show do page-plant - frankfurt - novembro
1998
Como fã incondicional do led zeppelin, não pude deixar de ir ao este show dos mestres Page & Plant enquanto estava em Frankfurt na Alemanha.
Bom pessoal, ai vai um email-relato do Show (concerto) do Page-Plant, vou dividir o e-mail em partes, pois terão temas que alguns poucos se interessarão, e não quero aborrecê-los.
Preparativos: Comprei o ingresso há um mês atrás por 60 Dm(que me disseram que é barato). E vem incluído também a passagem de trem, ou bonde ou metro ate o local do show.Interessante que vc pode comprar os ingressos em qualquer parte da Alemanha(não sei se da Europa também. ).
O Local: O local é o famoso Festhalle, que foi palco de todos os grandes shows de rock desde o seu próprio nascimento, ou seja, o próprio Led Zeppelin(LZ) tocou aqui desde o seu inicio(pesquisei e encontrei o dia 5 de Marco de 1970, como o 1o concerto aqui em Ffm e neste local), ele já viu tudo que ha de melhor em shows do mundo, fantástico pensar assim. E tem boa acústica. Sai de casa as 18:00 peguei o metro e fui ate a estação central de trem, e andei uns 300 m ate a feira do livro(Buchmesse)que tem 10 pavilhões(ver e-mail anterior) e um dos pavilhões é o Festhalle.Fiquei na fila, que era pequena, os 19:00 eles abriram os portões, pude escolher um bom local, escolhi o lado onde o nosso amigo Jimmy Page (JP)tocaria, esperei ate as 20:00 e ai comecou.
O Público: o pessoal era realmente bem mais velho e talvez eles tenham visto todos os shows do LZ ate então, quem poderia saber.Todos bem educados e cheios de roupas, ninguém fura a fila, e muitos poucos mesmo(para um show deste porte) arranjam confusão, alguns mais alcoolizados sós...Consegui ficar a três pessoas da famosa grade e então a uns 7 m do palco.
No Palco: O palco estava meio estranho, duas baterias, umas percussões estranhas, dois sets de teclados, e vários microfones que estavam ajustados para pessoas de 2m de altura e um no meio bem baixo. Achei muito estranho, mas sem lembrar do obvio, fiquei nas divagações...O que poderia ser. Não suspeitei de nada, pois das caras se pode esperar tudo… Bom reconheci os velhos amplificadores que só poderiam ser do JP e fiquei em frente. Tinha ate o velho Theremin(gerador de freqüência) que faz aqueles barulhos massa em musicas como No Quarter e Whole Lotta Love.
O Começo: Entrou um carinha e que ligou o teclado e uma dona estilo oriental e comecou a cantar numa língua muito estranha, a musica era climática, sombria e muito profunda, talvez mantras, talvez cantos profanos, quem sabe da cultura oriental. Bom só pra orientar era um clima Dark. E ai entrou um negão gigante e um cara estilo árabe com turbante e tudo, veio a batera bem firme e reta, e comecou a musica mesmo, (só a essa altura entendi que era a banda de abertura do show, que obvio, agora estava tudo esclarecido, fiquei aliviado) o estilo era uma mistura de ritmos africanos, árabes e musica indiana, numa batida moderna, bem interessante. Cheguei ate me perguntar se estava no show certo, quando veio a resposta: a dona agradeceu ao Page e Plant pela oportunidade de abrir os shows deles… dai foram 40 min de show.
Novos Preparativos: Então rolou uma retirada de equipamento, dai ficou bonito, com vista para o mar, pude me deliciar com aquela (ate modesta) parede de amplificadores (vide item Equipamentos abaixo),
A bateria coisa mais linda, belos pratos… ah sim muito belos… Ao longe os teclados e um bandolim. O cara fez uns acordes na guitarra, meu Deus, que timbre, aquele som de válvulas maravilhoso, lindo, distorção com timbre isso vai demorar no BR, a qualidade dos equipamentos do próprio local...
O Concerto: Comecou num clima, luzes projetadas nos teto, gelo seco. Os músicos entram, JP (parecia o Godzilla, cabelo curto e aquela barriga bonita) fez uma brincadeira dançando como a indiana, todos de preto, e ai veio à porrada. Foram se emendando clássicos e mais clássicos, as musicas novas (foram bem escolhidas: as melhores, que eu previamente no cd novo havia escutado, e gostado) ficaram bem melhores ao vivo. Muitas surpresas. Pude ver tudo, ninguém me atrapalhou visualmente, pude observar tudo e escutar tudo, quase tudo, a amplificação do palco sobrepunha um pouco a do próprio local, pois eu estava bem perto, por isso escutei bem as guitarras. Os caras ainda estão com bastante pique, foram 2 horas de show, sem sair de cima...Momentos calmos e agitados, bem balanceados. Eles ainda usam cabos nos microfones e guitarras, e isso da um charme especial, um clima anos 70 mesmo. Plant conseguia agüentar legal os vocais, mas já não é mais o mesmo, perdeu aquele timbre bonito nos tons agudos, em compensação os médios e graves estão lindos. Mas ele sabe cuidar bem da voz, evitando alguns agudos das musicas originais e deixando para o publico o resto. Lá pela ultima musica antes dos 2 “bis” uma dona encostada em mim(bem em frente) capotei no chão, pro lado, eu continuei vendo o show, ai um pouco do lado mais uma. O fato engraçado é que eram umas garotas + chefinhas(meu parecer: fazem aquela super dieta, neste invernão toma pouco liquido, chegam lá suam bastante(não são acostumadas a exercícios) e perdem água vão pro chão mesmo)...
