Conto narrado por Diva Zanotta
(Osasco - SP)
Luísa enlouqueceu no dia do seu casamento, ao ver sua prima Ana - morta há três anos - usando seu vestido de noiva, todo ensanguentado. Caso acontecido na cidade de Franca, São Paulo.
Quando Jorge foi trabalhar na fazenda, Ana e Luísa se apaixonaram por ele. Jorge era realmente muito bonito. Ao perceber o fato, o dono da fazenda chamou-o e explicou que não gostava que seus empregados se metessem com as mulheres de lá, principalmente com sua filha e sua sobrinha. Jorge, trabalhador e honesto, respondeu que só olharia mulher direita quando tivesse de casar. Ana, a filha do fazendeiro, tinha 16 anos e, apesar da meiguice e dos grandes olhos negros, não era bonita. Luísa, ao contrário, era muito bonita e sabia disso. A amizade entre elas vinha desde a infância e Luísa vivia elogiando as qualidades de Ana, enquanto esta elogiava a beleza de Luísa. Mas Luísa sabia que Ana era feia e que por isso mesmo Jorge jamais olharia para ela. Foi bem grande sua surpresa quando Ana contou que estavam namorando. "Não seja boba, prima, ele não pode gostar de você. Ele que apenas enganá-la." Ana respondeu: "Não faz mal, eu gosto muito dele e se ele não gostasse de mim não teria marcado noivado." Luísa ficou desesperada e no dia do noivado jurou que eles não se casariam. Foi o que aconteceu: na véspera do casamento Ana foi encontrada morta no meio do mato, com um tiro no peito e outro no rosto. Jorge ficou desesperado, mas a polícia não conseguiu descobrir o autor do crime. Sozinha na fazenda dos tios, Luísa foi aos poucos envolvendo Jorge até conquistá-lo Três anos depois resolveram se casar. Durante uma semana os empregados prepararam a casa. Pelos leitões, frangos e bolos que iam para o forno, esse casamento prometia ser uma grande festa. No dia do casamento, quando o primeiro convidado começaram a chegar, Luísa foi vestir-se. Como estava muito nervosa, pediu ajuda para a tia. Foram para o quarto preparado para a noiva e perceberam que o vestido tinha desaparecido. Imaginando tê-lo esquecido em seu próprio quarto, Luísa foi buscá-lo. Em um dos cantos usando seu vestido de noiva todo ensanguentado, estava Ana, a prima da morta. Desesperada, Luísa correu para fora da casa gritando que Ana tinha voltado para acusá-la. Ela preferiu confessar o crime e enlouqueceu logo em seguida. No manicômia, onde morreu pouco tempo depois, disseram que ela era uma mulher bem pacata, quase normal. Passava o dia inteiro conversando com Ana, com grande amizade, como tinham vivido antes da chegada de Jorge.