Como já dissemos
algumas vezes, a era do ferroviarismo no Brasil foi muito mais
importante e abrangente do que hoje imaginamos, pois não há como
perceber a situação da época en sua real magnitude, pois acabamos
olhando para o passado sob uma ótica "viciada", pois
praticamente não percebemo a influência da ferrovia em nosso
cotidiano, ela está geralmente deslocada para locais inacessíveis e
próxima às periferias e áreas industriais das cidades.
Porém, não foi
sempre assim. Imaginem localidades absolutamente isoladas na prática
do restante do estado, cuja única ligação "decente"
durante décadas foi a ferrovia. Imaginem a ferrovia, na época,
praticamente como a Internet e televisão de hoje, pois era com ela,
através de seus trens diários, que as pessoas se inteiravam das
novidades, recebiam jornais, cartas e revistas, alimentos e demais
bens de consumo.
Houv'época em que as
3 pessoas mais importantes em toda a cidade do interior eram o
Prefeito, o Padre e o Chefe da Estação. Trabalhar em ferrovias
naquele tempo, mais do que qualquer coisa, era motivo de orgulho para
as pessoas e os filhos geralmente se esforçavam para seguir o exemplo
dos pais, transformando as cias ferroviárias nas grandes
"famílias" que até hoje deixam saudades em muitos.
Um exemplo disso pode
ser visto na colaboração recebida do colega Joel, de Araraquara, que
nos enviou em 2005 documentos que mostravam toda a sua família
--inclusive ele--, com suas carteirinhas de funcionários ou
dependentes de funcionários das ferrovias. Eram documentos
importantes na época. Seus possuidores muitas vezes tinham passe
livre nas composições, permitindo viagens fascinantes que muitas
vezes deixavam recordações para toda uma vida.
Abaixo, apresentamos
os documentos enviados, acrescentando os comentários do amigo Joel, a
quek agradecemos pela colaboração: |