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FUNÇÕES

O conceito de função é um dos mais importantes em toda a matemática. O conceito básico de função é o seguinte: toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo de associação entre eles, que faça corresponder a todo elemento do primeiro conjunto um único elemento do segundo, ocorre uma função.

O uso de funções pode ser encontrado em diversos assuntos. Por exemplo, na tabela de preços de uma loja, a cada produto corresponde um determinado preço. Outro exemplo seria o preço a ser pago numa conta de luz, que depende da quantidade de energia consumida.

Observe, por exemplo, o diagrama das relações abaixo:

A relação acima não é uma função, pois existe o elemento 1 no conjunto A, que não está associado a nenhum elemento do conjunto B.

A relação acima também não é uma função, pois existe o elemento 4 no conjunto A, que está associado a mais de um elemento do conjunto B.

Agora preste atenção no próximo exemplo:

 

 

A relação acima é uma função, pois todo elemento do conjunto A, está associado a somente um elemento do conjunto B.

 

 

 

 

DOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO:

O domínio de uma função é sempre o próprio conjunto de partida, ou seja, D=A. Se um elemento x Î A estiver associado a um elemento y Î B, dizemos que y é a imagem de x (indica-se y=f(x) e lê-se "y é igual a f de x").

Exemplo: se f é uma função de IN em IN (isto significa que o domínio e o contradomínio são os números naturais) definida por y=x+2. Então temos que:

De modo geral, a imagem de x através de f é x+2, ou seja: f(x)=x+2.

Numa função f de A em B, os elementos de B que são imagens dos elementos de A através da aplicação de f formam o conjunto imagem de f.

Com base nos diagramas acima, concluímos que existem 2 condições para uma relação f seja uma função:

 

 

 

 

 

 

 

Observações:

 

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS:

  1. Considere a função f: A à B representada pelo diagrama a seguir:

Determine:

  1. o domínio (D) de f;
  2. f(1), f(-3), f(3) e f(2);
  3. o conjunto imagem (Im) de f;
  4. a lei de associção

Resolução:

  1. O domínio é igual ao conjunto de partida, ou seja, D=A.
  2. f(1)=1, f(-3)=9, f(3)=9 e f(2)=4.
  3. O conjunto imagem é formado por todas imagens dos elementos do domínio, portanto: Im = {1,4,9}.
  4. Como 12=1, (-3)2=9, 32=9 e 22=4, temos y=x2.

  1. Dada a função f: IRà IR (ou seja, o domínio e a contradomínio são os números reais) definida por f(x)=x2-5x+6, calcule:

  1. f(2), f(3) e f(0);
  2. o valor de x cuja imagem vale 2.

Resolução:

  1. f(2)= 22-5(2)+6 = 4-10+6 = 0
  2. f(3)= 32-5(3)+6 = 9-15+6 = 0

    f(0)= 02-5(0)+6 = 0-0+6 = 6

  3. Calcular o valor de x cuja imagem vale 2 equivale a resolver a equação f(x)=2, ou seja, x2-5x+6=2. Utilizando a fórmula de Bhaskara encontramos as raízes 1 e 4. Portanto os valores de x que têm imagem 2 são 1 e 4.

 

OBTENÇÃO DO DOMÍNIO DE UMA FUNÇÃO:

Vamos ver alguns exemplos:

 

Agora o denominador: como 3-x está dentro da raiz devemos ter 3-x ³ 0, mas além disso ele também está no denominador, portanto devemos ter 3-x ¹ 0. Juntando as duas condições devemos ter: 3-x > 0, ou seja, x < 3 (condição 2).

Resolvendo o sistema formado pelas condições 1 e 2 temos:

Devemos considerar o intervalo que satisfaz as duas condições ao mesmo tempo.

Portanto, D={x Î IR | 2 £ x < 3}.

 

CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO CARTESIANO DE UMA FUNÇÃO

Para construir o gráfico de uma função f, basta atribuir valores do domínio à variável x e, usando a sentença matemática que define a função, calcular os correspondentes valores da variável y. Por exemplo, vamos construir o gráfico da função definida por y=x/2. Escolhemos alguns valores para o domínio. Por exemplo D={2,4,6,8}, e agora calculamos os respectivos valores de y. Assim temos:

x=2 è y=2/2 = 1

Então montamos a seguinte tabela:

x=4 è y=4/2 = 2

 

x

y

 

x=6 è y=6/2 = 3

 

2

1

 

x=8 è y=8/2 = 4

 

4

2

 
   

6

3

 
   

8

4

 

Identificamos os pontos encontrados no plano cartesiano:

O gráfico da função será uma reta que passará pelos quatro pontos encontrados. Basta traçar a reta, e o gráfico estará construído.

Obs: para desenhar o gráfico de uma reta são necessários apenas dois pontos. No exemplo acima escolhemos 4 pontos, mas bastaria escolher dois elementos do domínio, encontrar suas imagens, e logo após traçar a reta que passa por esses 2 pontos.

