ROTEIRO

EMMANUEL

 

    O Serviço Religioso 

    Desde quando começou na terra o serviço de adoração a Deus? Perde-se o alicerce da fé na sombra de evos insondáveis.

    Dir-se-á que o primeiro impulso da planta e do verme, à procura da luz, não é senão anseio religioso da vida, em busca do criador que lhes instila o ser.    Considerando, porém, as escolas religiosas dos povos mais antigos, vemos no sistema egípcio a idéia central da imortalidade, com avançadas concepções de Grandeza Divina, mas enclausurada nos templos do sacerdócio ou no palácio dos faraós, sem ligação com o espírito popular, muita vez relegado à superstição e ao abandono.     Na índia, identificamos o culto da sabedoria. Instrutores eminentes ai ensinam que a bondade deve ser a raiz de nossas relações com os semelhantes, que as nossas virtudes e vícios são as forças que nos seguirão, além do túmulo, propagando-se abençoadas lições de aperfeiçoamento moral e compreensão humana; entretanto, o espírito das castas ai sufocou os santuários, impedindo a desejável extensão dos benefícios espirituais aos círculos do povo.     Na Pérsia, temos no zoroastrismo a consagração do nosso dever para com o bem; todavia, as comunidades felicitadas por seus respeitáveis ensinamentos se confiam a guerras de conquista e destruição.     Entre os judeus, sentimos o sopro da revelação do Deus Único, estabelecendo o reino da justiça na terra, mas, apesar da glória sublime  que coroa a fronte de Moisés e dos profetas que o sucederam, o orgulho racial é uma chaga viva  no coração do povo Escolhido.   Na china, possuímos a exaltação da simplicidade,através de lições que fulguram em todas as suas linhas sociais, destacando o equilíbrio e a solidariedade,contudo, o grande povo chinês não consegue superar as perturbações do separativismo e do cativeiro.     Na Grécia, encontramos o culto da Beleza. Os mistérios do Orfeu traçam formosos ideais e constroem maravilhosos santuários. O aprimoramento da arte e da cultura, porém não consegue criar no espírito helênico a noção do Amor Universal. General e Filósofos usam a inteligência para a dominação e, de modo algum, se furtam às tentações do campo bélico, acendendo a abominável fogueira da discórdia e do arrasamento.         Em Roma, surpreendemos o Direito ensinando que o patrimônio e a liberdade do próximo devem ser respeitados, no entanto, em nenhuma civilização do mundo observamos juntos tantos gênios da flagelação e da morte.

Hermes é a sabedoria

Buda é a Renunciação

Zoroastro é o Dever

Moisés é a Justiça

Confúcio é a harmonia

Orfeu é a Beleza

Numa Pompílio é o poder

     Em todos os grandes períodos da evolução religiosa, antes do Cristo, vemos, porém, as demonstrações incompletas da espiritualidade. Não há padrões absolutos de perfeição moral, indicando aos homens o caminho regenerador e santificante. Aparecem linhas divisórias entre raças e castas, com vários tipos de louvor e humilhação para ricos e pobres, senhores e escravos, vencedores e vencidos.     Com Jesus, no entanto, surge no mundo o vitorioso coroamento da fé. No Cristianismo, recebemos gloriosas sementes de fraternidade que dominarão os séculos. O Divino Fundador da Boa Nova entra em contacto com a multidão e o santuário do Amor Universal se abre, iluminado e sublime, para a santificação da humanidade inteira.      

O Grande Educandário 

     De portas abertas à gloria do ensino, a terra, nas linhas da atividade carnal, é, realmente, uma universidade sublime, funcionando, em vários cursos e disciplinas, com dois bilhões de alunos, aproximadamente, matriculados nas várias raças e nações.     Mais de vinte bilhões de almas conscientes,desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicilio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução.

     Para a maioria dessas criaturas, necessitadas de experiência nova e mais ampla, a reencarnação não é somente um impositivo Natural mas também um premio pelo ensejo de aprendizagem.

    Assim é que, sob a iluminada supervisão das inteligências Divinas, cada povo, no passado ou no presente, constitui uma seção preparatória da humanidade, à frente do porvir.

