SÓDIO: O Nutriente Esquecido

Sumário

            Comumente, a sudorese muito intensa leva a perdas excessivas de Sódio. O Sódio perdido resulta em uma reidratação incompleta e predispõe o atleta a câimbras nos exercícios subseqüentes. Além disso, a reidratação com fluidos sem Sódio, como a água, provoca em alguns atletas a hiponatremia (teor sangüíneo baixo em Sódio). Desta forma, toda vez que houver uma sudorese excessiva ou a transpiração, esta previsto que a ingestão adequada de fluidos e um aumento na ingestão de sal ajudam a prevenir os problemas relacionados a uma deficiência de Sódio induzida pela sudorese e uma reidratação incompleta ou imprópria.

Introdução
   
         Alguns atletas conhecem muito bem o seguinte cenário: o tempo está quente e úmido, o jogo ou a corrida ainda vai continuar por algum tempo. Os atletas estão dando tudo de si, estão cansados, mas sentem que a vitória está nas mãos. A sudorese intensa lembra aos atletas que devem ingerir muito fluido em cada oportunidade - e eles o fazem. De repente acontece o problema. O que começou como uma manifestação muito sutil, agora se manifesta por uma violenta contração nas pernas, que estão completamente debilitadas e envolvidas em uma violenta câimbra. O atleta aflito percebe que não pode continuar na competição e acaba sob os cuidados do corpo médico. O que aconteceu? E por que só com ele e não com os outros atletas?
            A maioria dos atletas sabe da importância de beber grandes quantidades de fluidos e os benefícios da boa hidratação. Também estão a par de considerável número de pesquisas que comprovam que uma hidratação inadequada durante a prática de atividades físicas e esportivas ocasiona uma diminuição do desempenho e aumenta o risco de distúrbios fisiológicos (González-Alonso et al., 1997; Hargreaves & Febbraio, 1998; Sawka, 1992; Sawka et al.,1998). Além disso, muitas associações publicaram informativos com uma linguagem simples, enfatizando a importância da hidratação durante as atividades ( Americam Academy of Pediatrics, 2000; Americam College of Sports Medicine, 1996; National Athletic Trainers Association, 2000). No entanto, para muitos atletas, a ingestão regular de grandes quantidades de água não é suficiente, em parte porque a sudorese excessiva leva a uma deficiência de Sódio assim como de água. Dessa maneira, uma ingestão adequada de Sódio e Cloreto (sal de cozinha) deve fazer parte do processo de reidratação. A importância de ingerir fluidos, carboidratos e sal durante os exercícios prolongados é bastante conhecida, porém também é subestimada. Neste artigo será enfatizada a importância da reidratação após uma competição ou um treino, especialmente quando o ambiente for quente, sendo particularmente destacada a sua importância para aqueles atletas que transpiram muito, perdem quantidade muito grande de Sódio através da sudorese e são susceptíveis a câimbras musculares e outras manifestações desagradáveis, e àqueles que estão se iniciando na prática de esportes.

