Professor Éder de Haro Petrechen
I – Estar ai, viver e
existir:
Todas
as coisas, naturais ou artificiais, contam com uma presença material, “estão
ai”; mas, dentre elas, algumas “vivem”, são animadas; porém, somente o
homem “existe”.
Existir
é relacionar-se com o mundo, com os outros, com Deus e consigo mesmo; é dar
sentido à natureza, saber que vive, pensar na vida e nas coisas que estão ai
ou vivem. Os modos
padronizados do relacionamento do homem, eleitos pôr ele mesmo, formam a
cultura, que vai se modificando através dos tempos. Tais diferentes maneiras de
vivência humana, no decorrer dos tempos, é a História.
Temos então que: existir é ter cultura
e modificá-la, gerando assim a história.
II
– Áreas de atividades do homem:
Os diversos relacionamentos do homem podem ser agrupados em áreas, que
reúnem as atividades afins que o ser humano possa ter.
A existência se processa em três grandes áreas: sensível, inteligível
e transcendente. Sendo certo que, todo o fazer humano dar-se-á, sempre, em uma
ou várias dessas áreas.
Na verdade, é muito difícil precisar, em alguns momentos, a que área
pertence tal fato ou acontecimento, pois estes, normalmente estão interligados
em várias áreas; não obstante as bases das áreas sejam bem definidas.
1- Área
do Sensível:
Sensível é tudo aquilo que o homem pode captar pelos sentidos.
Nesta área as atividades humanas centram-se na experiência; incluem-se
aqui todo fazer que dependa, intrínseca
e necessariamente, dos sentidos.
É o fazer e pensar o concreto, o palpável.
Este é o mundo das coisas que estão na experiência, no empírico, a
posteriori; trata-se de tudo que empreendemos com a ajuda dos sentidos. Por
exemplo: dirigir veículo, carpir, fazer um bolo, passear, pensar na lida diária,
cuidar dos filhos, os trabalhos manuais.
Concluímos que o sensível é a parte do real que tem como base os
sentidos, e só por meio deles é que realizamos nossas tarefas.
2 – Área do Inteligível:
Inteligível é tudo aquilo que só pode ser concebido por meio do
pensamento.
Esta é a área em que o homem, deixa de lado os sentidos, a fé, e lança-se
em sua mente, em seus raciocínios e fantasias. Aqui as atividades humanas não
são práticas, mas teóricas; é o mundo a priori; é o trabalho com as abstrações,
com a imaginação.
Temos, assim, só o homem e seus pensamentos. Por exemplo: todo o fazer
matemático, a reflexão sobre a vida, drácula, fadas, ficções, utopias,
valores da vida.
Concluindo: o inteligível é a parte do real à qual só chegamos por
meio do nosso pensamento; é um mergulhar na mente.
3 – Área do Transcendente:
Transcender significa estar além de todos os limites da experiência
humana, estar fora do sensível e do inteligível.
Trata-se das atividades humanas que dependem, não dos sentidos nem do
raciocínio, exclusivamente da fé. É o acreditar em algo superior, Deus, e
entrar em contato com Ele. Temos aqui o fazer religioso e místico do homem.
Seria inatingível, por estar fora de todos os limites do natural, se não
houvesse uma Revelação, se esse transcendente não se mostrasse a nós.
Nesta área temos o acreditar coerentemente, racionalizando uma revelação;
mas também temos as superstições e crendices, que não passam de fantasias,
criadas pelos próprios homens, e que erroneamente passam a ter existência própria,
por nossa causa.
Concluindo diríamos que o transcendente é o conjunto de tudo que é
tido como o sobrenatural.