primeira vez!!
Todo dia eu passava lá na frente dela, mesmo horário, e ela estava lá parada; no fundo, no fundo eu acho que ela me via. Não sei o que acontecia comigo, mas era uma espécie de medo e ao mesmo tempo uma vontade muito grande de ir lá mais perto, sabe enfrentar a fera mesmo...Sabe queira ou não se tratava de uma francesa.
E outro dia de novo, e ela lá, na sombra parada, e eu passava, mas nunca parava. Não tinha como fugir de meu destino teria de ser algum dia, sabe quebrar barreiras, fazer o que nunca tinha feito antes e com minhas próprias mãos, fazer parte daquele momento mágico e entregar-se totalmente, deixar-se consumir por aquele combustível que sem dúvida iria atear fogo em mim.
Mas era preciso ser prudente, cauteloso, no Brasil é simples, sempre tem a mãozinha de alguém, sabe, mesmo sem a gente pedir, tem aquele carinha que te ajuda, e você vai chega e corre pro abraço, só aproveita. E ali não, era diferente, país diferente, língua estranha, tinha que ser cuidadoso, para não causar danos futuros. E ao mesmo tempo eu pensava na modernidade daquela francesa, não sei sabe as brasileiras são lindas, mas não era a mesma coisa. São Tome, São tome, acho que terei de fazer como você, tocar na ferida, além do mais não tinha escolha, estava precisando e muito. Ja estava muito tempo sem, que coisa, mas o medo me impedia de ir lá. Meus Deus, tão simples e que sorte, ela sempre estava lá a sua espera. Bah tri!!!
Certo dia, eu conduzia tranqüilamente, sem me perceber que me aproximava dela...Não me dei tempo de pensar, dei o pisca (sinal, seta) e fui em direção dela, parei ali, bem pertinho dela, saí do carro, olhei em volta e só estávamos lá eu e ela. Nao tinha como voltar atrás.
Aproximei-me dela, sem pronunciar nenhuma palavra, segurei-a com a mão firme, apesar suar muito não tremia, estava decidido...Apertei-a junto ao carro, sabe não parecia muito difícil e fiquei ali curtindo aquele momento mágico...de repente um estalo, o que era isso? Acho que tinha enchido muito, apertei-a aos poucos lentamente ate zerar as coisas, puxei-a, mas ainda escorreu um pouco, que cheiro maravilhoso...Era pura... Sorri, alegre, consegui...Ela estava toda lá dentro... 98 e sem chumbo, caramba, quanto? Trinta litros bah só, e tinha andado seiscentos quilômetros, ou seja, vinte km por litro na cidade. Maravilhosa bomba, que marcava 210 francos. Eu mesmo fiz os 210 redondinhos, peguei o carro fui ate a saída e paguei e esta foi minha primeira abastecida na Europa de próprio punho...
Autor desconhecido