Introdução
Informações retiradas do trabalho Modernismo
José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, Estado de São Paulo,
em 18 de abril de 1882. Após os primeiros estudos em sua cidade
natal, matricula-se, em 1900, na Faculdade de Direito do Largo
São Francisco, tornando-se um dos integrantes do grupo literário
do Minarete. Nessa época, inicia suas atividades junto
à imprensa. Formado, exerce a promotoria pública em Areias, na
região do Vale do Paraíba. Em 1911, herda de seu avô uma fazenda,
passando a dedicar-se à agricultura. Três anos depois, um acontecimento
definiria a carreira literária de Lobato: durante o inverno seco
daquele ano, cansado de enfrentar as constantes queimadas praticadas
pelos caboclos, o fazendeiro escreve uma "indignação"
intitulada "Velha praga" e a envia para a seção Queixas
e Reclamações do jornal O Estado de S. Paulo. O jornal,
percebendo o valor daquela carta, publica-a fora da seção destinada
aos leitores, no que acerta, pois a carta provoca polêmica, estimulando
Lobato a escrever outros artigos, como por exemplo "Urupês",
e a criar seu famoso personagem Jeca Tatu. A partir daí, os fatos
se sucedem: Lobato vende a fazenda, publica Urupês, seu
primeiro livro, funda a Editora Monteiro Lobato & Cia., a
primeira editora nacional, e, mais tarde, a Companhia Editora
Nacional e a Editora Brasiliense, esta em 1944.
De 1927 a 1931, Lobato viveu em Nova York, nos Estados Unidos,
como adido comercial. Admirado com a exploração dos recursos minerais,
ao retornar ao Brasil fundou o Sindicato do Ferro e a Cia. Petróleos
do Brasil, passando a enfrentar a fúria das grandes empresas multinacionais
e os "obstáculos" impostos pelo governo brasileiro.
Dessa situação resultou outra "indignação" de Lobato:
o livro-denúncia O escândalo do petróleo, publicado em
1936, em que o autor afirma:
"O petróleo está hoje praticamente monopolizado por dois
imensos trusts, a Standard Oil e a Royal Dutch &
Shell - Rockefeller e Deterding. Como dominaram o petróleo,
dominaram também as finanças, os bancos, o mercado do dinheiro;
e como dominaram o dinheiro, dominaram também os governos e
as máquinas administrativas. Essa rede de dominação constitui
o que chamamos os Interesses Ocultos."
Nesse livro expõe ao leitor como a máquina do calamitoso Ministério
da Agricultura "trabalhou" e "trabalha bem"
dentro do espírito de "não tirar petróleo, nem deixar que
o tirem", para concluir com a famosa frase de Shakespeare:
"Há algo de podre no reino da Dinamarca". Sua luta prosseguiria
até 1941, quando foi condenado pela ditadura de Vargas a seis
meses de detenção. Nos últimos anos de sua vida, colaborou com
artigos em jornais brasileiros e argentinos. Faleceu em 5 de julho
de 1948, em São Paulo.
Monteiro Lobato é estudado aqui como um pré-modernista por duas
características fundamentais de sua obra de ficção: o regionalismo
e a denúncia da realidade brasileira. No entanto, no plano puramente
estético, Lobato assumiu posições antimodernistas, como bem atesta
seu artigo sobre a exposição de Anita Malfatti em 1917, intitulado
"Paranóia ou mistificação?", por meio do qual critica
a pintura "caricatural" da artista. Esse artigo desempenhou
importante papel na história do Modernismo brasileiro, ao reunir,
na defesa de Anita, alguns nomes novos, como Oswald de Andrade,
Mário de Andrade e Di Cavalcanti, revoltados com o conservadorismo
de Lobato, avesso à verdadeira revolução artística que se iniciava
em terras paulistas e resultaria na Semana de Arte Moderna. Lobato
confessa que durante a Semana isolou-se jogando xadrez nas praias
do Guarujá.
A partir de 1915, seus artigos na imprensa aumentam-lhe a popularidade
e o prestígio, que se solidificam entre 1918 e 1921 com a publicação
dos livros de contos Urupês, Idéias de Jeca Tatu, Cidades mortas
e Negrinha. A partir de 1921, dedica-se à tarefa de editor,
preocupado em lançar novos autores; de 1930 em diante volta-se
para possíveis soluções econômicas para o Brasil, relacionadas
à exploração de nossos recursos minerais.
Como regionalista, o autor nos dá a dimensão exata do Vale do
Paraíba no início do século XX, sua decadência após a passagem
da economia cafeeira, seus costumes e sua gente, tão bem retratados
nos contos de Cidades mortas. E nesse aspecto - a gente
do Vale do Paraíba - está o traço mais importante da ficção lobatiana:
a descrição e a análise do tipo humano característico da região,
o caboclo Jeca Tatu, a princípio chamado de vagabundo e indolente.
Só mais tarde, o autor toma consciência da realidade daquela população
subnutrida, socialmente marginalizada, sem acesso à cultura, acometida
de toda a sorte de doenças endêmicas. 0 preconceito racial e a
situação dos negros após a abolição foi outro tema abordado pelo
autor de Negrinha. As personagens são gordas senhoras que,
num falso gesto de bondade, "adotavam" menininhas negras
para `, escravizá-las em trabalhos caseiros.
Ao lado da chamada literatura adulta, Monteiro Lobato deixou
extensa obra voltada para o público infantil, justamente um campo
até então mal explorado em nossas letras. Seu primeiro livro para
crianças foi publicado em 1921, com o título A menina do narizinho
arrebitado, mais tarde rebatizado como Reinações de Narizinho.
A literatura infantil lobatiana, além do caráter moralista e pedagógico,
não abandona a luta pelos interesses nacionais empreendida pelo
autor, com personagens representativos das várias facetas de nosso
povo e o Sítio do Pica-pau Amarelo, que é a imagem do próprio
Brasil. Leia-se, por exemplo, O poço do visconde, em que
a ficção e a realidade se misturam em torno do problema do petróleo.
Fonte:
NICOLA, José de. Literatura Brasileira das origens dos nossos
dias. Ed.15. São Paulo. Scipione.
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