Soneto da Rosa 

Mais um ano na estrada percorrida 
Vem, como astro matinal, que a adora 
Molhar de puras lágrimas de aurora 
A morna rosa escura e apetecida. 

E da fragrante tepidez sonora 
No recesso, como ávida ferida 
Guardar o plasma múltiplo da vida 
Que a faz materna e plácida, e agora 

Rosa geral de sonho e plenitude 
Transforma em novas rosas de beleza 
Em novas rosas de carnal virtude. 

Para que o sonho viva de certeza 
Para que o tempo da paixão não mude 
Para que se una o verbo à natureza. 

Vinicius de Moraes

VOLTAR