 

RAÍZES DE UMA FUNÇÃO

Dada uma função y=f(x), os valores, os valores de x para os quais f(x)=0 são chamados raízes de uma função. No gráfico cartesiano da função, as raízes são abscissas dos pontos onde o gráfico corta o eixo horizontal. Observe o gráfico abaixo:

No gráfico acima temos: f(x1)=0, f(x2)=0 e f(x3)=0.

Portanto x1, x2 e x3 são raízes da função.

 

PROPRIEDADES DE UMA FUNÇÃO

Essas são algumas propriedades que caracterizam uma função f:Aà B:

  1. Função sobrejetora: Dizemos que uma função é sobrejetora se, e somente se, o seu conjunto imagem for igual ao contradomínio, isto é, se Im=B. Em outras palavras, não pode sobrar elementos no conjunto B sem receber flechas.
  2. Função Injetora: A função é injetora se elementos distintos do domínio tiverem imagens distintas, ou seja, dois elementos não podem ter a mesma imagem. Portanto não pode haver nenhum elemento no conjunto B que receba duas flechas. Por exemplo, a função f:IRà IR definida por f(x)=3x é injetora pois se x1 ¹ x2 então 3x1 ¹ 3x2, portanto f(x1)¹ f(x2).
  3. Função Bijetora: Uma função é bijetora quando ela é sobrejetora e injetora ao mesmo tempo. Por exemplo, a função f: IRà IR definida por y=3x é injetora, como vimos no exemplo anterior. Ela também é sobrejetora, pois Im=B=IR. Logo, esta função é bijetora.

Já a função f: INà IN definida por y=x+5 não é sobrejetora, pois Im={5,6,7,8,...} e o contradomínio CD=IN, mas é injetora, já que valores diferentes de x têm imagens distintas. Então essa função não é bijetora.

Observe os diagramas abaixo:

  • Essa função é sobrejetora, pois não sobra elemento em B
  • Essa função não é injetora, pois existem dois elementos com mesma imagem
  • Essa função não é bijetora, pois não é injetora

  • Essa função é injetora, pois elementos de B são "flechados" só uma vez.
  • Essa função não é sobrejetora, pois existem elementos sobrando em B
  • Essa função não é bijetora, pois não é sobrejetora

  • Essa função é injetora, pois elementos de B são "flechados" só uma vez.
  • Essa função é sobrejetora, pois não existem elementos sobrando em B
  • A função é bijetora, pois é injetora e sobrejetora

 

 

FUNÇÃO PAR E FUNÇÃO ÍMPAR

Dada uma função f: Aà B, dizemos que f é par se, e somente se, f(x)=f(-x) para todo x Î A. Ou seja: os valores simétricos devem possuir a mesma imagem. O diagrama a seguir mostra um exemplo de função par:

 

 

Por exemplo, a função f: IRà IR definida por f(x)=x2 é uma função par, pois f(x)=x2=(-x)2=f(-x). Podemos notar a paridade dessa função observando o seu gráfico:

Notamos, no gráfico, que existe uma simetria em relação ao eixo vertical. Elementos simétricos têm a mesma imagem. Os elementos 2 e –2, por exemplo, são simétricos e possuem a imagem 4.

Por outro lado, dada uma função f: Aà B, dizemos que f é ímpar se, e somente se, f(-x)=-f(x) para todo x Î A. Ou seja: valores simétricos possuem imagens simétricas. O diagrama a seguir mostra um exemplo de função ímpar:

 

 

Por exemplo, a função f: IRà IR definida por f(x)=x3 é uma função ímpar, pois f(-x)=(-x)3=-x3=-f(x). Podemos notar que a função é ímpar observando o seu gráfico:

Notamos, no gráfico, que existe uma simetria em relação a origem 0. Elementos simétricos têm imagens simétricas. Os elementos 1 e –1, por exemplo, são simétricos e possuem imagens 1 e –1 (que também são simétricas).

Obs: Uma função que não é par nem ímpar é chamada função sem paridade.

 

EXERCÍCIO RESOLVIDO:

  1. Classifique as funções abaixo em pares, ímpares ou sem paridade:

  1. f(x)=2x

f(-x)= 2(-x) = -2x è f(-x) = -f(x), portanto f é ímpar.

b) f(x)=x2-1

f(-x)= (-x)2-1 = x2-1 è f(x)=f(-x), portanto f é par.

c) f(x)=x2-5x+6

f(-x)= (-x)2-5(-x)+6 = x2+5x+6

Como f(x) ¹ f(-x), então f não é par.

Temos também que –f(x) ¹ f(-x), logo f não é ímpar.

Por não ser par nem ímpar, concluímos que f é função sem paridade.

 

 

 

 

 

FUNÇÃO CRESCENTE E FUNÇÃO DECRESCENTE

Dada uma função f: Aà B, dizemos que f é crescente em algum conjunto A’ Ì A, se, e somente se, para quaisquer x1 Î A’ e x2 Î A’, com x1<x2, tivermos f(x1)<f(x2).

