a formatura - jan/03

Atenção : isto é uma obra de ficção e não tem compromisso com a realidade, são totalmente frutos da imaginação do autor. 

Seis horas da manhã e lá estava eu confinado na minha humilde existência, resignado, tentando imaginar porque aquele bolinho de queijo estava com um gosto de 3  anteontem...a medida que mascava lentamente aquilo que parecia mais um Ploc sabor gorgonzola, observava sentado do alto de minha cadeira pessoas que se movimentavam ao largo do alcance de meus olhos astigmatizados. Belos vestidos, belas silhuetas, elegantes gravatas, sóbrios ternos, mas nada ardia mais do que aquele vinho branco quente o qual sorvia lentamente. Oh, Deus vós que estais a esquerda de Jesus Cristo, que diabos estão fazendo todas estas pessoas aqui nesta rodoviária? Por que minha cabeça lateja?

E então olhando fixamente para dentro de meu copo, vejo um rosto se formando, meu canário:era a virgem dos vidros duralex.

- Santa Marina! Exclamei.

- Jogaste pedra na cruz, aquela jovem senhorita!

- Virgemaria! Desprovida de beleza, sua sannntidaddde! - já babando e tentando ser polido.

- Há malas que vem para viagem - e assim dizendo ela desapareceu.

De repente as idéias foram se aclarando em minha mente! E minha mão mais que dormente, esticou a pele de meu rosto demente. - Gente, tudo começara naquela tarde quente, lentamente.

E agora pulando do verso pra prosa, vou relatar pra vocês a minha história:

“Duas da tarde, entrava no meu carro, após aquelas horas intensas de trabalho de caridade na cidade vizinha, dirigia ao meu tranquilo rancho, onde a grama é verde no vizinho. Calor de 76 graus Fahrenheit e um estranho frio na coluna que ia do cóccix a minha terceira vértebra, gelava minhas virgens entranhas e me fazia economizar o ar-condicionado e por conseguinte a gasosa (alias os fdps vendem esta por.ra a 2,30 aqui no Mondo Bizzarro). Mas como dizia meu Rei: Eu não venho contando os meus problemas pra você.

Nem notei quando estava a mais de 200km/h e aquela jovem garota parada no ponto de ônibus me sorriu,fazendo sinal de carona, tinha os dedinhos do pé meio tortinhos mas por baixo da blusa se via um grande coração, embora quem ta na chuva é pra pegar pneumonia (all rights reserved – LP productions), isso seria o mau presságio. Isso me fizera lembrar outra celebridade da cena Curitibana, o nome dele era Pablo Hard, ele dizia: - tienes que passar el tractor, tienes que bajar el sarrafito, tienes que afuegar el ganso, tienes que mojar el biscotcho - sin tener piedad!!!

Naquele momento eu soube que devia ter feito engenharia civil. O consolo é que possuía carteira de dirigir empilhadeira, acho que um trator não seria tão difícil. Isso me alegrou! (sorrisos)  Refletiria mais calmamente em casa, a beira da piscina...(mas mal saberia nosso herói do KO da galera (vou explicar para os gaúchos (depois de são Paulo começam os pampas segundo os cariocas, então paranaenses e catarinas somos gauchos) o termo KO -  termo que designa sacanagem, ação enganadora, despiste. Devaneios sobre a origem da palavra levam-me a crer que podem ter vindo do Box: Knock Out = KO ou nocaute em português/ levar a lona o adversário – contrariamente ao abc carioca o termo se pronuncia com o O fechado = ô).

Já chegando em casa, meus piores temores se materializavam, não era o Ballrog, pior que isso somente os balls masulinos, ou seja só zorba na parada.

Minha próstata tinha acabado de me informar que entrara em greve por tempo indeterminado, e não queria negociar!! Entrei em colapso. Respirei fundo, subi até meu quarto peguei a Kelly Key, e levei ela até o banheiro. Apesar da dificuldade de abrir as páginas, um pouco coladas, foi triste e nada aconteceu. - Deus eu não quero ser um morde fronhas!!....aproveitei tomei um banho, relaxei: se o estupro era necessário, espero que ao menos o violador tenha trazido um cigarrinho.

Calma, Calma, é apenas uma reunião de amigos. Ufa, lembrei-me das geladas, que me confortariam naquele momento tragicômico. Olhei de novo pra Kelly, olhei pra Taís. Elas como que entendendo minha dor. Lembrei-me do Cefet. Aquilo sim era pior: o navio pirata.

Encarei o momento como de auto-afirmação. Desci. Cerveja pra lá, cerveja pra cá. Aquilo tava mais pra clube...haja cloro amanhã, pensei com o meu ralo tabacow.

Percebi ao final que haviam motivos nobres para tal reunião: a formatura. E em minha casa estávamos na presença dos formandos.

Hoje seria o baile, então Tico e Teco mais que rapidamente, como que movidos por uma noz gigante, deram-me a seguinte silogia: baile vem da palavra bailar, bailar significa dançar, dançar geralmente é a dois: homem e uma mulher, eliminamos a primeira alternativa, logo baile = mulher. Mesmo assim a próstata estava irredutível, era sábia. Pois baile = convite e eu = não conhecido. Não conhecido = não convidado= sem convite = sem baile = sem mulher = greve e  greve = broxão.

