Resumo - São Bernardo

Paulo Honório queria escrever um livro que contasse sua história. Pediu ajuda para alguns amigos, que após concordarem com a ajuda desistiram. O único que não desistiu foi o redator do Cruzeiro, Azevedo Gondim, que escreveu os dois primeiros capítulos, após conversar com Paulo, mas não como ele queria. E teria abandonado a empresa se um pio de coruja não tivesse lhe acordado lembranças antigas... e o fazendeiro começou o livro com o pouco que tinha de conhecimento.. conhecia mais sobre coisas ligadas ao seu trabalho e que já lhe tinha feito enriquecer. Órfão de pai e mãe, morou com um cego, depois com a velha Margarida, que vendia doces. Trabalhou para nada até os 18 anos, quando, por conta de um cabritinha sarará (Germana), esfaqueou João Fagundes e foi preso. Na prisão aprendeu a ler e, ao sair de lá começou a trabalhar para enriquecer. Todos os que lhe exploraram uma hora ou outra saíram prejudicados. Depois de um tempo, começou a ser seguido e auxiliado por Casimiro Lopes. Chegou em Viçosa, trabalhando para Salustiano Padilha, que quando morreu deixou tudo para o filho, que não sabia cuidar direito do que possuía. Paulo começa explorar o rapaz, emprestando-lhe dinheiro, tendo-o na mão. Quando o jovem já não tinha mais como pagar, Paulo deu o golpe: foi cobrar tudo e pediu o preço do São Bernardo: receberia o dinheiro ou compraria a fazenda, mesmo que essa estivesse arruinada. Depois de muita discussão a compra foi fechada e, descontado as dividas pagou 7 contos e 550 réis. Todos descordaram da ação de Paulo, incluindo Mendonça, vizinho da fazenda, que vivia a invadir as terras da mesma. O primeiro ano foi difícil: a safra era ruim, o trabalho muito, era difícil até pagar os poucos funcionários que tinha. Uma noite ouviram passos no lado de fora, e no dia seguinte Mendonça parecia inquieto. Nesse dia discutiram eleições, que estavam próximas. Nesse dia ficou de vigia, para ver se alguém aparecia. No dia da eleição Mendonça recebeu um tiro. Por esse tempo, Paulo conheceu Ribeiro, velho que já havia sido importante na vida, alguém de todos dependiam mas que, com o crescimento da cidade e chegada da modernidade, não serviu para mais nada e foi trabalhar de gerente e guarda-livros da Gazeta. Depois foi contratado para trabalhar de guarda-livros no São Bernardo. Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, foi proibido na fazenda a aguardente. E em 5 anos ele prosperou mais do que esperava. Também invadiu algumas terras vizinhas, como a do Mendonça (logo depois iria ajudar as filhas do homem, mas não abriu mão das terras), e desafiou os que estavam descontentes com o ato a resolver na justiça. Levou um pouco de modernidade àquelas terras. Quando viu necessidade, construiu a escola, chamando Padilha para ir lá dar aula. Deram-lhe a opção por Madalena, jovem prendada, nova professora na cidade, porém ele preferia Padilha, mesmo. Por essa época encontrou a velha Margarida (a quem mandará procurar) e mandou trazer para perto dele. Paulo pagava para que os jornais não publicassem coisas que o difamassem. Após encontrar a preta que o criou, o fazendeiro tratou logo de arrumar um jeito para trazer a velha para perto de si, velha essa que só queria um canto para encostar, fogo, um pote e um tacho. Não demorou muito para surgir desejos de casamento no fazendeiro, mas nenhuma mulher que conhecia lhe servia. Nessa época pegou Padilha, colocando idéias comunistas na cabeça de Casimiro (que já estava conformado com sua situação) e Marciano (que apoiava o professor) e teria demitido os dois se a mulher de marciano não viesse pedir por eles. Ao final deu uma boa bronca e deixou os dois na fazenda. Brito lhe tirava dinheiro, desde que a Gazeta havia passado a defender a oposição. E quanto mais ganhava dinheiro, mais queria, até o fazendeiro se negar a dar. Resolveu então casar com a filha do