Revisão da Literatura
  (Sudorese e Reidratação)
            Muitos atletas quando praticam exercícios em ambientes quentes chegam a perder de 1 a 2,5 litros de suor por hora de competição ou treinamento intenso. Algumas vezes observa-se uma sudorese superior a 3,5 litros por hora em atletas de nível internacional e bem condicionados, quando as competições são realizadas em um ambiente quente e úmido (Armstrong et al., 1986). Podemos até mesmo admitir que não é difícil ocorrer perdas de até 10 litros ou mais em uma corrida, jogo ou mesmo em uma sessão de treinamento. A quantidade de suor produzida depende de diversos fatores, com o estresse ambiental (temperatura, umidade e radiação solar), a intensidade do exercício, o estágio de aclimatação ao calor e o preparo cardiorrespiratório. Alterações em qualquer um desses fatores tende a aumentar a produção de suor.
            O principal componente do suor é a água, porém ele contém também minerais em diversas concentrações ( Costill, 1977). Quando o suor é eliminado, diversos fatores interferem na sua composição, porém, entre os eletrólitos, os que sofrem maiores modificações são o Sódio e o Cloreto, cuja concentração é mais elevada. Os atletas bem condicionados, que sofreram um processo adequado de aclimatação ao calor, normalmente apresentam uma concentração de Sódio no suor que vária de 5 a 30 milimoles por litro (115 a 690 miligramas de Sódio por litro de suor) (Wenger, 1988). Por outro lado, atletas que não se aclimataram ao calor apresentam uma concentração maior de Sódio no suor (40 a 100 milimoles ou 920 a 2300 miligramas por litro). Entretanto, alguns atletas apresentam, em condições normais, uma concentração relativamente alta de Sódio no suor, independentemente do processo de aclimatação ou preparação física, fato este que sugere um forte componente genético. A concentração de Sódio e Cloreto no suor também é dependente da quantidade em que este é produzida (Wenger, 1988). Quando a quantidade de suor aumenta, a concentração desses minerais também aumenta. É sempre necessário salientar que a produção muito grande de suor que ocorre com atletas, leva facilmente a uma deficiência de Sódio, mais particularmente quando o atleta ingere uma alimentação com baixo teor de sal (<2500 miligramas de Sódio por dia). Como exemplo, podemos citar que é comum um atleta perder de 2500 a 5000 miligramas de Sódio por hora quando ele apresenta uma sudorese intensa (2,5 litros por hora). Durante uma competição ou sessão de treinamento prolongada, essa perda pode representar uma diminuição de 15% a 30% no total de Sódio permutável do organismo, ou seja, do Sódio disponível para o metabolismo e balanço dos fluidos.
            Lamentavelmente é muito difícil (algumas vezes impossível) manter o balanço hídrico durante uma competição ou mesmo sessão de treinamento. Conseqüentemente, a hidratação pós-exercício representa um desafio para o atleta, principalmente quando ocorrem sucessivas competições, com acontece em torneios de tênis. A reidratação após os exercícios transforma-se num fator decisivo. Para reidratar-se plenamente o atleta deve ingerir mais fluidos que o preconizado ( cerca de 150% a mais), pois só desta maneira será reposto o que foi perdido através da sudorese (medido pela perda de peso durante os exercícios), assim como o líquido eliminado no período pós-exercício como aquele utilizado para a formação de urina (Shirreffs & Maughan, 2000). Contudo, como foi enfatizado acima uma reidratação efetiva e segura não é feita apenas pela simples ingestão de grande quantidade de água. O Sódio também deve ser reposto.


