Veja!
Trago-te rosas,
vermelhas, rubras como sangue.
Venho esperançosa
com estas flores
entregar-te
o que há de mais puro
no meu coração!
Queres rosas?
Amarelas, azuis, brancas?
Ou preferes silêncio?
Sou tão medrosa!
Mas, tenho que ser franca
trago-te flores
como quem vem tristonho
e cansado, deixando outros amores
trazer-te um pouco do meu sonho!
Rosas!
Gálica, moschata, damascena,
rosas índicas e centefolias,
perfumando este poema
que fala de antiga nostalgia!
São todas significativas
mensageiras que trazem
palavras de amor tão expressivas
de quem ama
para quem repudia!

Dizem as rosas silvestres:
A felicidade é efêmera!
E as que te trago, rubras,
rútilas como licor
que corre em tuas veias
que este amor é fogo que incendeia
é uma água-viva
que queima a carne e despedaça a alma!
É a violência da cor gritante
a cor que fala de emoções retidas
no peito de um amante!
Simbolismo de paixão
e de desejo!
Onde estão as rosas?!
Não as vês em meus braços,
mas estão comigo!
Veja, descobristes-as já:
estão despetalando-se todas
deste meu olhar!

...e de repente
veio a sensação estranha,
cortando o meu corpo.
As noites repetir-se-ão
sem estrelas
que caíram todas
do infinito, mergulhando
no abismo dos teus olhos.
O céu ficou vazio
e meu peito impregnado
de emoções revigorantes.
Nas minhas mãos o teu perfume,
na boca uma impressão suave!
Vejo o teu rosto recortar o espaço
através da chuva
que se esgarça ao longe.
Faço silêncio
e continuo ouvindo,
ficou no ar a sensação maior:
tua voz
tristemente dizendo:
- até logo!

Nem sempre o adeus é para sempre
e que angustiante saber
que às vezes uma simples despedida
encerra todo um final!
O até-breve, até-um-dia,
quem sabe quando,
não importa mais!
Eu apenas espero
que haja tempo para nós,
seja como for,
por amizade ou amor
um aperto de mão
um: - alô, com vai? -
A vida será sempre igual
nesta irreverência constante
e impressionante
de um sentimento
que não mudará jamais!

Renasceu a flor da ilusão!

Parecias criança,
tentando alcançar balas
que com mãos ariscas
escondiam de ti
para que mostrasses o teu entusiasmo!
Parecias criança,
mãos estendidas
através do tempo,
querendo arrancar flores
de outros planetas!
E eu as erguia cada vez mais alto
para que te esforçasses
em consegui-las!
Parecias criança,
pedindo:
- "Me dá!" -
e a voz meiga, ansiosa,
tecia arrepios
que passeavam pela minha pele!
Ah! parecias criança,
querendo encontrar
um lugar qualquer
para estacionar o carro,
uma luz,
sob a qual pudesses ler
a poesia
que eu escrevera!

E quando a li
que transformação fantástica
no brilho que gritou em teu olhar
ao grudar minha boca em tua boca,
sentindo-te não mais criança
no teu magnetismo
de exuberante mulher!
Faço versos...
é noite -
ruído de carro,
passando na rua -
meu pensamento te busca,
sabendo-te longe,
muito longe,
esquecida de mim -
entre tantos outros
amigos, quiça: alguém!
Não sei! Isso não importa...
o poeta sonha
e eu me iludo
com essa embriaguez utópica
de um amor que perdi
entre beijos
numa noite de chuva!

Essa música merece algo!
- eu disse e te beijei!
Entramos pela boca da noite,
atravessando estradas,
por onde nunca antes
havias passado.
Queria levar-te
para o meu mundo
o despertar em teus braços
numa nova emoção!
Havia uma porta
no horizonte,
abrindo-se para nós
e a chuva, lavando os caminhos,
para que no chão molhado
e na vidraça do tempo
só o teu rosto se refletisse!
Esqueci o passado
e o sorriso de outra face
que se desfez na amplidão.
Todas as expressões se apagaram,
quando recolhi do teu beijo
o arrepio do êxtase
que me trouxe de volta
do infinito de outro gozo,
onde eu havia me perdido!
Lembrei que havia dito
para alguém:
"- Vou procurar um novo amor
p'ra te esquecer!" -

Não procurei, já existias
entre guardados
de tempos não vividos,
esquecida na dor -
E ao te ver de novo
enredaste-me na tristeza
que embeleza teu rosto!
E por que és triste?
"- Porque sofri muito, e tu
tens as mãos de quem
nunca sofreu!" - disseste.
- É que guardo
o sofrimento comigo,
não o exteriorizo. - Respondi: -
As minhas mãos
só têm amor p'ra dar!
E é isso o que eu te ofereço,
um carinho
que não pede nada em troca
e aceita, a distância,
o silêncio, a solidão
e se quiseres
até mesmo deixo de te escrever
se isto pode te aborrecer!

Sexta-feira treze
e eu tinha medo
que algo mal acontecesse!
Entretanto...
chovia
e o carro deslizava, corria,
cortando caminhos
numa noite escura!
Parecia uma fuga
e eu te levava comigo,
querendo encontrar
sei onde -
um arco-íris
para chegarmos
ao mundo novo!
Eu te beijei
e chovia!
A chuva era linda
e a noite um sonho
toda feita de magia
de sexta-feira treze -
beijaste-me
e chovia
e a noite se tornou eterna!

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