juiz, D. Marcela, que lhe traria boas ajudas. Mas lá viu outra moça, acompanhada de uma senhora, que não conhecia mas por quem se interessou bem mais. Nesse dia conversaram sobre política, ao que a rapariga mostrou-se interessada. E ele não sabia como descobrir quem era. A Gazeta, após o fazendeiro negar o dinheiro, começou a difamar o mesmo. Esse teve apoio do Cruzeiro, que circulava pouco, mesmo assim foi tirar satisfações. Pegou o trem e foi para Maceió, onde brigou com Brito na rua, e só teve sua situação limpa com a polícia após a ajuda de um bacharel. Na volta, sentou-se d. Glória, a senhora que acompanhava a moça por quem se encantará. Ela reclamava do modo de vida da cidade, da falta de conforto, queria ir com a sobrinha, Madalena (a mesma anteriormente comentada) para a capital, queria que a sobrinha ganhasse mais. O fazendeiro deu a sugestão de cuidar de galinha, negócio que dava dinheiro, e convidou a senhora para ir visita-lo no São Bernardo. Ele a acompanhou até a casa (junto com a sobrinha, que tinha ido pegar a tia na ferroviária) e reforçou o convite. E, conversando com os amigos (que já sabiam do ocorrido em Maceió) procurou saber mais sobre Madalena, que escrevia artigos para o Cruzeiro. Pensou na possibilidade de levar a professora e coloca-la no lugar de Padilha. E, com o pretexto de saber a resposta, começou a freqüentar a casa das duas. Ela, ao final, não aceitou, e ele pediu-a em casamento. Ela prometeu pensar, mas um belo dia Gondim chegou cumprimentando o fazendeiro, que mudou de assunto mas, depois, usou isso como pretexto para adiar a decisão da jovem, que aceitava para dali um ano. Mas ele se precipita, e em uma semana estavam casados. D. Glória achou que a vida poderia ser suportável por ali. Já Madalena tratou logo de arrumar coisas para fazer, entre elas a caridade entre os habitantes da fazenda. Paulo não gostava daquilo, mas fazia o que a esposa pedia. Ela caiu nas graças de Ribeiro, mas não na de Padilha. E, por conta do salário do Ribeiro, ocorreu a primeira briga do casal, dando a responsabilidade para d. Glória, que só tinha dito que concordava com a sobrinha. Em alguns momentos, o autor pára para relembrar o passado, se lastimar do que deveria ter feito e não fez. Depois Madalena declara que estava errada, tenta ajeitar as coisas. Também queria algo para fazer, e Paulo lhe designa para fazer a correspondência. Ela também cuidava para que não faltasse nada a ninguém e para que a escola fosse boa. Alguns funcionários achavam-se, então, no direito de explorar. E, se recebiam uma lição mais dura, a professora lhes ajudavam. Já d. Glória passava seus dias conversando com Ribeiro. Quando Paulo percebeu que o serviço não rendia por conta dela, proibiu-a de entrar no escritório. Por essa época Madalena engravidou e Paulo tentava não a contrariar. Ela tomou as dores da tia, declarando que essa trabalhava muito, até tentou mostrar semelhanças entre a vida da tia e a do marido. Ela havia trabalhado muito para dar educação a sobrinha. Tempos depois, qualquer coisa que acontecia na fazenda era culpa de Madalena e suas benfeitorias. Se encontrava o povo da casa conversando, eles paravam logo que o fazendeiro chegava. Ele desconfiava que o assunto era contra ele. O único fiel ainda era Casimiro. E ninguém ligava para o menino, que havia nascido. Num jantar de dois anos de casamento, no mesmo dia em que foi pego colhendo flores para Madalena (a pedido da mulher) e que Paulo tinha idéias confusas, começaram a falar de revolução e política na mesa. Madalena parecia muito interessada no assunto, muito mais do que seu marido consideraria normal. Esse começava desconfiar que a mulher era comunista e talvez estivesse tendo um caso com alguém. Para tirar qualquer suspeita, mandou Padilha morar na escola. Paulo preocupava-se com a mulher pois ela não era ligada a religião, sabida demais. E quanto