Câimbras
   
         As câimbras musculares originadas pelo calor (câimbra quente) comumente acontecem durante a pratica de exercícios prolongados e quando ocorre uma sudorese intensa e repetida. Acontecem mais comumente em jogos de futebol, triatlon, ciclismo e torneio de tênis, principalmente no final dos eventos (Bergeron, 1996). Para repor adequadamente os fluidos do corpo, tanto o sal quanto a água perdidos, através da sudorese devem ser repostos (Maughan et al.,1997; Nose et al., 1998). Se essa reposição não ocorrer instala-se uma deficiência progressiva e significativa de Sódio e água. Este fato provoca uma hiperirritabilidade em algumas terminações nervosas que ficam hiperexcitadas, provocando um estresse mecânico ao seu redor. Todos esses eventos são devido à deficiência de eletrólitos nesse local (Jansen et al., 1990; Layzer, 1994), resultando nas contrações espontâneas dos músculos, ou seja, nas câimbras. Importante salientar que a deficiência de Sódio no corpo como um todo nem sempre se reflete em uma hiponatremia sérica (Vaamonde, 1982). Durante e imediatamente após o exercício, a concentração sérica de Sódio pode se apresentar normal ou ligeiramente elevada. Com o aumento da secreção de suor ocorre uma ligeira diminuição na sua concentração sanguínea, uma redução na excreção renal e uma pequena diminuição no volume plasmático. 
            Por outro lado, mesmo quando ocorre uma diminuição no teor de Sódio do soro, assim que o atleta tem uma oportunidade de se reidratar e repor os eletrólitos, a concentração de Sódio no sangue é normalizada rapidamente. Este fato explica porque os jogadores que apresentam câimbras na quadra ou no campo não apresentam anormalidades na concentração de eletrólitos na avaliação médica feita em seguida.
            Por que não ocorre câimbra em todos os atletas, de uma maneira geral, quando estão praticando as mesma atividades físicas? A explicação pode estar nas diferenças individuais com relação ao balanço do Sódio. Aqueles que são mais susceptíveis (e comumente acometidos) a câimbra transpiram abundantemente e conseqüentemente perdem uma quantidade excessiva de Sódio e Cloreto através da sudorese, apresentam uma ingestão diária de sal relativamente baixa ou inadequada (Bergeron, 1996; Kleiner, 1993. É importante salientar que a deficiência de outros minerais como Cálcio, Magnésio e Potássio pode também causar câimbras musculares e outros problemas neuromotores (Benda, 1989; Eaton, 1989; Levin, 1993; Liu et al., 1983; Miles & Clarkson, 1994; O'toole et al., 1993-95; Stamford, 1993). Também não se pode atribuir à ausência de um ou mais desses minerais a responsabilidade pela câimbra em ambiente quente. Um condicionamento físico insuficiente e a fadiga podem também ser responsabilizados pelas câimbras musculares (Bentley, 1996; Schwellnus et al., 1997; Williamson et al., 1993). Esse tipo de câimbra geralmente é localizada e passível de eliminação por alongamento, massagem ou aplicação de gelo. Não é o caso da câimbra originada pelo calor. A administração oral ou intravenosa de sal se faz necessária. Isso significa que todos os os atletas devem ter uma ingestão elevada de sal? Para muitos atletas uma ingestão extra de sal é indicada quando vão competir ou treinar em ambiente quente ou mesmo para todo um time quando existe a possibilidade de uma transpiração excessiva (veja adiante Aplicações praticas e Orientações). Para os atletas que usualmente sofrem de câimbras é necessária uma ingestão extra de sal.