 Ontem, aprendíamos a ciência no Egito, a espiritualidade na Índia, o comércio na Fenícia, a revelação em Jerusalém, o direito em Roma e a Filosofia na Grécia. Hoje, adquirimos a educação na Inglaterra, a arte na Itália, a paciência na China, a técnica industrial na Alemanha, o respeito à liberdade na Suíça e a renovação espiritual nas Américas.    Cada nação possui tarefa  específica no aprimoramento do mundo. E ainda mesmo quando os blocos raciais, em desvario, se desmandam na guerra, movimentam-se à procura de valores novos no próprio engrandecimento.     Nos círculos do planeta, vemos as mais primitivas comunidades dirigindo-se para as grandes aquisições culturais.     Se é verdade que a civilização refinada de hoje voa, pelo mundo, contornando-o em algumas horas, caracterizando-se pelos mais altos primores da inteligência, possuímos milhões de irmãos pela forma, infinitamente distantes do mundo moral. Quase nada diferindo dos irracionais, não conseguiram ainda fixar a mínima noção de responsabilidade. Os anões docos   da Abissínia, sem qualquer vestuário e pronunciando gritos estranhos à guisa  de linguagem, mais se assemelham aos macacos.    Os nossos irmãos negros de Kytches passam os dias estirados no chão, a espera de ratos com que possam mitigar a própria fome.    Entre grande parte dos africanos orientais, não existe ligação moral entre pais e filhos.    Os latucas, no interior da África, não conhecem qualquer sentimento de compaixão ou dever.

Remanescentes dos primitivos habitantes das Filipinas erram nas montanhas, a maneira de animais indomesticáveis.

  E, não longe de nós, os botocudos ,entregues à caça e a pesca. São exemplares terríveis de bruteza e ferocidade.No imenso educandário, há tarefas múltiplas e urgentes para todos os que aprendem que a vida é movimento, progresso, ascensão.     Na fé religiosa como na administração dos patrimônios públicos, na arte tanto quanto na industria, nas obras de instrução como nas ciências agrícolas, a individualidade encontra vastíssimo campo de ação, com dilatados recursos de evidenciar-se.     O trabalho é a escada divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.    Ninguém precisa pedir transferência para júpiter ou saturno, a fim de colaborar na criação de novos céus. A terra, nossa casa e nossa oficina, em plena paisagem cósmica, espera por nós, afim de que a convertamos em glorioso paraíso.

 

 

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       Religião

     A Ciência multiplica as possibilidades dos sentidos e a filosofia aumenta os recursos do raciocínio, mas a religião é  a força que alarga os potenciais do sentimento.

    Por isso mesmo, no coração mora o centro da vida. Dele partem as correntes imperceptíveis do desejo que se consubstanciam em pensamento no dínamo cerebral, para depois se materializarem  nas palavras, nas resoluções, nos atos e nas obras de cada dia.    Na luta vulgar, há quem menospreze atividade religiosa, supondo-a mero artifício do sacerdócio ou da política, entretanto, é na predicação da fé santificante que encontraremos as regas de conduta e perfeição de que necessitamos para o crescimento de nossa vida mental na direção das conquistas divinas.     A Humanidade, sintetizando o fruto civilizações, é construção religiosa.     Dos nossos antepassados invertebrados e vertebrados caminhamos nos milênios, de reencarnação em reencarnação, adquirindo inteligência, por intermédio da experimentação incessante, mas não é somente a razão o fruto de nosso aprendizado, no decurso dos séculos, mas também o discernimento ou luz espiritual, com que pouco a pouco aperfeiçoamos a mente.

    A religião é a força que está edificando a Humanidade. É a fábrica invisível do caráter e do sentimento.    Milhões de criaturas encarnadas guardam, ainda, avançados patrimônios de animalidade. Valem-se da forma humana, como quem se aproveita de uma casa nobre para a incorporação de valores educativos. Possuem coração para registrar o bem, contudo, abrigam impulsos de crueldade. O instinto da pantera, a peçonha da serpente, a voracidade do lobo, ainda imperam no psiquismo de inumeráveis inteligências.

    Só a religião consegue apagar as mais recônditas arestas do ser. Determinando nos centros profundos de elaboração do pensamento, altera, gradativamente, as características da alma, elevando-lhe  o padrão vibratório, através da melhoria crescente de suas relações com o mundo e com os semelhantes.    Nascida no berço rústico do temor, a fé iniciou o seu apostolado, ensinando às tribos primárias que o Divino Poder guarda as rédeas da suprema justiça, infundindo respeito à vida e aprimorando o intercâmbio das almas. Dela procedem os mananciais da fraternidade realmente sentida, e, embora as formas inferiores da religião, na antiguidade, muita vez incentivando a perseguição e a morte, em sacrifícios e flagelações deploráveis, e apesar das lutas de separação e incompreensão que dividem os tempos nos dias da atualidade, arregimentando-os para o dissídio em variadas fronteiras dogmáticas, ainda é a religião a escola soberana de formação moral do povo, dotando o espírito de poderes e luzes para a viagem da sublimação.

 A ciência construirá para o homem o clima do conforto e enriquece-lo-á com os brasões da cultura superior; a filosofia auxiliá-lo-á   com valiosas interpretações dos fenômenos em que a Eterna  Sabedoria se manifesta, mas somente a fé, com os seus estatutos de perfeição íntima, consegue preparar nosso espírito imperecível para a ascensão à gloria universal.