mais pensava, mais desconfiava dela. Seu filho, só cuidado por Casimiro, só tinha traços da mãe. E o fazendeiro desconfiava de tudo, até investigava as coisas da mulher, levando essa ao desespero. Ele considerava que ela não gostava dele, que tinha motivos para traí-lo. Quando pegou-a escrevendo uma carta ao Gondim, brigou com ela, que não lhe mostrou o que nela havia escrito. Ela chamava-o de assassino. Ele odiava todos que tinham contato com ela. Depois da briga ele se acalmava e mudava de opinião, concluía que tudo era culpa do Padilha. Resolveu demiti-lo, deu-lhe um mês. Ele disse que toda sua vida foi estragada por Madalena, que não havia feito fuxicos, muito pelo contrário, mas não conseguiu nada. E tudo que Paulo queria Ter era certeza da inocência da mulher, mas desconfiava de tudo. As vezes tinha sensação de passos, assobios. Pensava que eram sinais para Madalena, dava tiros, acordava a casa. Isso entristecia a mulher, que ficava cada vez mais doente. Quando foi o serviço (tirar corujas) na torre da Igreja, Paulo viu de longe tudo que possuía. Também via Madalena escrevendo no escritório. Quando desceu, encontrou na frente do escritório uma folha com a letra da mulher. Ficou com raiva, apesar de não entender completamente o que estava escrito nem saber para quem era a carta. Depois de muito pensar na carta, encontrou Madalena na Igreja, e resolveu conversar com ela lá na sacristia. Ela assumiu a autoria da carta, mansa, e disse-lhe onde estava a outra parte da carta. Ela estava cansada, pediu desculpa dos desgostos que havia dado ao marido, falou do ciúmes doentio do marido, para ele tratar melhor a tia e outros. Ela não queria briga, e perguntou o que ele faria se ela morresse de repente, diz o que ele deveria fazer com suas coisas caso isso aconteça. Ele tenta melhorar o assunto, programando uma viagem, ela mudava de assunto e depois de um tempo foi. Paulo ficou por ali, parado, acabou dormindo, pensando sobre seus últimos 3 anos. No dia seguinte, encontrou a mulher morta, na cama; no chão, manchas de líquido e cacos de vidro. Chegou a acreditar que tinha fé e, desiludido, vai até o escritório, onde encontra a primeira parte da carta, que era uma carta de despedida à ele. Para se distrair, Paulo começa a trabalhar loucamente e pensar. D. Glória resolveu ir embora, já que nada mais a prendia lá. Ele lhe dá dinheiro e, mesmo insistindo, não conseguiu mante-la por lá. Logo depois, quem pedia demissão era Ribeiro, também sem ter para onde ir. Padilha, por sua vez, não havia ido embora. Servia de companhia, ao menos. Mas boatos de revolução o levou, junto com alguns caboclos, para as tropas revolucionárias. O Partido havia caído. O filho crescia sem muito jeito para continuar com a fazenda. As vezes alguém aparecia para jantar. Mas nada mudava os pensamentos de Paulo, que ainda pensava em Madalena. E o último ano estava sendo ruim: muitos estavam quebrando, os preços caiam, não adiantava produzir muito. Ninguém mais comprava pagando antes. Surgiam boatos que o São Bernardo era ninho de revolucionários. Os bancos não emprestavam mais dinheiro. Algumas questões de limites foram reabertas. Só restava andar, como estivesse procurando alguém. A idéia de escrever o livro surgiu quando não mais aparecia gente para conversar. O pio da coruja ressuscitou a idéia. E ele escrevia, se ocupando, vendo a velhice chegar, as cercas avançando sobre suas terras, a crise ainda não superada. Mas para que acabar a crise? Não haveria com quem viver a riqueza. Concluía o quanto havia sido explorador, tratava como bichos pessoas que eram iguais a um ele passado. Pensava nos erros que havia cometido, como seria se não tivesse feito algumas coisas. Ele está isolado do mundo, errou e estragou a vida, não consegue mudar. Nada mais lhe resta..... nem terminar o livro...........

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