Implantar e gerenciar a logística reversa 

Existe uma forma ideal de implantação e gerenciamento dos fluxos provenientes do mercado para a empresa? A resposta a este problema não é simples, e aqui nós iremos esboçar uma primeira pista que estimamos relevante para equacionar a questão do ponto de vista prático. Já no número anterior de Carga&Cia abordamos um dos principais fatores de sucesso da logística reversa: trabalhar segundo as exigências do moderno Project Management. Este aspecto contínua válido e se revela a primeira providência por parte da empresa. 

O sucesso da implantação de uma estratégia de logística reversa em uma empresa de porte médio ou grande se apóia em um projeto complexo, pois é preciso capacidade para definir e implantar uma forte integração entre sistemas de ERP (Entreprise Resource Planning) e de SCM (Supply Chain Management) e, paralelamente, promover uma ativa participação de parceiros externos. Poucas empresas escolhem seus sistemas de ERP em função da capacidade em gerenciar retorno de mercadorias. Entretanto, um grande número de sistemas de ERP incorporam funcionalidades que permitem suportar ações gerenciais de logística reversa.

Infelizmente, e em função de um desconhecimento profissional ainda importante, poucas são as atividades de planejamento e instalação de sistemas de ERP que procuram valorizar a logística reversa. Já os sistemas de SCE (Supply Chain Execution) fornecem a capacidade dos recursos que determina a eficácia do processo associado aos diferentes retornos. Neste item, é fundamental a correta instalação e o bom funcionamento dos chamados WMS (Warehouse Management Systems), pois eles controlam tanto a recepção quanto o acompanhamento do fluxo das mercadorias retornadas aos armazéns. Outro item determinante do sucesso operacional das operações de retorno são os sistemas TMS (Transportation Management Systems), pois é exatamente o elevado custo de transporte dos itens retornados que geralmente motiva a empresa a se lançar na organização competitiva da logística reversa.

Os WMS têm a potencialidade de classificar, ordenar e controlar inventários das mercadorias que são retornadas. Eles também devem permitir que seja feita a correta alocação dos estoques de artigos retornados. No objetivo de se obter bons resultados em termos de estratégia logística reversa, diversos requisitos técnicos deverão ser preenchidos pelos sistemas de WMS:

a) capacidade de gerenciar a recepção dos pré-avisos de expedição para o transporte dos artigos; b) capacidade de tratamento das informações relativas às autorizações de retorno de materiais, e isso em interface com o sistema de ERP (ou outro) instalado na empresa; c) permitir a permanente atualização dos sistemas de ERP a partir dos dados gerados; d) identificar diferentes encomendas com instruções especiais de itinerários; e) capacidade de tratar os códigos de justificação dos retornos, caracterizando situação de débito ou crédito do cliente em cada operação; f) capacidade para gerenciar número de série e de revisão dos artigos retornados; g) capacidade para gerenciar os sistemas de etiquetas e de códigos de barras dos artigos retornados; h) capacidade de consolidação de estoques com a finalidade de otimizar espaços destinados aos artigos retornados; i) capacidade de classificação dos produtos retornados por tipo de produção e/ou por data de recepção. Conhecer a data de retorno dos artigos é fundamental para se calcular o tempo de ciclo de tratamento de cada item na programação da logística reversa;

Diversas soluções de planejamento e execução de logística reversa estão sendo ofertadas no mercado mundial. De uma maneira ou de outra, quase todas as soluções procuram otimizar a integralidade da gestão das expedições e dos artigos retornados e, ainda, em alguns casos, analisar a coerência econômica de ações combinadas de expedição e retorno. Aqui, da mesma forma com que tem ocorrido e frustado os esforços das áreas de Project Management e de Production Systems nas empresas, é fundamental inverter a lógica (tradicional e não competitiva!) da logística reversa: ao invés de passar da ferramenta para a estratégia é preciso ir da estratégia para a ferramenta, passando pelas metodologias e métodos de suporte às aplicações. Evidentemente, isto supõe conseqüentes investimentos no planejamento e controle do negócio e na própria inteligência orientando os projetos da empresa.


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