São Paulo,
 
News
Release
Equipamento
Trabalhos

Workshop

 

 

 

 

workshop
 

Nessa seção encontra-se textos escritos pelo próprio Evandro,
referentes à bateria e a música. São textos de caráter pessoal,
que expressam idéias e opiniões pessoais.

= Ser um (a) baterista ou um (a) "tocador (a) de bateria" =


Saudações !!! Pensei em algo interessante para colocar aqui em meu primeiro contato, e cheguei a conclusão que seria proveitoso abordar esse tema. Ele sempre vem à tona em minhas aulas, cedo ou tarde, com qualquer aluno. E mesmo em conversa com amigos sempre discutimos e classificamos "fulano" como um "ista" (baterISTA, guitarrISTA, baixISTA, etc) ou "tocador de" (tocador de bateria, tocador de guitarra, etc). O que vem a ser isso ???

Costumamos classificar de "ista" aquele cara que sabe tocar. O real instrumentista. O cara que só de olhar sua postura, sua pegada, percebemos que estudou. O "tocador de" seria o cara que toca de ouvido, cheio de vício, que faz sempre a mesma virada, o mesmo groove, que não sabe ler uma linha de partitura. Enfim, o cara que apenas produz ruído no seu instrumento.

Infelizmente, principalmente aqui no Brasil onde não existe uma cultura musical de base, é muito mais fácil encontrarmos "tocadores de" do que "istas". Muitos se interessam por um instrumento, compram um qualquer, aprendem a produzir um sonzinho mais ordenado (o que definitivamente não é música) e começam a achar que isso é o suficiente. Infelizmente também, nós temos a "maldita" mania do autodidatismo. Brasileiro acha bonito dizer que aprendeu tudo sozinho. Mas qualquer pessoa com discernimento sabe que isso, com rarissísimas exceções, não existe. Qualquer coisa, para se fazer bem feito, tem que ser estudada antes. E música é assim. Além da parte física de se tocar um instrumento, a parte técnica que tem que ser treinada a exaustão para se chegar a um nível bom, ela ainda é uma ciência exata. Para se poder "brincar" com os tempos e suas variantes é necessário um estudo. E eis que separamos os "tocadores de" dos "istas". Ainda na ótica abordada no início desse parágrafo, podemos estender um pouco mais. Muitas vezes existe a vontade de se tocar um instrumento, mas não há a possibilidade, devido a parte financeira. Todos nós que tocamos conhecemos a enorme diferença existente entre os custos de um instrumento importado e um nacional. E, mais uma vez infelizmente para nós, a diferença na qualidade. Apenas de alguns poucos anos para cá que as empresas nacionais passaram a se preocupar realmente com a qualidade de seus produtos. Com a abertura das importações no governo FHC, as empresas nacionais se sentiram pressionadas a produzir mais e com mais qualidade. Houve uma melhora muito grande nos equipamentos, mas ainda estamos "comendo poeira". Por um lado isso é muito bom, pois ao iniciarmos nossa carreira podemos contar com o equipamento nacional. O problema se apresenta quando precisamos de um instrumento top. Quando estamos no momento da profissionalização, ou ficamos com os instrumentos importados ou ficamos com os nacionais a preço de importados !!! Isso dificulta qualquer início de aprendizado de um instrumentista. E, aliado ao total descaso dos governantes em facilitar a vida do futuro músico, as coisas realmente se tornam bastante complicadas. Em países da Europa a música é matéria fixa no curriculum escolar. Aqui no Brasil isso já aconteceu. Eu mesmo tive o prazer de estudar em uma escola em que tive aulas de música durante um ano. Meu primeiro contato com a percussão foi ali, e com certeza meu amor pela música nasceu ali. E, particularmente, não entendo o por quê disso. Com tantos músicos atuantes na área do ensino, com tanta procura por aulas de música, tudo seria tão mais fácil caso nossos governantes ajudassem. E, com essa postura, os "tocadores de" se proliferam, enquanto os "istas" são cada vez mais raros.

Em minha área é muito comum ver "tocadores de". A bateria é um instrumento fácil de se tirar som. Logo, qualquer pessoa com o mínimo de coordenação motora acha que sabe tocar. "Tenho conhecimento básico" é o que mais ouço. Aí pergunto se a pessoa conhece um single stroke roll e geralmente recebo um não como resposta. Se a pessoa não conhece esse rudimento (ao menos "não foram apresentados") não existe conhecimento básico, pois ele é o mais básico de todos !!! Existe muita mediocridade em minha área, muitas viradas repetitivas, muitos grooves maçantes, muito cara se preocupando em "espancar" a bateria e esquecendo de tocar. Isso é um lugar comum em estilos como o Heavy Metal e suas vertentes. Em um dos últimos cursos que participei, um dos alunos era o baterista de uma banda de Metal emergente no cenário (claro que por motivos éticos não citarei nomes). Lembro de um dos roadies estar passando o som, "descendo o braço" na coitada da bateria, quase sem técnica. Fiz um comentário com ar de depreciação e a resposta que ouvi desse baterista foi "é assim que tem que ser". Ali senti que o futuro do nosso Heavy Metal pode estar nas mãos de um bando de "pedreiros"... definitivamente, ter pegada não significa esmurrar os tambores como um ogro do pântano enfurecido !!!

Por tudo isso fica a dica: se você já toca algum instrumento ou pretende tocar, faça aulas. Procure uma boa escola, uma escola séria (pois nem todas tratam o aluno com o devido respeito). Consulte professores particulares (que em muitos casos tem mais a lhe oferecer do que uma escola), compare os métodos, a experiência, sempre que possível faça uma aula demonstração. Não opte apenas pelo curso de menor custo. E, já matriculado num bom curso, estude muito. Seja disciplinado. Faça valer sua hora ou suas horas de estudo. Discuta seus conhecimentos com outros instrumentistas, não tenha vergonha de saber menos do que alguém. Saber admitir suas limitações já é um ótimo começo. Trate sua música como algo de valor e supremo. Apenas quando todos tivermos essa postura poderemos sonhar com um país sem "tocadores de" e com muitos "istas". Um abraço a todos e bons estudos !!!

VOLTAR

 
Personalidade
Mídia
Fotos
Links
Guestbook

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tic Tac Design