O Brasil descobre os Mamonas Assassinas

Era só um pedaço de papel, mas mudou tudo na vida dos Mamonas Assassinas. Ao assinarem contrato com a EMI-Odeon, eles devem ter se sentido como pistoleiros de aluguel pagos pelos almofadinhas do vilarejo para fazer o que mais gostavam. A missão era entrar no soloon, matar a tristeza, alvejar a caretice, desarrumar os arquivos e desafiar os bons costumes. Mal podiam acreditar que ainda iam ganhar dinheiro com isso. Com firma reconhecida, nome novo e vida nova, tudo o que os Mamonas tinham que fazer era mostrar para o resto do país o que a turma do Parque Cecap já estava cansada de saber: que eram rápidos no gatilho, que eram hilários, que eram completamente malucos.E que não eram mais uma Utopia.

Não precisaram esperar muito. Uma semana depois de fechado o tal contrato, uma convenção reuniu durante três dias, em São Paulo, os principais execultivos e funcionários da EMI-Odeon. Para encerrar a festa, na noite de cinco de maio de 1995, o vice-presidente de Artistas e Repertório, João Augusto, programou o show deles.

o show dos Mamonas começou muito antes deles subirem no palco. Convidados para compartilhar do bufê oferecido pela companhia, já entraram em campo fazendo a maior zoeira. Começaram pegando no pé do self-service.

-O quê? Não tem garçom? Vocês estão em contenção de despesas? - perguntou um deles.

-Devem estar - respondeu outro. - Olha só como tem pouca comida...

Depois disso, ao subirem no palco, os Mamonas já tinham conquistado a massa. O que seguiu foi a consumação de uma paixão instantânea.

Outra vez vestidos de Chapolins, Os Mamonas praticamente repetiram o show de um mês antes no Lua Nua. Foram seis músicas.

A galera exigiu e os Mamonas tiveram que voltar três vezes ao palco.

João Augusto uniu os garotos num abraço como aquele de jogo de futebol americano. Falou: " Vocês acabam de se consagrar aqui dentro. Só tem um problema: o sucesso fode com as pessoas."

Alberto Hinoto, o guitarrista japonês, agora batizado por Bento, afastou-se do grupo e gritou: " Então eu quero é me fudêeeeeee!"

No dia seguinte, João Augusto ligou para casa para comunicar ao filho Rafael, fã número 1 dos Mamonas, o sucesso avassalador deles: " São eles mesmo, Rafa! E são mais do que nós pensávamos!"

Em seguida, ligou para cumprimentar Dinho. Coma voz ainda embargada, Dinho falou: " Pô, João, a gente não conseguiu dormir. saímos de lá, voltamos para Guarulhos, sentamos numa calçada e choramos a noite inteira. Os cinco, Juntos!"

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