GILKA MACHADO  1893 - 1980

BIOGRAFIA POESIAS

Gilka da Costa de Melo Machado

(Rio de Janeiro RJ 1893 - idem 1980)

Publicou seu primeiro livro de poesia, Cristais Partidos, em 1915. Na época, já era casada com o poeta Rodolfo de Melo Machado. No ano seguinte, ocorreu a publicação de sua conferência A Revelação dos Perfumes, no Rio de Janeiro. Em 1917 saiu Estados de Alma; seguiram-se Poesias, 1915/1917 (1918); Mulher Nua (1922), O Grande Amor (1928), Meu Glorioso Pecado (1928), Carne e Alma (1931). Em 1932 foi publicada em Cochabamba, na Bolívia, a antologia Sonetos y Poemas de Gilka Machado, prefaciada por Antonio Capdeville. Em 1933, Gilka foi eleita "a maior poetisa do Brasil", por concurso da revista O Malho, do Rio de Janeiro. Foram lançadas, nas décadas seguintes, suas obras poéticas Sublimação (1938), Meu Rosto (1947), Velha Poesia (1968). Suas Poesias Completas foram editadas em 1978, com reedição em 1991. Poeta simbolista, Gilka Machado produziu versos considerados escandalosos no começo do século XX, por seu marcante erotismo. Para o crítico Péricles Eugênio da Silva Ramos, ela “foi a maior figura feminina de nosso Simbolismo, em cuja ortodoxia se encaixa com seus dois livros capitais, Cristais Partidos e Estados de Alma”.

NASCIMENTO/MORTE

1893 - Rio de Janeiro RJ - 12 de março

1980 - Rio de Janeiro RJ - 11 de dezembro

LOCAIS DE VIDA/VIAGENS

1893/1980 - Rio de Janeiro RJ

1933 - Argentina - Viagem

1941 - Estados Unidos - Viagem

1948 - Europa - Viagem

VIDA FAMILIAR

Filiação: Hortêncio da Gama Sousa Melo, poeta, e Theresa Christina Moniz da Costa, atriz de rádio e teatro, descendente de Francisco Moniz Barreto, poeta repentista, e Francisco Pereira da Costa, violinista

1910 - Rio de Janeiro RJ - Casamento com o poeta Rodolfo de Melo Machado. Filhos: Hélio e Eros

1923 - Rio de Janeiro RJ - Morte do marido

1976 - Morte do filho Hélio

CONTATOS/INFLUÊNCIAS

Convivência com Andrade Muricy e Tasso da Silveira

ATIVIDADES LITERÁRIAS/CULTURAIS

1916 - Rio de Janeiro RJ - Publicação da conferência A Revelação dos Perfumes (Ed. J. Ribeiro dos Santos)

1918/1923 - Rio de Janeiro RJ - Colaboradora da Revista Souza Cruz

1932 - Cochabamba (Bolívia) - Publicação da antologia Sonetos y Poemas de Gilka Machado, prefaciada por Antonio Capdeville, versão para o espanhol de Reynolds (Ed. Lopez)

OUTRAS ATIVIDADES

1925c. - Rio de Janeiro RJ - Dona de pensão

HOMENAGENS/TÍTULOS/PRÊMIOS

1933 - Rio de Janeiro RJ - Eleita "a maior poetisa do Brasil", por concurso da revista O Malho

1979 - Rio de Janeiro RJ - Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras

1979 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem à mulher brasileira na pessoa de Gilka Machado, transcrita nos Anais da Assembléia Legislativa

HOMENAGENS PÓSTUMAS

1993 - Natal RN - Homenagem no V Seminário Nacional Mulher x Literatura, organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Conferência de abertura Gilka Machado: Mulher e Poesia, por Nádia Battella Gotlib; painel Gilka Machado e as Escritoras de seu Tempo

MOVIMENTOS LITERÁRIOS

1893/1922 - Simbolismo

LEITURAS CRÍTICAS

"A forma ousada dos seus versos, de um ritmo livre e bastante pessoal, harmoniza-se com a liberdade de inspiração, onde predomina um forte sensualismo, tão forte que Humberto de Campos notava-lhe nos poemas verdadeiras 'tempestades de carne'... Seus livros provocavam, simultaneamente, admiração e escândalo, já que a poetisa confessava sentir pêlos no vento', desejava penetrar o amado 'pelo olfato, assim como as espiras/invisíveis do aroma...' e declarava, sem rebuços: 'Eu sinto que nasci para o pecado'."