 
Hiponatremia
    
         Devido à ênfase que se tem dado atualmente à ingestão de fluidos e à importância de uma hidratação adequada, o conceito de intoxicação por água, ou hiperidratação, parece ser inconcebível para muitos atletas. Porém, ingerir quantidades elevadas de água com uma rapidez maior do que a velocidade dos rins para eliminá-la é muito prejudicial. Como exemplo, podemos citar um tenista norte-americano, com 17 anos, ranqueado no seu país, que teve câimbras devido ao calor, náuseas e fraqueza após uma partida que durou quatro horas e foi realizada num ambiente quente (>38 graus C), e que, por orientação do corpo médico do torneio, em seguida ingeriu grandes quantidades de água. De volta ao hotel, entrou em choque e ficou em estado de coma. Ele ficou internado no hospital por dois dias até se recuperar fisicamente e os níveis de eletrólitos voltarem ao normal. A análise inicial do sangue mostrou uma concentração de Sódio da ordem de 118 milimoles por litro, quando o normal varia de 136 a 145. Assim sendo, ele foi considerado como apresentando uma hiponatremia severa. A hiponatremia ocorreu exclusivamente pela ingestão excessiva de água sem o devido acompanhamento da ingestão de Sódio. Esse jovem atleta, antes da partida, teve uma sudorese induzida, que o levou a perder grandes quantidades de Sódio. Após o acontecido, o mesmo atleta foi submetido às mesmas condições ambientais, quando se observou que o seu organismo apresenta uma sudorese muito elevada, da ordem de 2,5 litros por hora, e uma perda de Sódio pelo suor calculada em mais de 20 gramas de Sódio (50 gramas de Cloreto de Sódio) nas quatro horas de competição (Bergeron, observação não publicada).
            O Mecanismo que leva à hiponatremia não está perfeitamente esclarecido. Parece que durante a pratica esportiva, acontece quando ocorre uma sudorese intensa por várias horas e o fluido ingerido tem um baixo teor de Sódio, ou mesmo não o tem, como no caso da água (Armstrong et al., 1993; Barr et al., 1991; Hiller, 1989; Speedy et al., 1999; Vrijens & Reher, 1999). No estudo feito por Vrijens e& Reher (1999), os indivíduos observados só ingeriam a quantidade de fluido para repor o perdido através da sudorese e, assim sendo, os atletas não necessitavam ingerir grandes quantidades de líquido para ficarem hiponatrêmicos. De acordo com esses estudos, a hiponatremia pode ocorrer em vários esportes ou atividades físicas.
            Como um atleta pode se prevenir de uma hiponatremia? Primeiramente é necessário saber quais são os fatores que potencializam a predisposição e verificar, entre esses fatores, quais os que apresentam um risco maior. Na maioria dos casos são a quantidade de suor produzida e as perdas de Sódio. Sabendo que os atletas que possuem essas características têm maiores possibilidades de apresentar uma deficiência de Sódio, aconselha-se que a sua ingestão possa ser aumentada, principalmente se for inadequada. Por outro lado a ingestão de grandes quantidades de água, ou outra bebida sem Sódio, antes, durante e após os exercícios também é responsável pela instalação de uma hiponatremia.
Também tem sido atribuída uma maior incidência de Hiponatremia em mulheres, pelo fato delas apresentarem uma massa corporal menor, serem susceptíveis a maior retenção de água pelo organismo e por manterem o peso corporal por períodos mais prolongados durante a prática de exercícios de longa duração (Noaks, 1992; Speedy et al.,1999). Desta maneira, para a prevenção da hiponatremia, deve-se consumir quantidades adequadas de fluidos ou seja, quantidade suficiente para manter ou restaurar a hidratação normal do organismo ou minimiza os efeitos da deficiência hídrica provocada pelos exercícios, assim como ingerir quantidades adequadas de sal, antes, durante e após os exercícios (veja Aplicações Práticas e Orientações abaixo), especialmente quando a competição ou o treinamento for de  longa duração ou acontecer muitas vezes em dias sucessivos e quentes.
            Comparativamente com esportes de ultra resistência como maratona e triatlon (Speedy et al., 1999),a incidência de hiponatremia no tênis, futebol ou outros esportes e atividades de duração similar é baixa. No entanto a baixa incidência não exclui a sua exist6encia, e o caso descrito acima (Tenista) não pode ser considerado como único. Além disso, a severidade da hiponatremia tem um aspecto bastante amplo (Mulloy & Caruana, 1995; Vaamonde, 1982). Nos casos de hiponatremia leve, o atleta sente apenas fadiga, apatia, alguma sensação de náusea e dor de cabeça. Esses sintomas não são raros durante eventos realizados em ambientes quentes. A hiponatremia severa provoca incoordenação, confusão e estado de choque é uma situação muito perigosa para qualquer atleta e trata-se de um problema muito grave cujas conseqüências não podem ser negligenciadas.

Aplicações Práticas e Orientações
   
         Quando um atleta compete ou treina em um ambiente quente, a manutenção dos líquidos e o balanço de Sódio são um desafio. Essas afirmativas servem também para trabalhadores, militares e outras atividades profissionais cujo exercício provoca uma transpiração abundante, como os bombeiros. A simples adição de sal na alimentação ajuda a prevenir a deficiência de Sódio e a manter ou restaurar o estado de hidratado. Também a ingestão de bebidas esportivas, que mesmo apresentando uma baixa concentração de Sódio ajuda a manter os níveis séricos normais de Sódio (Vrijens & Reher, 1999). Exemplos de alimentos que podem ser considerados como boa fonte de Sódio e Cloreto:

-  Sal de cozinha: 1/4 de colher de chá (ou 1,5 g) tem 590 miligramas de Sódio.

