DA RÉPLICA OU DO DIREITO DE RESPOSTA |
(que assiste a todos os que, julgando-se injustamente zurzidos, pretendem minimizar os efeitos da tosa que os atingiu).
No nº 2 desta
publicação, o autor do texto publicado, Professor José Fernando Silva, tece
alguns comentários que o visado (Professor José Maria Silva) julga serem
injustos, incorrectos ou exagerados. Vamos lá ver em que aspectos aquele
sentir se revela e em que medida consiste o melindre:
Refere o
Professor José Fernando Silva que o responsável pela edição mistura Tradição
e Contradição (o que aquele praticamente não faz, já que apenas se
preocupa com a CONTRADIÇÃO, bastas vezes referida; quanto à Tradição,
apenas questiona: ... Que instituição?
Que modelo, que autonomia? ... e por aqui se fica).
Se reparar bem na
denominação ou título deste opúsculo, notará que não é fácil decidir
se temos um “n” ou um “m” antes da Tradição, esta com o “T” maiúsculo
– o que não foi inocente, como se depreende. Por outras palavras: jogando
com a sonoridade da(s) palavra(s) em causa, o padrinho
procurou, de forma equilibrada, apontar tanto a Tradição quanto a Contradição,
assim permitindo que aqui se trate aquela, esta ou ambas. Sem constrangimento,
sem moldura, sem censura. Com a convicção clara que o perigo, que desta
liberdade decorre, é diminuto – afinal, somos (quase) todos Professores,
logo responsáveis.
Esclareçamos:
neste folheto só há duas regras, duas balizas previamente estabelecidas, que
se podem sintetizar no tema (deve versar sobre a Educação ou estar
relacionado com a Escola) e no tamanho do produto a publicar (máximo e mínimo,
duas páginas A4, o que começa a ser pouco prático, face ao até agora
produzido). Todos os potenciais autores o souberam ou ficam agora a saber.
Quem pode participar, escrevendo ou lendo? Todos os que estão relacionados
com a Educação ou com a Escola, logo não só Professores. Mas a resposta
deverá, naturalmente, assentar sobretudo nestes. Porque este panfleto (e começo
a ficar sem novos termos para o identificar) é próprio, é pertença, é
coutada dos que agem em prol da Educação.
Voltemos à réplica
(desafio é desafio, e voltar as costas nestas situações não é solução),
sempre com a preocupação de evitar comentários repetidos quanto ao valor
das afirmações produzidas no número introdutório, ainda que do tipo
conclusivo, como o que assenta no dizer que a falácia da generalização
é recorrente, nomeadamente quando se infere a partir da experiência pessoal;
relendo com cuidado o produzido anteriormente, não se descortina qualquer
generalização – tão somente se cita a opinião manifestada pelo responsável
do MEM (Movimento da Escola Moderna) no tempo indicado, e se comenta o valor
da afirmação, numa actualização temporal que se afigura necessária. Mas
ainda que se concluísse, que se generalizasse, quem disse que a experiência
pessoal não serve? Quem pode afirmar, convictamente, que só seguindo o que
outros (os sábios) determinaram, se atinge a verdade absoluta? Que só é
permitido generalizar a quem conhece e é capaz de citar o qualificado
pensamento alheio? Como forma de ilustrar o que se pretende, aqui vai uma citação,
que parece ser exemplar:
“Um dia em que os homens não precisem daquilo que os governos dão ... Hoje, quando qualquer pessoa quer fazer uma escola, por exemplo, a primeira coisa que faz é ir pedir ao Ministério da Educação, em vez de procurar outras pessoas e ver ela própria se juntando dinheiro, mesmo que fosse só para uma cabana de madeira, e depois se progrediria pouco a pouco. Então, na medida em que as populações pedem escolas, ou hospitais, ou pontes, estão a reforçar o poder dos governos. Os culpados de haver governos são aqueles que não ousam tomar o governo nas suas mãos, lançando-se em iniciativas ou fazendo iniciativas erradas. Tenho agora amigos que estão muito preocupados porque em escolas governamentais não há bibliotecas e eles querem-nas criar, isto é, dar ao governo ainda mais poder do que o que já tem. Quando o que deviam procurar era que essas bibliotecas fossem de associações de estudantes ou de pais e não tivessem nada que ver com a aparelhagem governamental. Mas o que eles estão à espera é de, feito o oferecimento, nunca mais se preocuparem com ele – terem empregados pagos pelo governo, que façam o catálogo, que vigiem se os meninos levam os livros e não os restituem, etc. Os governos vivem muito da preguiça dos governados e da sua falta de iniciativa.”
Agostinho
da Silva, Vida Conversável, Assírio & Alvim, pág.68, 2ª Edição, 1998,
preço aproximado 1.800$00 (isto para quem o quiser comprar)
O autor é,
indiscutivelmente, sábio, mas parece que não liga muito às falácias – o
seu comentário, a sua conclusão, quiçá generalização (por muito que este
enunciado desagrade) resulta, também indiscutivelmente, da sua experiência
pessoal, ele que fundou escolas, universidades, centros de estudos. Não é aqui
citado para se atingir conclusão idêntica (ainda que haja vontade clara nesse
sentido) mas para amenizar um pouco a importância do “método científico”,
e para relevar um pouco a reflexão sobre experiências pessoais, que não serão,
por si, necessariamente estropiadas!
Bom, sobre este
assunto, estamos conversados; fica de lado, por ser suficiente o próprio
contraditório, a via estreita, e mesmo assim, muito boa, para outra
escola, o ser um produto benigno, a padecer de iniludíveis equívocos,
a coerente e sã CONTRADIÇÃO objecto do verbo inclemente de Eça ou de
Camilo. O mesmo quanto ao facto de ser uma contradição absoluta pensar
desta forma e agir em oposição, participando no projecto com manifesto gozo (e
ainda bem que é assim)!
Mas não é possível
dizer adeus, e partir para outra. No número seguinte (3), o autor, Professor João
Vieira Gomes, aproveitando a via aberta, afirma, desejando esclarecer os menos
atentos, que o promotor deste folículo (ufa, já cansa esta incessante procura
de termos que não ofendam alguns mais susceptíveis!) é a personificação de
uma das significações que encontrou para Contradição – a do espírito de
contradição! Isto não seria grave e estaria votado à indiferença do visado,
se não acontecesse um fenómeno curioso – os leitores, que não são
muitos mas são condicionais, aproveitaram para manifestar, publicamente
(espantoso, isto), a sua concordância! Ora, quem não se sente, não é filho
de boa gente, e a razoável correcção da apreciação feita não se compadece
com o que a suporta – nitidamente, a falácia da generalização decorrente da
experiência pessoal do Professor João Vieira Gomes! Aqui sim, é notória e,
naturalmente, criticável!