No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente, herói sem caráter, cujas principais frases eram "ai, que preguiça" e "Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são". Tinha dois irmãos, Maanape e Jiguê, além de uma mãe; só respeitava os velhos, pondo a mão nas graças das moças ou brincando com elas e cuspindo na cara dos moços. E brincava até se as moças fossem do irmão, que a principio reclamou mas, depois, como o herói havia ficado grande, acabou dando a mulher para ele: era Iriqui. Quando a mãe morreu, os três irmãos e a mulher saíram pelo mundo. Deixaram Iriqui se enfeitando e foram olhar algo que alertava Macunaíma. E encontraram. Ci, Mãe do Mato, que depois de muito esforço acabou se deixando brincar com Macunaíma, que virou imperador do Mato Virgem. Antes de Ci subir aos céus - logo depois do filho dela com o herói morrer - ela deu a Macunaíma uma muiraquitã famosa, da qual ele fez um timbetá. Os rês irmãos partiram novamente e pararam para conversar com Naipi, que foi transformada em cascata por Capei, a quem Macunaíma prometeu matar: cortou a cabeça, que começou a persegui-lo. Eles se esconderam, mas a cabeça não queria mais mata-los e, visto que não conseguia falar com eles - de quem agora era escrava - subiu aos céus e virou a lua. Macunaíma, que nesse meio tempo perdeu a timbetá, descobriu que ele havia sido vendido para Venceslau Pietro Pietra e resolveu ir atrás dele. Descobriu que na cidade tudo era máquina e nem dava para brincar com elas. E foram atrás do Venceslau que, na verdade, era Piaimã, o gigante, que quase matou Macunaíma, que ficou abusando dele, se tronando conhecido do monstro. Para tentar reaver a pedra se disfarçou de francesa, mas esse queria brincar para dar a pedra e, quando descobriu a falsa francesa, quase matou o herói novamente. Esse resolveu ir para macumba para tentar matar o gigante, onde, após tornar-se filho de Exu, conseguiu que o outro fosse bem judiado, mas não conseguiu mata-lo. Logo após a macumba, o herói encontrou Vei, a sol, que queria casar suas filhas com ele, que não resistiu a abstinência, todavia, e voltou para junto dos irmãos. E no dia do Cruzeiro, ele brigou para explicar a verdadeira história das cinco estrelas, que na verdade eram o Pai do Mutum. Ele continuou aprontando das suas e um belo dia descobriu que o gigante havia ido para a Europa. Resolveram que deviam ir atrás, mas não dava o dinheiro. Continuaram vivendo como dava até o gigante voltar. Macunaíma resolveu então mata-lo para reaver a Muiraquitã e depois de balança-lo num balanço onde ele sangrou muito Piaimã morreu e a Muiraquitã voltou. Os três irmãos resolveram voltar para o Mato Virgem, onde reencontraram Iriqui, que foi para o céu quando o herói só quis saber da princesa que ele arranjou quando fugia de Oibê, de quem havia comido uma pacuera. E nada se caçava ou pescava; cada plano encontrado por Jiguê era roubado por Macunaíma e quando o irmão se revoltou, o herói jurou vingança, enfeitiçando um anzol que comeu o corpo do mano deixando apenas a sombra. E a princesa mandou a sombra comer Macunaíma e nada dela conseguir, pois o herói era mais esperto; e a sombra comeu todos, menos Macunaíma, que ficou sozinho. A sombra virou a segunda cabeça do urubu. E o herói contou sua história para o papagaio que achou; e, como estava a muito tempo sozinho, teve uma enorme vontade de brincar, mas não tinha com quem. Vei tentou engana-lo, seduzindo com Uiara no fundo do rio mas não conseguiu, ficou com raiva, pegou num rabo-de-tatu de calorão e gasgou o lombo do herói, que perdeu a perna, os tesouros e os dedos, que foram comidos por piranhas. Conseguiu reaver tudo, menos a perna e a Muiraquitã. Resolveu ir rever Ci no céu e foi para lá, sendo transformado em estrela pelo Pai de Mutum. E tudo isso chegou até nós graças ao papagaio.