E-MAILS
O
luxo de um serviço comunitário
E o e-mail completa trinta anos. Depois de muito
lutar para sobreviver, finalmente deu frutos e tornou-se,
hoje um serviço indispensável. Pelo menos para quem acessa
à Rede ou curte passar algumas horas em frente ao micro.
Mas o que realmente me irrita é a atitude de algumas
pessoas que ainda pensam no e-mail como um item de luxo,
algo que somente pessoas com muito dinheiro podem Ter.
Esse é o pensamento mais retrógrado que se pode
ter. Hoje está provado o fato de que ninguém necessita ter
um acesso à internet para ter um e-mail. Milhares de sites
oferecem caixas postais gratuitas. E a cada dia aparecem
mais e mais servidores oferecendo este serviço.
E por que as pessoas continuam com esse pensamento?
A Internet é hoje, uma instituição conhecida por
diversas facetas. Uma delas é o alto índice e agrupamento
e popularização que possui. Milhares de comunidades que não
dispunham de grandes quantias de dinheiro para manter um
simples jornalzinho sobre suas atividades encontraram em vários
portais e sistemas de busca um veículo forte para se
manifestarem. Hoje qualquer pessoa ou grupo de pessoas pode
Ter sua própria página, com o conteúdo que quiserem e
como quiserem.
Para quem não se lembra, o lema do BOL era: “Todo
brasileiro tem direito a um e-mail grátis”. Por isso
torno a perguntar: por que passar uma imagem de alta
tecnologia e alto poder aquisitivo quando o intuito da rede
é aproximar as pessoas, independente de sexo, raça ou
religião?
Mas
o padrão das coisas no Brasil sempre foi assim: quando a
oferta é muito grande, não compensa tornar o acesso
gratuito. Que o digam Super11.net, Netgratuita, Terra Livre
e outros que “implodiram” na correria pelo acesso
gratuito.
O brasileiro ainda não se acostumou ao uso diário
da rede e não aprendeu que há muitas coisas que podem ser
conseguidas gratuitamente por lá, ou seja, muito mais do
que um simples endereço de e-mail.
Que
me desculpem os puritanos, mas querer transformar qualquer
recurso da Internet em item de luxo é assinar um atestado
de burrice. Mais desinformados são os brasileiros e
brasileiras que acreditam em tudo que ouvem e acham que,
para ganhar um e-mail, precisam entrar nesta ou naquela
promoção, assinar tal provedor por tantos meses, etc.
Repito com todas as letras: o espírito da Internet
é o de utilidade pública, de serviço comunitário, não o
de artigo de colecionador ou item para determinar o status
social de alguém.
Lembrem-se: o intuito original da Internet era de
servir para pesquisas e estudos. Se o capitalismo moderno
descobriu o potencial da mídia e entupiu com sites de lojas
virtuais e outros serviços pagos, infelizmente ninguém
pode fazer nada sem acontecer uma revolução física,
espiritual e intelectual para mudar o pensamento e a postura
das pessoas perante as coisas. Mas tentar transformar a rede
em algo que determina o poder aquisitivo de alguém é o
mesmo que começarmos a vender volantes da sena para
jogadores nas ruas.
Este artigo foi publicado na revista the WebMasters
por Sérgio
Pereira Couto. |