Conto
Nossa Senhora Aparecida
PREPARATIVOS
- Estavam no anoitecer do dia 16 de Outubro de 1717 e a temperatura era
agradável com uma suave brisa agitando as ramadas das árvores. Os pescadores fizeram seus preparativos, colocaram as canoas no Rio Paraíba e remaram em busca dos peixes, fazendo os primeiros lanços de rede no porto de José Correia Leite. Sem freqüência padronizada, mas com bastante habilidade e perícia, lançavam e recolhiam a rede em diversos lugares, mas os peixes não apareciam. As horas corriam ligeiras, o relógio já marcava 23 horas, sem que as redes dos barcos espalhados em diferentes áreas, conseguissem trazer um peixe sequer. Desiludidos, quase todos os pescadores abandonaram a pescaria aproximadamente a meia-noite, certos de que aquele dia não era próprio para pescaria, como diziam: " os peixes tinham sumido do rio". Somente permaneceram dois barcos: um com Domingos Alves Garcia e João Alves, pai e filho e o outro com Felipe Pedroso, cunhado de Domingos e tio de João.
PORTO DE ITAGUAÇÚ
- Já rompia o dia com o clarão dos primeiros raios de sol, e os três pescadores estavam bem distantes do local onde iniciaram a pescaria. Aproximavam-se do porto de Itaguaçu, sem que seus esforços tivessem sido recompensados com uma boa quantidade de peixes. O Rio Paraíba que era o sustento deles, nunca tinha se portado assim, tão hostil. Mas não podiam desanimar, porque precisavam do dinheiro que receberiam com a venda dos peixes. Tinham sérios compromissos a serem saldados e também, não é todo dia que chega um visitante ilustre em Guaratinguetá para ensejar-lhes a oportunidade de comercializar muitos peixes. Era uma chance que precisava ser aproveitada. Por causa da visita do Governador da Capitania, tinham sido recomendados pelo pessoal da Câmara: "se levassem muitos peixes seriam bem remunerados".
João Alves, o mais jovem, chegou a exclamar: "será que pescaram todos os peixes do rio e esqueceram de avisar-nos?" E no silêncio da madrugada só se ouvia o riso humorado dos três, que sem compreenderem o que acontecia, comentavam o fato com tranqüilidade de espírito e com plena aceitação da ocorrência , sem apelações, impropérios ou qualquer manifestação rancorosa. Sem dúvida, precisavam dos peixes e lutavam tenazmente para conseguí-los, mas aceitavam com dignidade o fracasso da pescaria.
Agora estavam no porto de Itaguaçú ... O suor brotava de suas fontes morenas, queimadas pelo sol, enquanto perseverantemente insistiam na faina de lograr êxito na pescaria. E aí aconteceu o imprevisível ...
ACONTECEU O MILAGRE
- João Alves após lançar a rede em busca dos peixes, depara ao recolhê-la, com o corpo de uma pequena imagem de barro, sem cabeça, embaraçada nas malhas da rede. Examinou-a com cuidado e mostrou-a aos outros dois, que como ele, ficaram admirados com o achado. Envolveu-a na sua camisa e colocou-a num canto do barco. Remando um pouco mais para alcançar outra área, decidiu lançar a rede em busca dos peixes. Seus companheiros silenciosamente observavam. Outra surpresa ... Uma pequena bola de barro, bem menor do que as malhas da rede, vinha embaraçada nela. Cuidadosamente removeu o lodo com a mão e viu tratar-se da cabeça da imagem! Era uma Santa feito de barro escuro ... Era a imagem de uma Senhora ...
Os três estavam admirados!... Como foi possível as malhas da rede reter aquela pequenina cabeça de imagem? Mas ela estava ali, desafiando as leis da física e das probabilidades, uma linda imagem escura, com feições delicadas, 39 centímetros de comprimento e pesando um pouco mais de quatro quilos. Era a Senhora "Aparecida" que surgia num véu de espumas das águas barrentas do Rio Paraíba.
