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E serei livre!
Lavada de sonhos
pintalgada pelas luzes azuis dos vaga-lumes,
envolta em nebulosas:
rutilantes gotas dos orvalhos das manhãs!
Acabarei nua, -
numa longa gargalhada
de arrepio cortando a pele estremecida,
as mãos balançando gestos sem sentido,
a boca, esboçando articulações sem
[significado!
Dirão que fiquei louca
e tentarão cobrir minha vergonha
com a malícia dos tecidos!
Recitarão versículos bíblicos
e eu sem pudor
continuarei rindo,
porque não terei pecado
descoberta de tudo,
livre de tudo,
descentralizada
alguém sem os outros!
Sem nada no peito,
sem nada na Mente,
sem guerra no pensamento,
sem fogo no sangue,
sem sexo!
Nua! - Uma coisa indiscutível,
sem intenção, sem vontade
apenas estacionada
na verdade sem complexo!
Fugindo da vida -
essa desgraça que traz gastos
desde a conta da Maternidade!
Vive-se em dívidas!
Todos tem seu juro em cobrança!
Não adianta lubridiar a Cronometria,
na escapa do dia-após-dia,
passa a vez de ser criança,
chega a velhice,
o Tempo com a sua mão agiota
tudo arrepanha!
A Vida que se ganhou é um Esporte!
É uma barganha que a gente paga com a
[Morte!
Nunca serei livre!

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