LOGÍSTICA: Um Mercado em Alta

Um profissional qualificado chega a receber, em média, um salário de R$ 20 mil

Uma nova profissão está nascendo: o profissional de logística. Quem tem experiência na área nunca esteve tão valorizado para trabalhar naquela que foi eleita a última fronteira para a redução de custos e aumento da competitividade empresarial. Os salários pagos a um profissional de nível médio começam em R$ 3 mil. Os especialistas estão mais bem cotados: chegam a valer mais de R$ 20 mil mensais, fora os pacotes de benefícios. A previsão das empresas de logística é de que a movimentação atual seja apenas a ponta do iceberg. O boom está previsto para acontecer a partir do próximo ano.

Apesar de estar despontando neste cenário, Pernambuco não oferece cursos especializados na área. As iniciativa ficam por conta da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) que está estudando a implantação de um curso de pós-graduação em logística para 2001, em parceria com a Fundação Getulio Vargas. A Faculdade de Ciências de Administração de Pernambuco (FCAP) também esta avaliando algo do gênero.

"O mercado nunca esteve tão aquecido. Minha equipe e até mesmo eu temos sido assediados quase que semanalmente por "headhunters" com propostas mas do que tentadoras. A falta de pessoal especializado tem levado a um inflacionamento do mercado. No eixo Sul/Sudeste esta disputa é ainda maior, mas a busca por pessoal qualificado já esta começando a chegar na Região Nordeste", diz o Gerente nacional de Logística da Rapidão Cometa, Celso Queiroz. A razão para a maior valorização do mercado no Sul e Sudeste, segundo ele, está centrada basicamente em função da concorrência.

Enquanto nos estados de Pernambuco, Bahia e Ceará existem pelo ou menos dez grandes empresas atuando na área, em São Paulo existem centenas, "e não são apenas operadores logísticos. A busca é das próprias empresas para montarem seus quadros operacionais do setor", explica Queiroz. Para ele, o Nordeste, com ênfase em Pernambuco, é a bola da vez para os profissionais de logística. Apenas na última reunião do Conselho Estadual de Política Industrial, Comercial e de Serviços (Condic), realizado em dezembro, foram aprovados 49 projetos de implantação de centrais de distribuição.

A busca pelo "logisman" esbarra principalmente em um ponto: a falta de cursos especializados. Em todo o País não existe um curso de graduação na área. Os principais cursos de pós-graduação estão localizados no eixo Sul/Sudeste. O diretor da Fly Logística, marcos Ribeiro, diz que esta situação deverá se reverter em breve, assim que as universidades despertarem para o potencial do setor. Enquanto isso não acontece, os operadores logísticos do estado estão se articulando para formarem um grupo para atuação em bloco. Na pauta estão a realização de palestras, cursos, seminários e até mesmo a implantação de um MBA.

Dentro desta ótica, as universidades estaduais já começam a identificar pequenos sinais do novo nicho de mercado. "Nos ainda não identificamos uma demanda expressiva que justificasse a abertura de um curso na área. A FGV já nos ofereceu um pacote mas que ainda está sendo analisado. Pode ser que em 2001 já tenhamos uma pós-graduação na área", diz a coordenadora dos Cursos de Pós-Gradução da Unicap, Evânia Pincovsky.

Na FCAP, ligada a Universidade de Pernambuco (UPE), a coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação, Yolanda López Carrión, diz que existem consultas esporádicas de interessados sobre o assunto. "estamos avaliando seriamente a possibilidade de um curso para 2001", diz sem entrar em maiores detalhes. Atualmente apenas o curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) oferece uma cadeira na área. Uma outra possibilidade está na realização de cursos feitos por entidades especializadas em oferecer aperfeiçoamento profissional.

Enquanto as universidades avaliam a possibilidade, o mercado vai formando e buscando seus próprios profissionais. No Sudeste, as ofertas para um profissional trocar de emprego chegam a ser, em média, 25% maiores que o salário pago, além de remuneração variável conforme os ganhos de produtividade e pacotes de benefícios. Por enquanto, todos os operadores são unânimes neste ponto, os salários pagos no Nordeste ainda estão longe de alcançar os patamares de outras regiões.

"O mercado regional ainda é pequeno. Recentemente tivemos que mudar o supervisor de Recife e de São Paulo. O profissional paulista vai receber quase o dobro. Isso tudo para garantir que ele permaneça na empresa apesar do assédio constante que irá sofrer. No Nordeste, ainda não existe esse problema. Mas logo, logo, isso deve acontecer também", diz o gerente nacional de logística da Rapidão Cometa.

Fonte: Paulo Emílio - Gazeta do Nordeste de 24/10/2000

 


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