BIOGRAFIA | POESIAS |
Vinícius de Morais
(1913-1980)
Poeta brasileiro. Contribuiu com seus versos para dar um sentido elevado e criativo à música popular brasileira.
A obra poética de Vinícius de Morais é dividida habitualmente em duas fases: uma de sentido místico e lírico, e outra mais sensual e de linguagem mais simples, que ele mostra também nas composições populares. Seu domínio da linguagem culta foi decisivo para conferir qualidade literária à música popular brasileira, enriquecida com suas letras.
Vinícius de Morais nasceu no Rio de Janeiro RJ em 19 de outubro de 1913. Devido a uma brincadeira de Manuel Bandeira, num de seus poemas de circunstância, muitos acreditam que seu nome completo fosse Marcus Vinícius da Cruz de Melo Morais, o que não é verdade. Formou-se em direito em 1933, ano em que lançou seu primeiro livro de poemas. Nessa época já era amigo dos poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em 1938 foi para Oxford, na Inglaterra, com uma bolsa de estudos em língua e literatura inglesas. De volta ao Brasil, trabalhou em jornais como crítico de cinema até 1943, quando ingressou na carreira diplomática, da qual foi afastado pelo governo militar em 1968. Serviu em Los Angeles, Paris e Montevidéu.
Obra poética - A carreira literária de Vinícius de Morais começou com o livro de poemas O caminho para a distância (1933) que, como Forma e exegese (1935) e Ariana, a mulher (1936), revela as preocupações místicas e transcendentais do autor, de estilo poético ainda indefinido. O quarto livro, Novos poemas (1938), também se inclui nessa primeira fase.
Dois livros -- Cinco elegias (1943) e Poemas, sonetos e baladas (1946) -- marcam a transição para uma nova fase, mais voltada para a participação política e social, além da sensualidade. São desse período a Antologia poética (1955), o Livro dos sonetos (1957) e Novos poemas II (1959), que traz o poema "Receita de mulher". Na década de 1960 publicou mais três livros: Procura-se uma rosa, Para viver um grande amor (ambos de 1962) e Para uma menina com uma flor (1966), de crônicas. A arca de Noé (1970) é um livro de poesia para crianças.
Um dos grandes representantes do lirismo amoroso dos tempos atuais, Vinícius conseguiu, como poucos, exprimir com realismo característico a relação de amor entre o homem e a mulher. Após a primeira fase, mais mística e de individualismo nostálgico, assumiu por completo o papel de poeta do amor, da matéria, do mundo e da mulher, em versos altamente musicais. Especialmente apreciados, os sonetos de Vinícius surpreendem pela capacidade de atualizar a lírica de Camões. O "Soneto da fidelidade", de Poemas, sonetos e baladas, figura entre os melhores momentos do autor nessa forma. A preocupação política e social se revela em poemas como "Operário em construção", de Novos poemas II.
Música popular - O interesse de Vinícius pela música data de 1927, quando começou a compor com Paulo e Haroldo Tapajós, mas só se firmou a partir da década de 1950. Em 1956 Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim) musicou sua peça Orfeu da Conceição, premiada no concurso de teatro do IV Centenário de São Paulo. Montada no mesmo ano no Rio de Janeiro, a peça ajudou a popularizar composições de Tom e Vinícius, como Se todos fossem iguais a você. A versão cinematográfica Orphée noir (Orfeu do carnaval), de Marcel Camus, ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1959 e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Cada vez mais voltado para a música, escreveu letras para músicas inéditas de Tom Jobim, como Lamento do morro e Mulher, sempre mulher, gravadas em 1956. Dois anos depois, o disco Canção do amor demais, de Elisete Cardoso, com canções de Tom e Vinícius, marcou o início da bossa nova. Em 1961, no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro, estreou sua peça Procura-se uma rosa. No mesmo ano, Vinícius conheceu Carlos Lira, seu parceiro em Minha namorada (1964) e outras canções. A parceria com o violonista Baden Powell, a partir de 1962, rendeu mais de cinqüenta músicas, entre elas sucessos como Berimbau e Samba em prelúdio. Com Pixinguinha, Vinícius fez a música do filme Sol sobre a lama (1962), de Alex Viany, e com Francis Hime compôs, entre outras canções, Sem mais adeus (1963).
O maior sucesso de Vinícius foi Garota de Ipanema (1963), em parceria com Tom Jobim. Em 1965, Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius, venceu o I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior. Edu seria seu parceiro em outro sucesso, Canção do amanhecer. Seu último parceiro, a partir de 1970, foi o violonista Toquinho (Antônio Pecci Filho), com quem compôs Morena flor, Tarde em Itapuã, Essa menina etc. Vinícius também fez música para poemas seus, como Serenata do adeus e Medo de amar. Vinícius de Morais morreu no Rio de Janeiro, em 9 de julho de 1980.
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