Góes, Fernando [1960]. Gilka da Costa Melo Machado. In: ___. Panorama da poesia brasileira: o pré-modernismo. v.5, p.165.

"(...) Gilka Machado foi a maior figura feminina de nosso Simbolismo, em cuja ortodoxia se encaixa com seus dois livros capitais, Cristais Partidos e Estados de Alma. Nem sua ousadia tinha impureza, mas punha à mostra a riqueza de seus sentidos, especialmente de um pouco explorado em poesia, o tato. Sua sensibilidade é requintada, algo excêntrica, mas profundamente feminina."

Ramos, Péricles Eugênio da Silva [1965]. Gilka Machado. In: ___. Poesia simbolista: antologia. p.209.

"Se é intensiva a experiência de Gilka Machado, como poetisa e mulher reivindicadora, há outras barreiras a vencer entre a militância poética e a militância doméstica. Havia uma distância, na sua época, entre o campo da sacralidade da arte e certos aspectos da vida rotineira, que o simbolismo intensifica, o modernismo desenvolve e autoras mais contemporâneas, como Adélia Prado, consumam. Gilka Machado, a viúva do poeta Rodolfo Machado, a mulher dona de pensão que cozinhava para tantos poetas de sua época, como Tasso da Silveira e Andrade Muricy, por exemplo, enquanto fazia poesia, esta ainda habita os porões do cenário poético. Já fizera emergir dos porões, no entanto, um dos 'monstros' proibidos: o modo de representação da ansiedade erótica que delineia um projeto novo ou um novo jeito de querer ser mais mulher; e que justifica, penso eu, o considerar a poesia de Gilka Machado como precursora na luta pelos direitos de acesso à representação do prazer erótico na poesia feminina brasileira."

Gotlib, Nádia Battella [1982]. Com dona Gilka Machado, Eros pede a palavra: poesia erótica feminina brasileira nos inícios do século XX. Polímica: Revista de Crítica e Criação. p.46-47.

Gilka Machado

Ana Lúcia Sonhei em ser útil à humanidade. Não consegui, mas fiz versos. Estou convicta de que a poesia é tão indispensável à existência como a água, o ar, a luz, a crença, o pão e o amor". Essas palavras ecoaram pelo Rio de Janeiro, na segunda metade do século XX. Foram proferidas pela poetisa Gilka Machado, no crepúsculo de sua vida, toda dedicada à poesia. Patrona da cadeira nº 22 da AFCLAS, ocupada pela acadêmica Lydia J. de Azeredo Borges. Figura polêmica, carismática e, sobretudo, batalhadora, Gilka da Costa de Melo Machado nasceu a 12 de março de 1893, no Rio de Janeiro. Educada entre artistas, começou a fazer versos na infância, influenciada pelo poeta Hermes Fontes. Cultivou o verso livre, com estilo fortemente sensual, lançando a semente renovadora em nossa poesia. A ousadia de sua lira amorosa teve o efeito de um verdadeiro cautério, de um estímulo poderoso e salutar que, não raro, se voltou contra ela própria. Sua primeira coletânea, "Cristais Partidos", caracteriza-se por uma preocupação em ver o lado espiritual da vida. Os livros seguintes, "Estado d'Alma", "Mulher Nua" e "Meu Glorioso Pecado" são mais liberários, manifestando seu desejo de "viver somente sujeito às leis da natureza e aos caprichos do amor". Sua obra "sublimação" difere das anteriores, pela serenidade de tom, incluindo poemas de conteúdo social. Viúva aos 30 anos, lutou, arduamente, para sobreviver e educar os filhos, sem atender às soluções que repugnavam o seu pudor. Em 1965, ano do cinqüentenário de sua estréia, inseriu na antologia "Velha Poesia", grande número de inéditos que falavam de seus desenganos e na proximidade da morte. Faleceu em 12 de março de 1980.

FONTES DE PESQUISA

GÓES, Fernando. Gilka da Costa Melo Machado. In: ___. Panorama da poesia brasileira: o pré-modernismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1960. v.5, p.165-167.

GOTLIB, Nádia Battella. Com dona Gilka Machado, Eros pede a palavra: poesia erótica feminina brasileira nos inícios do século XX. Polímica: Revista de Crítica e Criação, São Paulo, n.4, p.46-47, 1982.

MURICY, Andrade. Gilka Machado. In: ___. Panorama do movimento simbolista brasileiro. 2.ed. Brasília: INL, 1973. v.2, p.1039-1053. (Literatura brasileira, 12).

RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Gilka Machado. In: ___. Poesia simbolista: antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965. p.209-215.

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