Nos idos de Julho de 93, a convite da Escola E. B. 2/3 do Cerco, participei, como observador, no XV Congresso do Movimento da Escola Moderna, onde constatei que experimentar, extremar ou inovar nas práticas pedagógicas não acontecia apenas nos discursos ou nos escritos dos pedagogos, sempre prontos a teorizar tudo o que esquece, ou melhor, tudo o que não lembra a quem age rotineiramente. Ali, colegas de Escolas de todos os ciclos de ensino e de todo o país (apetece dizer “do país profundo”) demonstravam, de forma variada mas muito clara e objectiva, o que haviam realizado, com metodologias e técnicas que se podiam apelidar de revolucionárias, pelo menos se comparadas ao que sei ser costume fazer, até porque também o vou fazendo. Num breve parêntesis, poderei afirmar que menor não foi o choque sofrido aquando da recente visita que fiz à Escola da Ponte, na Vila Das Aves – bastará solicitar certificação adequada a quem me acompanhou nestas duas “saídas”, entre outros, a Maria Mateus, o Carlos Sambade e a Conceição Mendonça, para se perceber que há quem ouse, graças a Deus!

Mas, e voltando ao que interessa de facto, uma coisa ficou desse Congresso – nas conclusões, aquele que presidia ao movimento organizador, sintetizando uma realidade incontestável decorrente das jornadas, afirmou que, por muitas dificuldades que existissem (apetece dizer que continuam a existir nos dias que correm ...) a reforma do sistema educativo, nessa altura a dar os primeiros passos, sempre seria possível de concretizar, pois o material humano era perfeitamente capaz de as superar; mais afirmou, de modo categórico e convicto, que esta era uma oportunidade única, para todos nós, de participar activamente na reforma do que é mais relevante para um professor – o sistema educativo em que está inserido, pois dificilmente ocorreriam duas reformas na mesma geração.

Felizmente, para muitos de nós, a verdade de ontem não é, forçosamente, a de hoje. Com as mesmas ou outras dificuldades, o poder dá-nos a segunda oportunidade de participar numa reforma que, notem, não é apenas dos currículos. É mais do que isso, e por isso, se não o fizemos antes, temos o dever de o fazer agora – nem que seja para descanso da consciência.

José Maria Silva, professor da E. S. do Cerco, 23 de Novembro de 2000

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