CARAMBOLA
AVS / 46
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     — é o tempo de amar
        — é o tempo de tocar
      — é o tempo a passar
    — é o tempo a sorrir
  — é o tempo a secar
— foi-se o tempo
Hora Certa:       estes dois olhos vidrados em tua riqueza sem moedas estão semi-abertos ridentes se vistos por um lado e mais endurecidos por outro nesta face oleosa e sem um níquel dentro estes lábios gélidos com carinho por ti muito ainda calam — é o tempo de amar    *     ecoam os estalos do chamegar da tua língua nestas orelhas por hora adornantes e quase todo o dorso arrepia-se do teu nostálgico bafo de nariz neste pescoço meio rígido do frio persistente neste peito que por tua falta resigna-se sem abraços — é o tempo de tocar    * *     ficam cruzadas nas juntas dos dedos estas mãos úmidas e nervosas de esperas sem esperanças os nervos todos de aço agora se levitam como máquina emperrada e só crescem unhas e cabelos-pêlos como seres autóctones deste corpo impedido — é o tempo a passar    * * *     dentro da aquarela de inúmeras cores viscerais o fel biliar e as fezes se coram laca e o pulmão sempre a extrair de cores invisíveis as cores aqui se auto-enche de gáses aninhando cérberos vermes espinhentos vertebrando a médula por um lugar a sair — é o tempo a sorrir    * * * *     e segue alimentando aquela fornalha a hora do refluir quando menos se espera susto da boca cheia do mais belo arroto devasso do esfincter nesta solitária indescrição aqueles testículos uterinos nunca mais reproduzirão um só pingo nessa portaria — é o tempo a secar    * * * * *     solta essa vida vaga como se andasse sem sentido quando dela se esfera o limbo no momento estanque vai e evita o baque do arranque que entorpe muito tudo limpo e aos poucos... aos poucos... antecipa-se o instante de ir — foi-se o tempo