Banalidades à volta da Revisão Curricular do Secundário 2000/2002 |
Nos idos de Julho
de 93, a convite da Escola E. B. 2/3 do Cerco, participei, como observador, no
XV Congresso do Movimento da Escola Moderna, onde constatei que experimentar,
extremar ou inovar nas práticas pedagógicas não acontecia apenas nos
discursos ou nos escritos dos pedagogos, sempre prontos a teorizar tudo o que
esquece, ou melhor, tudo o que não lembra a quem age rotineiramente. Ali,
colegas de Escolas de todos os ciclos de ensino e de todo o país (apetece dizer
“do país profundo”) demonstravam, de forma variada mas muito clara e
objectiva, o que haviam realizado, com metodologias e técnicas que se podiam
apelidar de revolucionárias, pelo menos se comparadas ao que sei ser costume
fazer, até porque também o vou fazendo. Num breve parêntesis, poderei afirmar
que menor não foi o choque sofrido aquando da recente visita que fiz à Escola
da Ponte, na Vila Das Aves – bastará solicitar certificação adequada a quem
me acompanhou nestas duas “saídas”, entre outros, a Maria Mateus, o Carlos
Sambade e a Conceição Mendonça, para se perceber que há quem ouse, graças a
Deus!
Mas, e voltando
ao que interessa de facto, uma coisa ficou desse Congresso – nas conclusões,
aquele que presidia ao movimento organizador, sintetizando uma realidade
incontestável decorrente das jornadas, afirmou que, por muitas dificuldades que
existissem (apetece dizer que continuam a existir nos dias que correm ...) a
reforma do sistema educativo, nessa altura a dar os primeiros passos, sempre
seria possível de concretizar, pois o material humano era perfeitamente capaz
de as superar; mais afirmou, de modo categórico e convicto, que esta era uma
oportunidade única, para todos nós, de participar activamente na reforma do
que é mais relevante para um professor – o sistema educativo em que está
inserido, pois dificilmente ocorreriam duas reformas na mesma geração.
Felizmente, para
muitos de nós, a verdade de ontem não é, forçosamente, a de hoje. Com as
mesmas ou outras dificuldades, o poder dá-nos a segunda oportunidade de
participar numa reforma que, notem, não é apenas dos currículos. É mais do
que isso, e por isso, se não o fizemos antes, temos o dever de o fazer agora
– nem que seja para descanso da consciência.