Quem a teria sepultado naquele leito, adormecida em espesso lençol de água doce? Algum ladrão sacrílego que a arremessou ali, envolto pelo remorso, para libertar-se do furto que lhe corroía a alma? Alguma pessoa de fidelidade dúbia, que não recebendo o benefício solicitado numa promessa, vingou-se sacrilegamente, desabafando sua decepção doentia na pequena imagem, quebrando-a e lançando no rio?
Um verdadeiro mistério ... Ninguém sabe como foi parar ali aquela imagem. Um fato que desafia toda imaginação e que jamais foi desvendado, apesar de acuradas e perspicazes investigações.
A segunda peça encontrada, depois de limpa, foi também envolvida na camisa de João Alves, e juntas ficaram depositadas num cantinho do barco. Uma atmosfera de mistério cercou o espirito dos três homens, eles estavam surpresos e maravilhados com o que acabava de suceder-lhes. Era portanto, muito natural que existisse no íntimo de cada um, uma imensa expectativa ... E agora, o que irá acontecer? Será que nos próximos lanços, as nossas redes trarão mais alguma "novidade" para o barco?
Sem dúvida, era um grande suspense, que os deixou momentaneamente pensativos e indecisos, sem palavras e sem qualquer ação. Mas, a resposta àquela indagação, só poderia vir se eles fizessem novos lanços. E por isso mesmo, a decisão não se fez esperar e a rede foi atirada novamente ao rio... Repleto de expectativa e curiosidade, lentamente João Alves começou a recolhê-la, e logo de inicio observou algo anormal, um peso volumoso que a pressionava para baixo e que quase arrastava o barco. Com dificuldade, os três se juntaram e puxaram a rede retirando-a do rio. Que maravilha! ... Estava repleta de peixes ... Tão copiosa tornou-se a pesca, que em poucos lanços, encheu as duas canoas com um pescado de excelente qualidade. E tantos eram, que encerraram a pescaria, porque os barcos já estavam quase afundando com o peso.
Antes de se dirigirem à Câmara Municipal a fim de entregarem os peixes, levaram a imagem para casa, entregando-a aos cuidados de Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, mãe de João e irmã de Felipe.
SIGNIFICADO DO MILAGRE
- Foi um prodigioso milagre, análogo àquele que o Novo Testamento descreve, ocorrido nas águas do Mar de Tiberíades (Lago de Genesaré), na Galiléia. JESUS Ressuscitado, para se fazer conhecido pelos Apóstolos, mandou que lançassem a rede à direita da barca. Eles embora titubeantes atenderam ao desconhecido e tiveram uma encantadora surpresa, ao verem a rede milagrosamente cheia de peixes de primeira qualidade, depois de passarem uma cansativa noite de labuta, sem terem pescado nenhum.(Jo 21,1-14)
Aqui, para nós brasileiros, a pesca milagrosa foi o sinal sensível que confirmava a presença Divina entre nós. O encontro da pequena imagem, serviu para identificar e lembrar-nos a quem devemos recorrer nas dificuldades, angústias e tristezas que acontecem na caminhada existencial e a quem devemos direcionar nossas súplicas para alcançarmos a misericórdia do Senhor.
Nossa Senhora, se faz representar por aquela pequenina imagem de barro terracota, para percepção de todos e gravar indelevelmente no coração de seus filhos, sua presença amorosa, maternal e plena de carinho, no seio da nação brasileira, para auxiliar e ajudar todos aqueles que buscarem sua inefável proteção.
Por outro lado, a imagem quebrada, tendo o corpo separado da cabeça, suscita em nossa mente a idéia de que o Criador quer sempre restabelecer a união do Corpo (o Corpo da Igreja, todos nós cristãos) com a Cabeça(Cristo Jesus é a Cabeça da Igreja), recompondo a unidade Corpo-cabeça conforme o modelo Divino, que é quebrada pela humanidade todas as vezes que as pessoas se afastam do Deus, praticando uma ação indígna, cometendo uma transgressão, infligindo de alguma forma a Lei de DEUS, em outras palavras, sempre que cometerem um pecado. E fazer isto, reabilitando a integridade humana e recompondo a unidade que o pecado separa, exatamente por meio de Nossa Senhora Aparecida, porque Ela é nossa Mãe, Intercessora e Advogada de todas as causas junto ao nosso Pai Eterno, luz brilhante que ilumina e inspira nossos passos nas trevas da vida, poderosa e eficaz protetora contra todas as investidas do maligno.
