DE RUA EM RUA

Ru-
as.

As
ru-
gas dos
dogues
dos
anos

sona-
dos.
Nos cavalos de ferro
das janelas das casas que correm
saltaram os primeiros cubos.
Cisnes de pescoços-campanários,

torcei-vos nos fios do telégrafo!
No céu se grava o guache das girafas,
desaviva a ferrugem dos penachos.
Brilhante como truta
o filho
da leiva sem lavra.

O mágico
puxa
da goela do bonde os trilhos,
oculto pelo mostrador da torre.
Estamos ganhos.
Banhos.

Duchas.
Elevador.
A dor leva o corpete da alma.
Ao corpo queimam os dedos.
Grites ou não grites
"eu não queria!"-

ao corte
queimam
os medos.
O vento farpado
arranca
da chaminé

um farrapo de lã esfumaçada.
O lampião calvo
despe voluptuosamente
da rua
uma meia preta.

(Tradução de Augusto de Campos e Boris Schnaiderman)

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