Lamento do Oficial por seu Cavalo Morto 

Nós merecemos a morte, 
porque somos humanos 
e a guerra é feita pelas nossas mãos, 
pelo nossa cabeça embrulhada em séculos de sombra, 
por nosso sangue estranho e instável, pelas ordens 
que trazemos por dentro, e ficam sem explicação. 

Criamos o fogo, a velocidade, a nova alquimia, 
os cálculos do gesto, 
embora sabendo que somos irmãos. 
Temos até os átomos por cúmplices, e que pecados 
de ciência, pelo mar, pelas nuvens, nos astros! 
Que delírio sem Deus, nossa imaginação! 

E aqui morreste! Oh, tua morte é a minha, que, enganada, 
recebes. Não te queixas. Não pensas. Não sabes. Indigno, 
ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração. 
Animal encantado - melhor que nós todos! 
- que tinhas tu com este mundo 
dos homens? 

Aprendias a vida, plácida e pura, e entrelaçada 
em carne e sonho, que os teus olhos decifravam... 
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos de relinchos... 
Como vieste morrer por um que mata seus irmãos!

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