Biografia | Poesias |
Junqueira Freire
(1832-1855)
DADOS BIOGRÁFICOS
Luís José Junqueira Freire nasceu em Salvador em 1832 e faleceu no mesmo local
em 1855. Tendo estudado Humanidades no Liceu Provincial de Salvador, ingressou
na ordem beneditina, mais para fugir dos conflitos familiares do que por
vocação. Lá permaneceu por pouco tempo, abandonando a vida sacerdotal em 1854
por necessidade de fuga dos constantes momentos de desespero por que passou
dentro de sua vida sacerdotal, causados por sua falta de fé e vocação e sua
desilusão em relação à vida monástica, o que foi presenciado no seu livro
"Inspirações do Claustro", publicado na Bahia em
1865. De volta a casa da mãe, vem a morrer um ano depois, vítima de problemas
cardíacos que o molestavam desde a infância.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
As dramáticas e desesperadas experiências que Junqueira Freire passou dentro do
sacerdócio, e dentro do convívio familiar, irão refletir-se em toda a sua obra
poética, fortemente autobiográfica. Nela se pode constatar a notória crise de
morais e conceitos com que a igreja convivia no século XIX, refletida nos seus
versos, onde é marcante todo o seu conflito entre a vida religiosa e a revolta
com os fatos que presenciou dentro dela. Sua falta de vocação e seu desejo
ardente pelos prazeres do mundo também são expressos com um forte lirismo e ao
mesmo tempo com um constante pessimismo e tristeza. O amor, contrastando com a
sexualidade reprimida, a consciência do pecado e o sentimento de culpa, levam-no
várias vezes a desejar ardorosamente a cura e o alívio da morte, dando-lhe a
afinidade de uma amiga portadora da paz eterna – como se vê em um dos seus
poemas mais conhecidos: Morte.
Embora pertencente ao Romantismo, Junqueira Freire teve, no entanto, uma ligação
ainda muito forte com o estilo neoclássico, o que tornou suas poesias carentes
de uma fluência mais romântica, ou seja, mais melodiosa, com versos mais livres.
Seu estilo mais preso, de caráter mais rígido, não lhe permite expressar todos
os seu sentimentos de forma mais solta e intensa.
Sua única obra de poesias, as "Inspirações do Claustro (1855), tem grande valor de testemunho das experiências interiores passadas pelo autor em sua breve vida: o desgosto na casa dos pais as ilusões sobre a vocação monástica as dúvidas e desesperos nos dois anos em que permaneceu na Ordem.
A obra de Junqueira Freire mereceu um
louvor, mas também uma crítica, por parte de Machado de Assis: foi louvada pela
forma sincera como retratou todo o drama de um indivíduo preso a uma falsa
vocação; crítica ao modo dessa poesia, que caiu no genérico e prosaico, ficando
abaixo da síntese conteúdo-forma. Uma prova de sua dificuldade em conciliar
intenções e forma é "À Profissão de Frei João das Mercês Ramos", onde expõe o
fracasso de sua vocação. Porém, sua obra também apresentou alguns momentos
felizes, nos quais lhe foi benéfica a aproximação com fontes populares e outros,
nos quais sua concepção anacrônica do verso se ajustou a uma poesia mais
racional (de pensamento) que de sensibilidade.
OBRA
Poesia
Inspirações de claustro (1855).