.: O ABORTO   ELÉTRICO:.
"E HOJE EM DIA COMO É QUE SE DIZ EU TE AMO? E HOJE EM DIA VAMOS FAZER UM FILME..."         (Renato Russo)
<<Saiba mais!>>
.:Grandes Clássicos!:.
.:Por onde anda?:.
>>AQUI ESTÃO AS 11 LETRAS  INÉDITAS DO CADERNO DO ABORTO ELÉTRICO<<

Escritas em Brasília por Renato Russo de 1977 a 1981, quando ele tinha entre 17 e 20 anos. Quando o Aborto se desfez , o caderno e tudo o que era do Aborto Elétrico,  ficou na casa do Fê Lemos (ex-baterista do Aborto, atual baterista do capital) no Lago Norte em Brasília, Renato pediu o Caderno doze dias antes de morrer mas não houve tempo pra ele recebe-lo, então, Fê Lemos, prometeu devolver o caderno pra família Manfredini logo depois que Renato morreu. Antes disso, fez uma cópia que guarda a sete chaves mantendo o sonho de um dia remontar o Aborto elétrico e gravar as músicas inéditas do caderno. Antes desse sonho não acontecer, aqui vocês conferem as 11 músicas e comentários do Fê Lemos sobre as mesmas. (Base: Revista SHOWBIZZ ed.142    Texto:. Vanessa Russell  Comentários: Fê Lemos)<<

.:O DESPESTAR DOS MORTOS:.
"Verde Amarelo (4X), Roubaram meu ouro, Roubaram o meu sangue, Roubaram meus olhos e querem mais! Menos guerra, mais pão, vocês de direita, vocês de esquerda são todos babacas, velhos demais, vivendo intrigas de tempos atrás"
(Segundo Fê, este último verso foi tirado de uma música do The Clash. Renato estava sempre pescando influências nos grupos que admirava.)

.:O QUE EU QUERO:.
"Não estou mais afim de estudar. Não vou fazer mais vestibular. Não estou mais afim de me escravizar! Não vou, não vou, não vou trabalhar! O que eu quero mesmo é agitar! O que eu quero mesmo é agitar!" (Essa música só tem essas sete frases mesmo e era bem punk , bem rápida!)

.:LOVE SONG ONE:.
"Você me faz pensar  demais/ Sempre quando quero tentar/  Ser só mais um que quer você. Ah. Não quero entender porquê eu quero saber. Não consigo saber..." (Dizem que a letra foi feita para Flávio Lemos, de quem Renato Russo gostou muito. A música é de Fê Lemos e Flávio.)

.:METRÓPOLE:.
"Faça um favor a si mesmo: cometa suicídio. Se jogue do andar mais alto de um dos seus edifícios. Assalto à mão armada, eu quero a sua vida , eu quero ver você no chão. Pisar nas flores, destruir/construir um estacionamento. As crianças vão Ter que brincar num labirinto de cimento. Eu quero acidentes, eu quero confusão: ferros e freios na contramão. Metrópole fez cinza o meu sangue."
(Renato mudou completamente a letra para gravar essa música com a Legião Urbana. A versão que aparece no caderno é mórbida e violenta, diferente da qual todos conhecem no disco DOIS. Fê lembra que essa música tinha uns riffs pancadas que não existem mais hoje em dia.)

.:BENZINA:.
"Não tenho mais dinheiro nem pra quadra nem pra quina, só tenho trinta mangos, vou comprar benzina. Fui até a farmácia, eu e  minha prima/ Levei trinta mangos, pra comprar benzina. Benzina, benzina, benzina yeah... Não quero cocaína, não quero benzedrina, não quero heroína, vou cheirar benzina."
(Conta Fê Lemos que, em Brasília, Renato cheirou benzina algumas vezes, mas ainda não tinha experimentado cocaína  nem heroína quando escreveu essa letra.) 

.:ADMIRÁVEL MUNDO NOVO:.
(Esta música foi composta por André Pretorius e Renato fez a letra inconformista  que dizia
"Vocês tentaram e continua dando tudo errado, a sua tal experiência é coisa do passado.")

.:HELICÓPTEROS NO CÉU:.
(Infelizmente não temos a letra dessa música nem ao menos um verso deste grande clássico perdido do grupo. Essa música era estilo B-52's, uma das bandas cultuadas pelo A.E, e era sempre tocada nos shows.)

.:HEROÍNA:.
"Eu não quero mais viver (4X), Eu quero ser um vegetal (4X)"
(Esta foi escrita com a colaboração de um Junkie muito especial: Ércole Fortuna, um primo carioca de Renato Russo. O título informal dessa música era "Quero Ser Um Vegetal". O tema é pesadíssimo.)

.:HEY MENINA:.
(Esta não chegou a ser tocada em shows do Aborto porque fugia da batida veloz do punk, mas foi bastante ensaiada pelo grupo.)

.:ANÚNCIO DE REFRIGERANTE:.
"Sentado debaixo do bloco sem ter o que fazer/ Olhando as meninas que passam/ Matando o tempo, procurando uma briga/ Sem ter dinheiro nem para um guaraná/ Passar de tarde no conjunto nacional, olhar os pobres, e os recos e os ladrões/ Com muita coisa na cabeça, mas no bolso nada/ Sempre com medo dos PMs, e chega o fim-de-semana e todos se agitam/ Sempre a procura de uma festa, os carros rodam enquanto se tem gasolina/ E ninguém agita nada, sujeira quando a turma é menor de idade/ Não podem ir para o mesmo lado que você , e a vida que a gente leva não é nada igual/ Aos anúncios de refrigerante." (Esta música é um retrato da repressão policial  em Brasília no fim da ditadura, e foi muito tocada pelo aborto. O Fê Lemos lembra que, nessa época, eles tinham uma paranóia muito grande da polícia.) 

.:AZUL:.
"E aí, você por aqui? Parece que a gente vive se encontrando..."
(Renato nunca musicou essa letra romântica, em que utilizou um tema que, como sabemos, esteve sempre presente em sua obra: a necessidade de encontrar alguém, conversar com alguém.)