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João da Cruz e Sousa (1861-1898)
Poeta brasileiro. Um dos principais representantes do simbolismo no país.
De formação parnasiana, da qual nunca se
afastou totalmente, Cruz e Sousa aliou um grande poder verbal e imagístico à
musicalidade e às preocupações espirituais, características que o incluem entre
os maiores poetas simbolistas brasileiros.
João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis SC, em 24 de
novembro de 1861. Filho de escravos, foi criado pelos antigos senhores de seus
pais até 1870, quando seu protetor morreu. Terminados os estudos, dedicou-se ao
magistério e publicou alguns poemas em jornais da província. Empenhado na
campanha abolicionista, redigiu, durante vários anos, a Tribuna Popular.
Fixou-se no Rio de Janeiro RJ em 1890, aderindo ao simbolismo.
Em Broquéis (1893), livro que deu início concreto ao simbolismo no Brasil, o
poeta não realizou totalmente seu ideal estético devido aos laços com o
formalismo parnasiano. Na segunda fase, representada por Faróis (1900),
abandonou o esteticismo para cultivar um confissionismo revoltado. Somente na
fase final, fixada em Últimos sonetos (1905), realizou o ideal simbolista de
exploração do poder pleno da palavra.
Sua ânsia de infinito e verdade e seu agudo senso estético levam-no a uma poesia
original e profunda. Foi também um dos primeiros que se dedicaram na literatura
brasileira à prosa poética. O sociólogo Roger Bastide situou-o ao lado dos
grandes simbolistas franceses, salientando, porém, a diferença da expressão da
raça. Tendente à sublimação por um lado, como em "Siderações" ("Para as estrelas
de cristais gelados / as ânsias e os desejos vão subindo"), o poeta negro, por
outro, revela acentos sombrios de protesto, como em "Litania dos pobres" ("Ó
pobres, o vosso bando / é tremendo, é formidando! / Ele já marcha crescendo / o
vosso bando tremendo!").
Conhecido como o "poeta negro", Cruz e Sousa viveu seus últimos anos em
infortúnio e miséria e sua trajetória humana e poética foi marcada por densa
angústia. Morreu em Sítio MG, onde a tuberculose o fez recolher-se, à procura de
um melhor clima, em 19 de março de 1898.
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