Felina

Minha animada boa de veludo,
minha serpente de frouxel, estranha,
com que interesse as volições te estudo!
Com que amor minha vista te acompanha!

Tens muito de mulher, nesse teu mundo,
lírico ideal que a vida te emaranha,
pois meu ser interior vejo desnudo
se te investigo a mansuetude e a sanha

Expões, a um tempo langoroso e arisca,
sutilezas à mão que te acarinha,
garras à mão que a te magoar se arrisca

Guardas, ó tato corporificado!
A alta ternura e a cólera daninha do
meu amor que exige ser amado!

VOLTAR