Tico e teco estavam numa tarde de inspiração total: Baile = ir bonito e mulher bonita = salão de beleza, logo as mulheres não estavam em minha casa pois estavam se produzindo para o baile. Ufa, reduzimos bastante a chance de ser uma reunião GLS em minha casa e sim uma reunião CD (canalhas declarados).

Relaxei, descolei-me da parede onde estava encostado acuado e agora poderia me movimentar ate a cerveja mais próxima.

Em contrapartida meus hormônios agora exigiam ir a festa, especialmente nossa amiga grevista. Lá vai o pobre ser do limbo mendigar um convitinho....

Deus escreve torto, pois não fez ortografia. Entretanto sabia que aquele curso Champolion de leitura de hieróglifos serviria para alguma coisa e consegui ler nas entrelinhas a mensagem. Pronunciei as palavras, soou meio élfico e ouviram minhas sinceras súplicas....havia um único convite, entretanto pago. Cheio de sem stress disse “sim aceito”, ao terminar estas palavras um barulho de abertura de comportas se ouve de dentro de minha bermuda e eu soube naquele momento: the strike is over,  a greve está acabada. Yes, yes, yes. É meus amiguinhos quem espera sempre cansa, mas sabias são minhas próprias palavras que dizem: Num guenta, terceiriza. E como galinha que quer acompanha pato, não sabe assar churrasco. Fui pro sacrifício.

Inocentemente, irresponsavelmente e outros entes, ignorei por falta de opção e não por vontade própria as regras de etiqueta do baile de formatura.

Desprovido de terno e gravata, tive de catar algo discreto, pois seria alvo fácil aos olhos fulminantes dos convidados.

Devido a inúmeros acidentes pela imprudência das arvores e postes da região, decidi pegar uma carona e alem de estar quase pra lá de Mafrakesh. De repente vejo ao longe o Graal, não era o cálice sagrado, mas a rodoviária de Resende. Qué isso mermao? Num entendi mais nada.

-Calma, calma...vai dar certo.

Quando nos dirigimos para o salão vejo uma entrada super elaborada do outro lado da entrada pop da rodoviária. E o entra e sai daquele pessoal super engravatado. Dançaste amigo...vc ta fora. Os engravatados perfaziam mais de 90% da festa. Nisso me ocorreu a imagem de meus tempos de Sibéria, onde fazia minha caminhada matinal ao lado dos ursos polares e imaginava porque os ursos polares não comiam pingüim?!!

Subi as escadas do salão, um belo Hall, sofás brancos, tapetes, espelhos tudo chique dernier (no urtimo). Substimei feio a capacidade de sofisticação do Mondo Bizzarro.

Tenho que admitir que a galera estava bem elegante, até as gravatas estavam combinando. “Não cobiçaras a mulher do proximo”. Era difícil. Ruivas morenas, morenas loiras, loiras albinas, castanhos cajus 35, marfim 13, jabuti... Essa Loreal faz milagres!!Com longos vestidos, decotes que mostravam o bom coração, outros que mostravam ate o duodeno. Aquela minha amiga depiladora fez a festa hoje! Pensei. Nossa e as marquinhas de biquíni, que gelicias, é a noite todos os gatos são leopardos. Como todo interior espelha sua capital, devo admitir a preferência nacional é mais evidente no Rio. Nunca vi tanto porta-malas espaçosos.A visão era reconfortante....

Apesar do investimento de 30 paus na entrada,tudo era na faixa: cerveja, vinho, refris etc e uns tira-gosto( para a gauchada: salgadinhos ou aperitivos). Que no final da festa fica tira-gosto de cabo de guarda chuva. Tudo era servido em jarros, exceto o vinho branco. A cerveja era totalmente broxante, parecia aqueles filmes americanos com os jarros de cerveja. A associação com cerveja quente se torna inevitável e causa certo desconforto e não saber a marca da parada é realmente um incômodo.

Primeiro gole, primeira pontada da cabeça e assim foi cada gole um parafuso a mais apertava minha cabeça. Bandinha tocando, e agora chegou o que a galera gostava: sambão...principalmente os sambas enredo....

Fiquei impressionado, parece que a globeleza tinha baixado na galera. Tinha uma loirona tipo 91/2 semanas de amor, que tudo mundo queria ser o Micky Rourke. Cara a dona sambava e tudo me convencia que isso so podia ser obra do Albieri, era uma loira transgenica!!! Ai a galera vestia a carapuça: os caras ou tinham a síndrome de jamelão ou de mestre sala. Eu tive de me conter para não mostrar todo o meu samba contagiante. Fiquei katchasambando ao lado.

Hora do bathroom, desloquei com certa facilidade e no átrio avisto ao longe uma cena impar. Apesar de já estar acostumado com as barbáries cariocas em publico, vi uma imagem que se não fosse chocante seria comovente. Imaginei o seguinte: o cara totalmente bêbado tentando encher o seio esquerdo da moça, que estava levemente mais murcho que o direito, mais estava com dificuldades de encontrar a válvula....quase fui ajudar...mas naquele instante fui puxado para o canto e dali só me recordo de estar sentado aqui olhando os pobres bolinhos de queijo, querendo que eles fossem pílulas de memória. Olhei para baixo, envergonhado e sussurrei para minha calça: sorry!!! E dali veio uma voz: aí é que vc se engana!!!!.......Its heaven or hell?

retorno