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Florbela Espanca (1894-1930)
Poetisa portuguesa. Seus versos de aparência parnasiana expressam um erotismo e uma liberdade pioneiros na poesia de seu país.
Poetisa de um lirismo fortemente marcado por sua terra, Florbela Espanca pôs em versos de aparência parnasiana o
erotismo e a liberdade que expressou e assumiu pioneiramente, na obra como na vida.
Florbela de Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa, no Alto Alentejo, em 8 de dezembro de 1894. Como seu irmão Apeles, era filha
ilegítima e cresceu na charneca, espécie de caatinga alentejana. Em 1908 a família se mudou para Lisboa: quando publicou o Livro de mágoas
(1919), a poetisa já estava casada e cursando direito. Instável, casou-se mais duas vezes e, em correspondência de sentido ainda controverso
com o irmão, parece distingui-lo como sua paixão mais verdadeira. Apeles, que se tornara aviador, desesperou-se com a morte de uma namorada
e mergulhou em picada no Tejo.
Na poesia de Florbela Espanca, que se reafirma no Livro de sóror Saudade (1923) e sobretudo em Charneca em flor (1930), a efusão lírica é de
sensualidade luminosa e ousada para a época. Sonetista excelente, Florbela expressa suas emoções em linguagem telúrica, de imagens fortes,
impregnadas de verdade física e arrebatamento. Apresenta, como Sá-Carneiro, uma nostalgia da realeza e da pompa que é a um tempo pessoal e
coletiva, como se Portugal se exprimisse em sua voz. Florbela Espanca se matou em Matosinhos, em seu 36º aniversário, 8 de dezembro de 1930.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
OUTRA BIOGRAFIA E OBRA
Florbela de Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa ,Alentejo,Portugal, em 1894, filha de Antônia da Conceição
Lobo e de João Maria Espanca. João Maria era casado com Maria Toscano, mas, como deste casamento não houvesse filhos, o Espanca estabeleceu
uma relação com Antônia e dessa relação nasceram dois filhos: Florbela e Apeles.
Florbela cursa o secundários em Évora. Casa-se e seu casamento é malogrado. Infeliz, vai para Lisboa com a finalidade de cursar Direito.
Casa-se e novamente é infeliz, retirando-se da sociedade, mas continuando a compor. Recolhe-se em Matosinhos, agora estimulada pela
esperança de um relacionamento conjugal feliz.
Mas, por seus versos, notam-se sinais de exaustão, de desilusão e de um processo de depressão. Morre, na noite de 7 para 8 de dezembro de
1930, vítima, do efeito de barbitúricos, não se sabendo jamais se por suicídio ou por acidente, pela ingestão de dose excessiva. Considerada
como a figura feminina mais importante da Literatura Portuguesa, Florbela Espanca deixou poesias de uma sensibilidade exacerbada, repletas
de um erotismo confessional, que deixa transparecer tendências e sentimentos opostos, flagrados como se em um diário íntimo. Segue nas
pegadas dos grandes sonetistas da Língua Portuguesa, como Camões, Bocage, Antero, embora difira deles, em muitos pontos, principalmente por
ser mulher, e abordar apenas o Amor, não fala sobre o amor, mas do amor, de maneira espontânea, destravada, como seiva que brota pura dos
recônditos da imaginação, sem as coerções da moda ou das conveniências literárias, o que levou muitos críticos a falarem de sua obra como
repleta de "donjuanismo", pelo sensualismo que desconhece grilhões, desprovido de falsos moralismos, cálido, franco, superando hipocrisias e
convenções pequeno-burguesas.
Sensibilidade e imaginação são os pontos altos de seus momentos de criação, na melhor expressão literária, não permitindo, em momento algum,
que sua obra possa se reduzir a apenas uma confidência equívoca de sentimentos mantidos secretos pelo pudor feminino. Verdade da própria
experiência e fantasia unem-se para gerarem poesias de primeira grandeza como nenhuma outra representante do sexo feminino o fez, na
Literatura Portuguesa.
Também escreveu contos, mas de pouca expressão literária.
Sua poesia é muito mais significativa que seus contos.
OBRAS
POESIAS
Juvenília - título do livro publicado postumamente em 1931,
contendo suas primeiras composições;
Livro de Mágoas (1919)
Livro de Sóror Saudade (1923)
Reliquae (1931)
Charneca em Flor (1931)
CONTOS
As Máscaras do Destino (1931)
Dominó Negro (1931)
Outra Biografia
Oito de dezembro de 1894. Nasce em Vila Viçosa (Alentejo), na Rua do Angerino, Florbela d'Alma da Conceição Espanca, em casa de sua mãe, Antônica da Conceição Lobo. O pai, o republicano João Maria Espanca, que era casado com outra mulher, Mariana do Carmo Ingleza, curiosamente fará da esposa a madrinha de batismo da filha. Nos registros da Igreja Nossa Senhora da Conceição de vila Viçosa consta Florbela como "filha ilegítima de pai incógnito". O mesmo acontecendo com seu único irmão, Apeles, nascido em 10 de março de 1897. Em 1899 Florbela já freqüenta o curso primário. Data de 11 de novembro de 1903 o poema A vida e a morte – ao que tudo indica o primeiro de sua autoria. Ingressa, em 1908, no Liceu de Évora, onde permanecerá até 1912. No dia de seu aniversário no ano de 1913, Florbela casa-se, no Registro Civil de Vila Viçosa, com Alberto de Jesus Silva Moutinho que havia sido seu colega de classe desde o curso primário. Em abril de 1916, seleciona, dentre a sua produção poética, cerca de 30 peças produzidas a partir de maio de 1915, com as quais inaugura o projeto Trocando Olhares. Em outubro de 1916, desde setembro vivendo em Lisboa e financiada pelo pai, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonará em meados de 1920: dentre os 347 alunos inscritos, apenas 14 são mulheres. Em junho de 1919 faz publicar o Livro de Mágoas, com as dedicatórias: "A meu pai. Ao meu melhor amigo." e "À querida Alma irmã da minha. Ao meu irmão." Logo depois começa a trabalhar em novo projeto Livro de Soror Saudade, publicado em 1923. No dia 30 de abril de 1921 é assinado o divórcio de Florbela e Moutinho. Dois meses depois se casa com o alferes de artilharia da Guarda Republicana, Antônio José Marques Guimarães. Em 1925 divorcia-se de Antônio Guimarães. Ainda em 1925, em Matosinhos, Florbela casa-se com Mário Pereira Lage, médico. Em 1930, com poemas e contos, inicia a colaboração na recém-fundada revista Portugal Feminino, na Civilização e no Primeiro de Janeiro. Em seu Diário do Último Ano, Florbela expressa o estado de solidão em que se vê mergulhada: "O olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano... Num grande esforço de compreensão, debruço-me, mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão... Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar!...E não há de ser por acaso que Florbela se faz acompanhar de tal imagem durante esse derradeiro percurso: não é o cão mitológico o guardião da morte?
Em 2 de dezembro de 1930, encerra-se o seu Diário com a seguinte frase: "e não haver gestos novos nem palavras novas!" Cinco dias depois, no dia de seu aniversário, Florbela d'Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo uma dose excessiva de Veronal.
Biografia tirada da "Coleção a Obra-prima de cada autor", Sonetos - Florbela Espanca (texto integral), Martin Claret editora.