Considerações Finais: Para os caras aqui ver um show é um fato comum, tem todo ano e vários para escolher, todo mundo sai quieto como entrou, ninguém fica comentando como nos. Para aqueles que foram no show do Page&plant no BR, que foi bem melhor em matéria de show, espetáculo, diversão. Aqui digamos que o melhor termo é concerto, vc vai lá para ouvir, e curtir o som. No BR pula-se se grita e faz-se a festa, são coisas completamente diferentes, ambos são realmente boas experiências. Aqui vc curte as luzes, o som, a musica e como ela é tocada, nos detalhes, nota a nota. Bem cultural…Imagine um concerto do Pink Floyd.
A partir daqui é para fãs de som, musica, rock e Led Zeppelin!!!
Set List: vamos ao que interessa piazada: as musicas.Comecou batendo a poeira com WANTON SONG, muito animal e pesada, emendando bom com HEARTBREAKER, JP ta tocando meio embolado, sujo, já perdeu muita técnica, os dedos não acompanham a cabeça+. Plant daquele jeito, não são mais os mesmos. Mas o que falta mesmo é a cozinha: batera e baixo. Melhoraram um pouco desde o ultimo concerto no BR, mas vc imagina o John Bonham e o John Paul Jones. Sabe aquela liberdade para também criar inventar e improvisar. Percebe-se que a banda ta bem ensaiada, ate nos improvisos… Bom ai veio WHAT IS AND WHAT SHOULD NEVER BE, muito legal, a parte de slide guitar foi demais e a aquela em que a guitarra é estéreo, foi tesão mesmo, de um lado ao outro a guitarra ia, com aquele surround. Ai WALKING INTO CLARKSDALE legal a musica. A grande surpresa, quando li os setlists dos shows anteriores imaginei que NO QUARTER fosse aquela versão acústica que teve no BR, e não foi, foi a versão do disco, ponto altíssimo do show. O cara conseguiu num teclado moderno imitar aquele som original de Mellotron, fantástico. Pena que o cara puxou a musica meio lenta (tipo Kashmir em SP), mas quando entrou aquela guitarra com Wah-wah foi animal...Mesmo e a voz cheia de efeitos, teve ate o theremin, bem como na versão. Teve o solo de teclados e ai vem a bateria (nada especial) e o solo foi muito massa. Teve ate solo no final… esqueci de ver quanto tempo levou… Ai mais uma nova WHEN THE WORLD WAS YOUNG. E o set acústico: GOING TO CALIFORNIA linda só os dois… sem comentários… sentadinhos… TANGERINE muito massa, o solo da versão original foi com bandolim, JP com violão de 2 braços. Outro violão de 2 braços e GALLOWS POLE. Daí uma balada bem legal nova, bem climática e sombria: HEART IN YOUR HAND(com guitarra de novo). Ai BABE IM GONNA LEAVE YOU, muito massa, com uma base totalmente diferente para o solo, como em SP, acordes finais de Stairway to Heaven. MOST HIGH do ultimo LP, melhor ao vivo…
E a sensacional, muito massa HOW MANY MORE TIMES o inicio animal parecia daqueles shows do ZEP, igualzinho, teve aquela base introdutória tipo Dazed and Confused (escutar versões ao vivo de 73 e 75) e então o solo de arco de violino, massa, com um rockao tipo Elvis no meio, fim do 1 ato.
Primeiro bis: WHOLE LOTTA LOVE, com aquelas viagens deu pra ver ele mudando a afinação das cordas antes de brincar no theremin, pra fazer a base sem a mão esquerda(o acorde fica pronto nas cordas soltas), ele aperta uns botões nessa super guitarra que muda as afinações automaticamente. E depois pisou num pedal e voltou a afinação original, teve no meio TRAIN KEPT A ROLLIN´, power.
Segundo bis: (a galera fica batendo palma ate-os voltarem) THANK YOU, muito boa, o JP já tava aquecido e tocando melhor. E finalmente ROCK AND ROLL.
Equipamento: JP tinha como amplificação: 1 cabeçote Marshall e respectivamente sua caixa de 4 falantes abaixo (esse ele usava só pro teremim, eu acho), ao lado um cubão Vox bem das antigas. E então três cabeçotes Fender e respectivas caixas com 4 falantes. 2 microfones afastados para captar esses três Fender, um microfone bem perto do Vos(tipo radio) e um pro Marshall. Pedaleira aquela gigante que tem no vídeo do Acústico, gigante, muda afinação, volume, pedais, não sei se o wah-wah é nela ou é separado. Bom a maioria das musicas foi com as Gibson Les Paul, as 59 e 69, tinham uma vinho e duas envernizadas. Aquela preparada dourada que troca a afinação, ele usou em Whole e + uma nova. Usou uma PRS com alavanca em Walking into… e foi só nenhuma Fender… Ai um violão de 2 braços Ovation para Tangerine e outro de 2 braços Ovation de fundo sintético para Gallows… Going to. Foi um simples de 6 cordas Martin não sei ao certo… Tinha + um Vox de reserva.
A batera era Ludwig(inscrição clássica) aquele bumbo gigante das antiga, toda em metal, a caixa era maior que os toms, e tinha uma mais ao lado normal. Os pratos Zildjan lindos uma cor entre dourado e prateado, inscrições em vermelho(talvez vcs identifiquem o modelo) lindos: cimbals, chinas, rides bem grandes, attacks etc…
Baixo tinha um transparente da Fender bem legal, um contrabaixo acústico original que ele tocou em no Quarter e outras e um Rickenbaker.
Um teclado Korg que fazia legal piano e o som do Mellotron, e mais um órgão de gabinete.
Acho que é só isso pessoal, deu pra esclarecer um pouco do show.Falou Fabio