Também a cor morena da imagem tem um significado muito profundo, porque Deus ao escolher a cor negra para representar Maria, quer simbolizar a fusão das diversas raças no território brasileiro, ensinando-nos que devemos viver harmoniosamente sem preconceitos. Assim, o culto a Nossa Senhora através da pequenina imagem escura, representa um sinal e garantia de libertação de "todos os escravos", dos cativos da opressão do trabalho que escraviza, dos prisioneiros do pecado e do vício, dos escravos da cor, num grito de alerta contra o desamor, contra a falta de entendimento e contra as consciências embotadas pela discriminação e pelo racismo.
MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS
- Muitos foram os milagres que o Criador realizou e ainda continua a fazer, pela intercessão poderosa de Nossa Senhora Aparecida, sinais de todas modalidades possíveis e imagináveis, curas físicas extraordinárias onde a ciência não conseguiu nenhum resultado , deram origem a uma quantidade notável de "ex-votos" de todas as formas e tipos, que superlotam um amplo salão na Basílica Nova, construído especialmente para esta finalidade. E a atuação de Maria não é direcionada para um determinado tipo de pessoas, ela é universal, ou seja, abrange todas as classes sociais, beneficiando com misericórdia e atenção, todos que tem fé, que a procuram e suplicam o seu auxílio e proteção. É verdade também, que Ela tem um carinho especial pelos menos favorecidos, por aqueles subjugados pelo trabalho e pelos escravos dos vícios, que procuram a sua poderosa proteção, a fim de ficarem curados e reintegrarem-se à sociedade.
Cegos recobram a visão, coxos voltam a andar, cardíacos condenados à morte pela medicina ficam completamente curados e cheios de vida, mudos voltam a falar e muitos outros notáveis milagres, fazem parte de uma imensa lista de ocorrências Divina, pela intervenção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida Apenas para evidenciar um pouco as Obras de Maria, citaremos com detalhes dois fatos ocorridos na época do Brasil Colonial, fatos curiosos que se encontram registrados no Livro da Cúria de Aparecida.
Naquela época, muitos escravos não suportando o trabalho intenso e os cruéis castigos, que aos poucos corroíam suas forças e lhes tiravam a vida, arriscavam-se e fugiam. Era preciso tentar a liberdade, desaparecer daquele ambiente onde o trabalho representava um tormento insuportável. Mas na mentalidade vaidosa dos senhores de escravos, a fuga de um escravo era uma ofensa moral imperdoável, que exigia uma pronta reparação e imediata repressão.
ESCRAVO ZACARIAS
- Certa feita, um escravo de nome Zacarias, que vivia na senzala de uma grande Fazenda no Estado do Paraná, cansado de sofrer maus tratos, fugiu em direção ao Estado de São Paulo. De imediato saiu a sua procura um famoso "Capitão do Mato", como eram chamados os perseguidores de escravos. Vasculhou todas as regiões circunvizinhas até que o encontrou e prendeu próximo a Bananal, em São Paulo. Depois de acorrenta-lo com pesados grilhões nos pés e nos braços (um conjunto de argolas e barras de ferro pesando mais de 7 quilos), o conduziu de volta ao Paraná. Entretanto, ao passarem pela Vila, em frente à Igreja de Aparecida, cansado e com fome, com os pés repleto de cortes por caminhar descalço por estradas pedregosas e cheias de mato, pediu ao seu caçador para descansar um pouco e rezar na Igreja. O algoz permitiu e aproximou-se a cavalo da porta de entrada da Igreja, enquanto Zacarias caminhando uns passos, caiu de joelhos ao chão em suplicante e dolorida oração. Para espanto do Capitão, de diversos alunos de um Colégio ao lado da Igreja e de muitas pessoas na rua que presenciaram a cena, viram soltar-se milagrosamente os grilhões que prendiam os pés e braços do escravo, caindo ao chão com grande barulho, deixando-o em liberdade.
