Travejamentos para o século XXI - 3, de 4 |
Tanto
na família como na escola, o sujeito não escolhe o grupo, que é “um lugar
de passagem”, temporário. Por outro lado, a diligência e o investimento da
escola não são menores que os da família, já que proporcionam:
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uma identidade nova;
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uma via de acesso e de integração;
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parceiros necessários ao conhecimento.
Neste
particular, a comunicação é simultaneamente causa e efeito, pelo que a
interacção é feita de “relações múltiplas”: há um fluxo, uma série
de trocas, um encadeamento de informação em que uma sequência não deve ser
desconectada para dela se fazer um “contexto de poder”, mesmo que seja em
face dum conselheiro educacional.
O
consumo é hoje um dos “operadores de aprendizagens”. Muito se aprende, por
aí, mas muito se deita fora, “báscula no mundo do mercado”, de tal forma
que a expectativa e o diferimento, que a extensão e a monotonia comportam, se
tornam para muitos uma mistificação. Numa sociedade consumista, quem vende
fala, quem fala vende (Pain, in Houssaye, 1996).
Toda
a gente tem uma palavra a dizer, mas nem tudo o que se diz está no campo da
pedagogia.
Entre
ensinar as mesmas coisas a todos ou estabelecer muito pouco em comum, sobre seja
o que for, é essencial que se saia da Escola apto a comunicar com os outros,
também, por escrito. A questão é, pois, saber como contribuir, através da
Escola, para estabelecer ou melhorar vínculos, por entre grupos de pressão e
por entre fracturas sociais que fazem parte integrante do mundo em que nos é
dado viver.
A
escola dos professores escolariza a formação profissional e, dessa forma,
tende a protelá-la.
A
escola dos profissionais antecipa a selecção e alivia os alunos de
aprendizagens formais consideradas secundárias para o desempenho de curto
prazo.
Há
uma incapacidade, em eleger uma
cultura escolar, e uma escolaridade para todos, em que seja possível
harmonizar, pelo menos, os saberes funcionais, que instrumentam a pessoa para a
vida, e os saberes culturais, que permitem o posicionamento perante uma história
e a aceitação de um imaginário.