Por exemplo, a função f:IRà IR definida por f(x)=x+1 é crescente em IR, pois x1<x2 => x1+1<x2+1 => f(x1)<f(x2). Ou seja: quando os valores do domínio crescem, suas imagens também crescem.

Por outro lado, dada uma função f: Aà B, dizemos que f é decrescente em algum conjunto A’ Ì A, se, e somente se, para quaisquer x1 Î A’ e x2 Î A’, com x1<x2, tivermos f(x1)>f(x2).

Por exemplo, a função f:IRà IR definida por f(x)= -x+1 é decrescente em IR, pois x1<x2 => -x1>-x2 => -x1+1>-x2+1 => f(x1)>f(x2). Ou seja: quando os valores do domínio crescem, suas correspondentes imagens decrescem.

Esse é um exemplo de função crescente. Podemos notar no gráfico que à medida que os valores de x vão aumentando, suas imagens também vão aumentando.

Esse é um exemplo de função decrescente. Podemos notar no gráfico que à medida que os valores de x vão aumentando, suas imagens vão diminuindo.

 

FUNÇÃO COMPOSTA

Vamos analisar um exemplo para entender o que é uma função composta.

Consideremos os conjuntos A={-2,-1,0,1,2}, B={-2,1,4,7,10} e C={3,0,15,48,99}, e as funções f:Aà B definida por f(x)=3x+4, e g:Bà C definida por g(y)=y2-1.

Como nos mostra o diagrama acima, para todo x Î A temos um único y Î B tal que y=3x+4, e para todo y Î B existe um único z Î C tal que z=y2-1, então concluímos que existe uma função h de A em C, definida por h(x)=z ou h(x)=9x2+24x+15, pois:

h(x)=z è h(x)= y2-1

E sendo y=3x+4, então h(x)=(3x+4)2-1 è h(x)= 9x2+24x+15.

A função h(x) é chamada função composta de g com f. Podemos indicá-la por g o f (lemos "g composta com f") ou g[f(x)] (lemos "g de f de x"). Vamos ver alguns exercícios para entender melhor a idéia de função composta.

 

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS:

  1. Dadas as funções f(x)=x2-1 e g(x)=2x, calcule f[g(x)] e g[f(x)].
  2. Resolução:

    f[g(x)] = f(2x) = (2x)2-1 = 4x2-1

    g[f(x)] = g(x2-1) = 2(x2-1) = 2x2-2

  3. Dadas as funções f(x)=5x e f[g(x)]=3x+2, calcule g(x).
  4. Resolução:

    Como f(x)=5x, então f[g(x)]= 5.g(x).

    Porém, f[g(x)]=3x+2; logo 5.g(x)=3x+2, e daí g(x)=(3x+2)/5

  5. Dadas as funções f(x)=x2+1 e g(x)=3x-4, determine f[g(3)].

Resolução: g(3)=3.3-4=5 à f[g(3)]= f(5)= 52+1 = 25+1= 26.

FUNÇÃO INVERSA

Consideremos os conjuntos A={0,2,4,6,8} e B={1,3,5,7,9} e a função f:Aà B definida por y=x+1. A função f está representada no diagrama abaixo:

A função f é uma função bijetora. A cada elemento x de A está associado um único elemento y de B, de modo que y=x+1.

Porém, como f é bijetora, a cada elemento y de B está associado um único elemento x de A, de modo que x=y-1; portanto temos uma outra função g:Bà A, de modo que x=y-1 ou g(y)=y-1. Essa função está representada no diagrama abaixo:

Pelo que acabamos de ver, a função f leva x até y enquanto a função g leva y até x. A função g:Bà A recebe o nome de função inversa de f e é indicada por f-1.

O domínio de f é o conjunto imagem de g, e o conjunto imagem de f é o domínio de g. Quando queremos, a partir da sentença y=f(x), obter a sentença de f-1(x), devemos dar os seguintes passos:

1º) Isolamos x na sentença y=f(x)

2º) Pelo fato de ser usual a letra x como símbolo da variável independente, trocamos x por y e y por x.

Por exemplo, para obter a função inversa de f:IRà IR definida por y=2x+1, devemos:

1º) isolar x em y=2x+1. Assim y=2x+1 è y-1=2x è x=(y-1)/2

2º) trocar x por y e y por x: y=(x-1)/2.

Portanto a função inversa de f é: f-1(x)=(x-1)/2.

Observação: Para que uma função f admita a inversa f-1 é necessário que ela seja bijetora. Se f não for bijetora, ela não possuirá inversa.

 

EXERCÍCIO RESOLVIDO:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esse documento foi criado por Juliano Zambom Niederauer.

Os gráficos e diagramas utilizados no documento foram retirados do livro:

Matemática – Volume Único. FACCHINI. Ed.Saraiva.