Zacarias em prantos segurou as correntes com as mãos e correu pelo interior da Igreja, prostrando-se junto à grade que separava o Altar onde estava a VIRGEM MARIA, com o rosto e as mãos estendidas no chão, com as lágrimas inundando suas faces, agradeceu à NOSSA SENHORA pela providencial e maternal proteção.
O Capitão do Mato desmontou do cavalo e seguido por pessoas que testemunharam o fato, entrou na Igreja decidido a não levar Zacarias para o Paraná, compreendeu que se tratava de uma intervenção sobrenatural e por essa razão, concordou que ele devia ficar em liberdade. Pediu ao Tesoureiro da Igreja, que estava presente, uma declaração narrando todo o acontecimento como prova junto ao seu patrão e com a consciência tranqüila de ter feito a melhor escolha, retornou sozinho ao Paraná.
AS PROMESSAS
- Era costume naquela época, dar um escravo a um Santo em pagamento de alguma promessa. Só Nossa Senhora Aparecida, conforme os registros da Cúria, recebeu mais de 60 escravos. Isto significa dizer, que uma pessoa fazia uma promessa solicitando uma graça e prometia se alcançasse o benefício, dar um escravo de presente à Virgem Maria. Os escravos ficavam a serviço da Igreja, trabalhando com o Padre na Fazenda Paroquial, ou com o Tesoureiro em providências necessárias ao abastecimento da propriedade agrícola ou da Igreja, em completo gozo de seus direitos humanos, ou seja, em plena liberdade. E por isso também, nutriam grande afeição pela Mãe de Jesus, em toda oportunidade, davam mostras de seu amor, ofertando-lhe buquês de flores silvestres, que zelosamente traziam para ornar o Altar de Maria.
Muitos daqueles escravos prestaram serviços inestimáveis à Comunidade, inclusive um deles destacou-se como excelente organista, apesar de nunca ter estudado música, tocava magistralmente o órgão da Igreja e se incumbia de organizar e animar os cantos durante as celebrações festivas e dominicais, em louvor a Nossa Senhora.
A verdade é que nossa Maria decidiu por sua grande bondade, dar mostras de seu ilimitado amor pela humanidade, socorrendo e ajudando todos que a procuram com sinceridade, principalmente neste bendito recanto brasileiro, onde diariamente uma multidão de fieis prostram-se aos pés da Virgem, repudiando a maldade e penitenciando-se por causa de seus muitos pecados, num esforço de dedicação e demonstração de amor filial, procurando diminuir a imensa distância que os separam de DEUS.
RELACIONAMENTO COM O CRIADOR
Em nossos dias, falar sobre DEUS exige um cuidado muito especial, em face da
realidade de um mundo secularizado, que busca avidamente a realização do presente, estimulando as criaturas a se firmarem por si mesmas no cotidiano, fazendo a própria história, empenhando-se no trabalho e vivendo de tal modo concentradas em seus afazeres, com os olhos voltados para a Terra, que quase não sobra espaço para olhar o Céu e refletirem sobre o mistério mais importante da vida, que justamente é DEUS.
A par desse comportamento, observa-se uma certa desorientação em muitas famílias, que não se empenham ou não encontram o caminho para empreenderem efetivamente uma busca de soluções para a educação de seus jovens, considerando que a juventude é o tempo de preparação e portanto, o mais importante na vida das pessoas, quando deveriam dedicar-se aos estudos, o desenvolvimento e aprimoramento técnico e científico, adquirindo os conhecimentos necessários à vida profissional e formação do caráter; quando devem também serem despertados para Deus e as coisas sagradas, instruídos através de catequese bem orientada, realçando a necessidade do cultivo e desenvolvimento do espírito da mesma maneira que se preocupam com o aprimoramento físico, com a prática de esportes, objetivando tornarem-se criaturas equilibradas, perfeitamente sadias e normais no Corpo e na Alma, ao invés de viverem uma existência ilusória, fundamentada no falso e irreal exemplo que não orienta e nem constrói, mas que conduz a um preocupante exercício da luxúria e da sensualidade.
