Platelmintos

 

O filo (do grego phylo, tribo) Platyhelminthes (do grego platys, achatado, e helminthes, vermes), os platelmintos, reúne vermes de corpo achatado, sendo grande parte deles parasitas internos ou externos de animais vertebrados. Os platelmintos parasitas integram as classes Cestoda e Trematódea. Filos são divisões sistemáticas dos sub-reinos do reino Animália (do latim animália, animal), um dos cinco reinos na classificação proposta (e hoje aceita internacionalmente) em 1969, por R. H. Whitaker (1924-1980), biólogo americano.

Alguns platelmintos vivem como parasitas causando danos a outros animais, inclusive o homem. Dentre as doenças mais comuns causadas por platelmintos esta a Esquistossomos.

   

 

Esquistossomo

O esquistossomo, cientificamente conhecido como Schistosoma mansoni, é um platelminto com tamanho aproximadamente de 1cm e causa uma verminose denominada esquistossomose.

O macho e a fêmea vivem acasalados no interior de vasos sanguíneos do fígado e do baço. Em uma pessoa parasitada pode haver milhares de casais do verme.

Dentro dos vasos sanguíneos, os esquistossomos alimentam-se e reproduzem-se. Dessa reprodução resultam, diariamente, centenas de ovos colocados pela fêmea. Cada ovo é dotado de um pequeno espinho, com o qual perfura a parede do vaso sanguíneo, e do intestino indo para dentro deles. São eliminados junto com as fezes e se forem parar em rede de esgoto tratado, morrerão. Há possibilidade, entretanto, devirem a entrar em contato com água e, nesse caso, cada ovo desenvolve-se formando uma minúscula larva ciliada, capaz de nadar, denominada niracídio. O niracídio tem vida curta e necessita entrar em um certo gênero de caramujo, a Biomphalaria. Uma vez dentro do caramujo, cada niracídio transforma-se em milhares de outra forma larval, a cercaria. A cercaria também consegue nadar, através de batimentos de sua calda, e procura a pele humana para entrar. Uma vez dentro do homem, pela circulação, cada cercaria vai ate o fígado e o baço, onde se desenvolve, tornando-se um verme adulto. A pessoa parasitada tem problemas intestinais e muitas vezes o fígado e os baços prejudicados. Em casos em que a muitos parasitas, pode ocorrer inchaço do abdômen, conhecido popularmente como barriga-d’água.

Os sintomas mais comuns são mal-estar, febre, dor de cabeça, perda do apetite, suor intenso, tosse, diarréia com ou sem dolorimento abdominal. Nos casos crônicos há dor abdominal, dificuldade de digestão e náuseas. Os sintomas mais agudos surgem quando os vermes amadurecem no organismo humano, após quatro a seis semanas da infecção, mas não é raro, na sua passagem pelos pulmões, provocarem febres e problemas respiratórios. Dependendo do grau de infestação, o fígado pode aumentar muito de tamanho e o doente fica com a barriga inchada, daí a denominação de barriga d'água.

A duração desta fase estende-se até 40 a 60 dias quando começam a aparecer os primeiros ovos nas fezes, evidenciando a maturação dos parasitas e o quadro febril declina lentamente. O paciente passa, então, para a fase crônica com diarréias, evacuações mucosanguinolentas e cólicas abdominais. Em casos mais graves, devido a fibrose extensa do fígado, ocorre hipertensão da circulação portal - acumula-se sangue no baço e aparecem varizes no esôfago, órgãos cujas veias desembocam no sistema porta. A ruptura das varizes esofágicas provoca hemorragias extensas (hematêmese) e muito graves. A desnutrição dos pacientes é devida não só a anemia decorrente das hemorragias, mas também ao funcionamento insuficiente do fígado. A cura exige medicamentos específicos.  

 


   

Como combatê-lo

 

Para eliminar a doença não basta tratar os indivíduos afetados, existem alguns pontos fundamentais para eliminação dos vermes, basta quebrar um elo do ciclo de vida que ele possui:

● o tratamento dos doentes. Se os doentes não eliminarem mais os ovos o ciclo da doença rompe-se;

 ● o saneamento básico. Se as fezes passarem por tratamento, não se desenvolverão os miracidíos;

● a educação sanitária. Ninguém deve entrar em águas de locais com focos de transmissão da doença, isto é, lagos ou outros locais de água doce onde se encontre caramujo infestado;

● a destruição de caramujos. Exterminando-se os caramujos, não a como o verme completar o ciclo. Para o combate aos caramujos, podem ser usados venenos ou controle biológico. O controle biológico é feito colocando-se, nos locais onde vive o caramujo, algum animal que se alimenta dele ou que consiga com ele competir pela mesma alimentação, como peixes, patos e marrecos que alimentam do molusco.

 

 


Podemos dizer que é fundamental a melhoria das condições socioeconômica da população, moradias de melhores qualidades, dotadas de instalações sanitárias adequadas, com sistemas de esgotos eficientes, evitando que as fezes contaminadas atinjam os rios e lagos, impedindo assim a propagação do verme. A água de beber tem que ser fervida ou filtrada (pois as cercarias podem penetrar pela mucosa bocal) . O uso de luvas e botas de borrachas também é um meio eficiente de evitar a doenças          

Historia no mundo

Desde a Antigüidade que o homem vem sofrendo desta terrível moléstia, como comprovações em algumas múmias do Egito, nas quais ovos desses pequenos vermes parasitas foram encontrados. Entre os egípcios a esquistossomose ainda é muito comum e é considerada a doença mais grave do país e entre os sanitaristas daquele país há a opinião de que a represa de Assuã seja a principal responsável pela disseminação e endemicidade do mal por todo o país.

No Brasil, inicialmente, a doença foi detectada nas faixas litorâneas da Região Nordeste, conforme estudos desenvolvidos por Manuel Augusto Pirajá da Silva (1873-1961), notável médico e professor baiano. Suas primeiras observações sobre esquistossomos datam de 1904, quando pioneiramente, estudou no Brasil ovos do parasitas eliminados por um doente em Salvador. Em 1908, ele descobriu e fez completa descrição do Schistosoma mansoni e, em 1912, publicou um notável trabalho descrevendo a cercaria da esquistossomose.

Hoje a doença espalha-se por quase todo o país, em virtude dos movimentos migratórios. Nos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco existem áreas em que a população infectada alcança índices de 60% (Dacach, 1979). É provável, segundo várias publicações, que o tráfico de escravos africanos tenha sido o responsável pela introdução da doença no nosso continente.

Bibliografia

AMABIS, J. M. & MARTHO, G.R. - Biologia dos Organismos, Vol. 2, 1ª Edição, Ed. Moderna Ltda, São Paulo,1996.

SOARES, J. L. - Biologia, Editora Scipione, 6ª Ed., São Paulo, 1993.

 

ENCICLOPÉDIA BARSA, Vol. 11, Encyclopaedia Britannica Editores Ltda, Rio de Janeiro, 1979.

 

GOWDAK, D. & MARTINS, E. – Natureza  e Vida, Vol. 2. Editora: FTD S. A.

 

Grupo: veterinários.