Suco de tomate (882 mg Sódio/copo).

-  Sódio em bebidas esportivas (Gatorade contém 110 mg de Sódio/240 ml).
-  Sopa de frango com talharim (1107 mg de Sódio/copo de 240 ml).
-  Molho de tomate (1481 mg de Sódio/copo).
-  Queijo comum ou tipo Chedar (700 mg de Sódio/100 g).
-  Pizza de queijo (702 mg de Sódio/100 g).
            No entanto, melhor do que procurar os alimentos salgados (que não permitem conhecer com exatidão quanto sal está sendo ingerido), e mais eficiente, é seguir um planejamento específico. Para muitos atletas rigorosos com sua alimentação, este fato envolve o consumo sistemático (duas a três vezes ao dia) de um determinado volume de uma bebida que contém quantidades conhecidas de sal, como as bebidas esportivas, juntamente com outros alimentos ou bebidas durante o período de treinamento. Comparando com um programa que estimula a beber apenas água, esse garante a ingestão adicional de fluidos e uma melhor retenção de líquido devido à presença do sal. Quando o atleta deve competir diversas vezes num mesmo dia e as perdas de suor são grandes, uma bebida esportiva deve ser consumida entre os eventos ou disputa, como suplemento à ingestão de outro fluido ou alimento que seja tolerável e bem digerido pelo organismo. Para aqueles atletas que são muito vulneráveis a câimbra, é recomendável ingerir uma quantidade adicional de sal recomendando-se 1/2 colher de chá em 100 mililitros da bebida esportiva; esta é uma maneira agradável e palatável de ingerir cerca de 1180 miligramas extra de Sódio. Para essas pessoas, comprimido de sal também fornece bons resultados, porém é importante que se ingira uma quantidade adequada de líquido concomitantemente. Com relação à ingestão de comprimidos de sal, eles apresentam-se mais efetivos quando pulverizados e diluídos em água, recomendando-se dois a três comprimidos por litro de fluido. Como medida alternativa, pode-se usar o GatorLYTES(
TM), uma mistura salina recentemente lançada nos EUA e ainda não disponível no Brasil, a qual pode ser mais conveniente e precisa, garantindo uma solução eletrolítica mais adequada para manter o balanço salino do organismo e, conseqüentemente, para a prevenção do aparecimento de câimbras. Pessoas que transpiram muito, especialmente aquelas que são susceptíveis a câimbras, devem se esforçar em beber fluidos contendo Sódio durante as atividades físicas e esportivas. Por exemplo, usando GatorLYTES(TM) durante um jogo ou adicionando um pouco de sal na bebida para esportista ingerida na quadra (cerca de 1/4 a 1/2 colher de chá por 100 mililitros), a prevenção do surgimento de câimbras é mais efetiva assim como a manutenção do balanço de Sódio para esses atletas em particular.
            É importante salientar que qualquer programa alimentar que inclua o aumento da ingestão de Sódio deve sempre vir acompanhado de uma ingestão proporcional de fluidos. Este ponto não pode deixar de ser enfatizado. Por muitos anos (e ainda agora alguns preparadores físicos e em programas de futebol) o consumo do líquido de conserva de picles tem sido estimulado como um meio para prevenção e tratamento de câimbras musculares. O líquido de conserva do picles tem praticamente a mesma quantidade de sal que a água do mar (~500 milimoles/litro). Bebendo grandes quantidades desse líquido, certamente ocorre a ingestão de considerável quantidade de Sódio, mas o péssimo paladar associado à intolerância limita a quantidade de Sódio que pode ser ingerida por esse método. Mais importante, a ingestão de pequeno volume desse líquido não fornece a quantidade adequada de fluido que é necessária para restaurar o balanço hídrico e eletrolítico. Sem ingerir quantidades adequadas de fluido, o atleta corre o risco de ter um superaquecimento e um desempenho ruim.
            Alterações dietéticas visando ao aumento de sal devem ser testadas antes do período de competições, pois só dessa maneira o atleta se acostuma à seleção de alimentos e bebidas a ser ingerida e sabe da sua importância. Também cada planejamento deve ser individualizado. Em outras palavras, deve se determinar a quantidade de suor e eletrólitos perdidos em condições de competição, pois só dessa maneira pode ser implantada uma estratégia que garanta uma hidratação e um balanço de eletrólitos adequados. Finalmente, um programa para reposição de 2000 miligramas de Sódio, por exemplo, é muito diferente daquele que visa à reposição de uma deficiência de 15000 miligramas de Sódio por dia. Para a maioria das pessoas que apresentam uma pressão sanguínea normal a ingestão excessiva de Sódio não se apresenta como prejudicial fora da quadra ou do campo (Taubes, 1998). Dessa maneira, para a maioria dos atletas saudáveis, o consumo maior de sal que aquele contido nos fluidos e nos alimentos, durante o período de treinamento ou competição em ambiente quente, não será prejudicial e pode melhorar o desempenho atlética.