Esta realidade rouba em muitas pessoas, a disposição para o trabalho e a perseverança aos compromissos, esfriando consequentemente seus sentimentos mais puros, afastando-os da razão primordial da existência, tornando-os empedernidos e indiferentes, sem estimulo para abrir o coração às coisas espirituais e oferecer condições à oração e participar de eventos religiosos, porque querem viver o presente, onde sempre há um "programa melhor" a espera, que se relaciona com o namoro avançado em libertinagem, a um vigoroso estimulo sexual através de "conquistas" e "esnobações" realizadas a pé ou motorizadas, em muitas oportunidades acompanhadas de alguma forma de abuso e violência.
A ausência de preocupação com as necessidades do espírito, da busca imprescindível do auxílio Divino, modifica as pessoas, tornando-as imediatistas, vivendo em função daquilo que conseguem no cotidiano, fundamentando a existência na conquista material: na posse de patrimônios, na preocupante procura de atualização de bens, na ansiosa e luxuriante busca de prazeres. As vezes até citam o nome de DEUS... Mas sem qualquer finalidade prática, porque consideram o SENHOR como um ser distante, como algo inatingível, segundo eles, um Ser que vive em seu Divino Reino, completamente distante de nós. Não conhecem o Amor DEUS e não acreditam que o SENHOR vive em nosso meio. Desconhecendo estas realidades, estas pessoas não possuem um alicerce espiritual para edificarem a fé, e não acreditando, não gozam da felicidade de entrar em comunhão de amor com este DEUS maravilhoso, que ajuda e protege todos os seus filhos como um verdadeiro PAI, porque está vivo e presente em nossa vida.
Consequentemente, não cultivando os dons espirituais as criaturas perdem a característica essencial de serem à imagem e semelhança do CRIADOR. A existência se vulgariza porque vivem em função dos anseios e objetivos materiais, tonando-se presa fácil para Satanás e seus asseclas.
Em nosso tempo é comum colocarem em dúvida o imenso Amor do SANTO PAI, através de questionamentos, como por exemplo: "se o CRIADOR olha por suas obras e se ELE é tão bom, como justificar as catástrofes que causam tanta infelicidade e acontecem em todas as partes do mundo: como as enchentes, as secas, os terremotos, acidentes terríveis, doenças incuráveis, etc." ?
No entanto, antes de questionar, é importante conhecer a causa dos acontecimentos e observar, que a grande maioria das ocorrências trágicas, tem sua origem nas obras e intervenções direta da humanidade. As criaturas dão expansão as suas ambições desenfreadas, concentrando a atenção somente em atingir os seus objetivos, mesmo que tenham que utilizar recursos condenáveis, desrespeitando o direito alheio, colocando em risco sua vida e de outras pessoas, ultrapassando as barreiras da lei, rompendo o equilíbrio ecológico, mantendo o intelecto fixo nas metas programadas, produzindo em conseqüência o embotamento do bom senso, abrindo um tenebroso campo à insensatez. Os resultados logo aparecem, trazendo sofrimentos, angústias, desespero e aflições.
A poluição generalizada, unida a falta de assepsia, faz nascer germens mais resistentes e desconhecidos, que dão origem a muitas doenças, causando traumas e inquietude nas populações, porque o diagnóstico, não encontra nos produtos químicos a mesma eficiência para a cura que acontecida no passado e em alguns casos, nem existe remédio adequado para combater o mal.
A irresponsabilidade das pessoas, manifestada pela auto-suficiência, descaso ou indiferença, imperícia ou ignorância, pelo abuso ou excesso de confiança, pela ambição desenfreada ou volúpia de poder, faz acontecer acidentes e desastres que são tragédias irreparáveis, que causam tristeza e luto.
