investe e paga impostos é visto por este prisma.

Enquanto o gene do ódio ao lucro permanecer ativo e
determinando, de maneira mais ou menos inconsciente,
nossos atos, nunca haverá poupança interna, tampouco
ambiente propício ao investimento. De onde irão se
acumular recursos para aumentar a poupança interna, se
o lucro é execrável? De onde sairá o dinheiro para
ampliação de vagas de trabalho? De onde sai a verba
para pesquisa de novos componentes? De onde sai o
dinheiro necessário para aumentar a produção? O
brasileiro precisaria entender que o ódio ao lucro é
uma declaração de amor à pobreza. Nossa ira contra
as empresas lucrativas é nosso apego às empresas
falidas. Só posso entender que brasileiro gosta mesmo
é de empresa que demite. De empresa que não tem como
investir em pesquisas nem em aumento de produção. Essas
são as boas empresas nacionais. Não é por outro motivo
que amamos nossas estatais - empresas criadas para dar
empregos para os amigos, negócios para os padrinhos e
prejuízos para a nação. A estatal é a felicidade do
brasileiro. Quanto mais o Estado cuida de entregar
cartas, emitir talões de cheque e cavar poços de
petróleo, mais amaremos esta terra. Que se dane
educação, saúde, segurança e justiça. Aqui governo não
precisa se preocupar com isto. Se sobrar algum dinheiro
para investimentos, para que melhorar uma escola? Para
que um novo hospital? Para que outro fórum? Usemos este
dinheiro para uma nova agência dos correios, ou quem
sabe, outro posto de gasolina.

Com este ódio latente, toda nossa legislação foi
construída. Meticulosamente planejada para não permitir
o pecado em terras tupiniquins. Leis, decretos,
regulamentações em quanto maior número, melhor.
Carimbos, certidões negativas, cartórios, bombeiros,
autorizações, assinaturas. Qual a filosofia por trás de
toda essa burocracia, que não seja a de impedir e
inviabilizar o lucro? E se algum empresário-herói
consegue suplantar tudo isso e obter alguma margem de
vergonhoso lucro, logo serão produzidos mais impostos,
taxas, contribuições, vinculações e fundos. Assim sendo,
tudo volta ao status quo. Ninguém lucra, ninguém investe,
ninguém emprega e todos vivemos felizes no paraíso, cada
vez mais distantes do oitavo pecado capital e mais
próximos do Haiti.

Autor: Hilarius.


Comentário 1
------------
Caro Hilarius, trabalho com educação financeira e seu post
é certeiro. Tem-se casos que pessoas até que conseguem
algum sucesso e depois vem a sabotagem inconsciente e
quando ela se vê está em situação pior que a anterior.
Esse ódio desenfreado ao lucro, como se fosse algo
pecaminoso esta instrinseco no pensamento tupiniquim,
três barreiras iniciais são evidentes quando você
começa a ter sucesso, primeiro a família que na maioria
das vezes não estimula aquele que está a caminho de
propreridade, por exemplo, se você decidir toda quarta
participar de uma reunião onde o assunto é dinheiro,
clube de investimentos, empreendimentos enfim, aprender
sobre grana, provavelmente sua esposa seu filho, sua
mãe etc irão tirar um "sarro" na sua cara. Depois vem
as religiões de um modo geral, desejam que o indivíduo
se situe na condição de servo (exemplos, não são
necessários) e terceiro a mídia que nos influência
direta ou indiretamente com assuntos frívolos imbecis
ou violentos, ademais é uma opção manter-se afastado
e reduzir ao máximo sua influência sobre nossas mentes.
Essa aversão ao lucro é verdade, está encrustada em
nosso DNA e nas frases que aprendemos quando crianças.
Enfim, quem quer obter lucro, sempre será visto como
explorador, e então seremos um país de pobres, pois
onde não há riqueza, haverá pobreza, e não há como
pobreza multiplicar-se em riqueza, mas onde há riqueza,
mais riqueza aparecerá. "Vim para que tenham vida e
vida em abundância." João 10:10


Fonte: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=11431697&tid=2522926320123050042&kw=avers%C3%A3o+ao+lucro

    Source: geocities.com/br/ederjordam

               ( geocities.com/br)