Controlando as perdas de Sódio no calor


            A concentração de Sódio ideal nos fluidos do organismo é um fator essencial para muitas das funções do corpo, incluindo entre elas a transmissão do impulso nervoso e a contração dos músculos cardíaco e esquelético. A perda de apenas algumas gramas de Sódio pode causar alterações nas concentrações de Sódio ao redor das terminações nervosas e nas fibras musculares, que pode ocasionar câimbras, e a perda de 14 gramas pode ter conseqüências muito graves. Em algumas pessoas 1 litro de suor pode conter cerca 1,8 grama  de Sódio ou mais, e a sudorese pode ocorrer em quantidades de 2 litros por hora ou mais, trazendo como conseqüência grandes perdas de água e Sódio. Uma reposição de Sódio insuficiente leva a uma reidratação incompleta, que predispõe o atleta a câimbras durante os exercícios. Além disso, a ingestão excessiva de água, refrigerantes, ou outra bebida com teor muito baixa de Sódio, praticamente não reidrata o organismo rapidamente, e em algumas pessoas pode ocasionar a hiponatremia, que pode ser fatal. Dessa forma se uma sudorese intensa ocorre ou está prevista, a ingestão apropriada de líquidos acompanhada do aumento na ingestão de Sódio pode prevenir os problemas relacionados com a deficiência de Sódio e uma reidratação incompleta ou inadequada. A tabela abaixo mostra o teor de Sódio em alguns alimentos mais comumente ingeridos. Escolher os alimentos mais ricos em Sódio pode ajudar a prevenir a sua deficiência no organismo e reduzir a ocorrência de câimbras musculares.


ALIMENTO

PORÇÃO

SÓDIO (mg)

sopa de frango com macarrão copo/ 240 ml

 1107

salsicha unidade (50 g) 504
feijão cozido (enlatado) copo/ 240 g 1008
pedaço de picles  médio 928
queijo ralado copo/ 240 g 701
pizza de queijo pedaço 698
ervilha enlatado copo/ 240 g 339
cereal (flocos de milho) copo/ 240 g 281
ovo  um item 198
pão integral uma fatia 159
pão francês unidade (50 g) 308
biscoito de água e sal pacote (100 g) 835

   

BEBIDA

PORÇÃO

SÓDIO (mg)

suco de tomate

copo/ 240 ml

882

gatorade

copo/ 240 ml

110

refrigerantes

copo/ 240 ml

2 a 8

refrigerantes diet

copo/ 240 ml

2 a 8

água

copo/ 240 ml

7

suco de laranja

copo/ 240 ml

6

leite de vaca integral

copo/ 240 ml

120

água de coco

copo/ 240 ml

57

cerveja (4 gl)

lata (300 ml)

21


            O Gatorade Sports Science Institute (GSSI) é uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 1988, com o objetivo principal de compartilhar informações e expandir os conhecimentos relacionados às Ciências do Esporte.
            Este material foi traduzido e adaptado do original em inglês SSE 78, volume 13 (2000), número 3.
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