O desmatamento irresponsável e não orientado, para a retirada de madeiras e fazer pasto, traz conseqüências funestas porque produz um desequilíbrio ecológico, com alterações climatéricas, cujos efeitos terríveis atingem muitas partes, provocando danos, destruições e mortes. Isto porque, a ausência de árvores, não viabiliza a retenção das águas de chuvas no solo a fim de que penetrem pela terra e alcance o lençol freático. A grande parte escoa para os rios e córregos, produzindo enchentes e inundações, deixando imensas superfícies alagadas expostas a ação dos raios solares, aumentando a velocidade de evaporação da água, formando mais nuvens de chuva, que fechando o círculo hídrico, descem à terra sob a forma de novas tempestades torrenciais, ciclones e furacões, cada vez mais fortes e violentos.
Os prejuízos atingem todas as classes e principalmente os pobres, por exemplo, sem
recursos financeiros para adquirirem um lote urbanizado, acomodam-se nas áreas que encontram, geralmente em terrenos esquecidos nas encostas íngremes de morros, em situações precárias, com um mínimo de conforto e um máximo de periculosidade, onde edificam a residência. Na época das "águas" , as chuvas descem torrenciais e caudalosas pelas encostas, fazendo profundas erosões, produzindo quedas de barreiras, destruindo casas e prédios, causando danos materiais e matando muita gente.
Isto não poderia ser evitado se a administração municipal ou estadual, ajudada pelo governo federal e a iniciativa particular, se preocupassem com o problema e logo de início, não permitissem a edificação em lugares inadequados, reduzindo o volume das construções de risco e providenciando a constituição de um fundo de auxílio aos menos favorecidos, dando-lhes lotes urbanizados em terrenos preparados e ajudando-lhes na construção do lar ?
Da mesma forma, aqueles que produzem desmatamento, não deveriam também serem obrigados a reflorestar outras regiões, objetivando manter o equilíbrio ecológico ?
Claro que sim.
Então, a culpa não é de DEUS, pelo contrário, em face das muitas preces e súplicas que nestas ocasiões lhe são dirigidas, o Pai, misericordiosamente, providencia para que os males sejam atenuados e a gravidade dos acontecimentos seja menos danosa.
Ao longo da história da civilização, facilmente constatamos a existência de uma quantidade incontável de ocorrências lamentáveis nas quais, sempre desponta como causador direto ou indireto, assim como principal responsável por uma somatória de procedimentos condenáveis, o ser humano.
E no entanto, pelas páginas do Novo Testamento observamos como JESUS se comovia diante do sofrimento e da dor. Tanta compaixão sentia, que se apressava em atender a todos que O procurava, curando cegos, coxos, epilépticos, leprosos, exorcizando possessos e ressuscitando mortos. E como sabemos, JESUS não veio revelar a si próprio. Tudo o que fez, seus prodígios e impressionantes milagres, foi em nome e por amor a seu Pai e nosso Pai, ao seu DEUS e nosso DEUS.(Jo 20,17)
Esta realidade nos faz compreender, que provém do Deus só misericórdia, bondade e amor. Ele é o Deus de amor, repleto de compaixão por todos os seus filhos, principalmente para os desajustados e aqueles que buscam a sua inefável e tão querida proteção.
Assim sendo, deveria constituir uma honesta e sincera preocupação das famílias, a "busca de DEUS" , não somente nas "horas difíceis" , mas como providência normal e cotidiana, para o próprio bem e proteção de todos os seus membros. É necessário acreditar e cultivar uma fé sólida na misericordiosa e infinita compaixão do Senhor, que conhecendo nossas limitações e fraquezas, com bondade e paciência socorre todas as pessoas, inspirando decisões, orientando negócios, firmando convicções, sempre concedendo um auxílio concreto em todas ocasiões, nos momentos de angústia, de aflição, de desespero, ou diante de uma catástrofe irreparável, realizando em muitos casos verdadeiros milagres, porque Ele é Pai e Criador, e nós somos a sua semente, suas criaturas, os filhos que nasceram do amor torrencial que brota da Bondade de Seu Divino e incomensurável Coração.