A
Política Econômica da Monarquia Francesa:
O Mercantilismo
"Um dos principais meios de atingir esta finalidade (o bem estar dos
franceses) é o estabelecimento de artes (ofícios) e manufaturas, com a
esperança de que proporcionem enriquecimento e progresso a este rei no...
e a única forma pela qual deixaremos de ter de mandar para fora do reino
o ouro e a prata para enriquecer nossos vizinhos." (Coleção Geral das
Antigas Leis Francesas. Citado por PREITAS, Gustavo de. , 900 Textos e
Documentos de História. Lisboa, Ed. Plátano, 1976, -v. 2, p.)
Os monarcas franceses, de Henrique IV a Luís XIV (1589-1715), desenvolveram
uma política de intervenção e de proteção às atividades econômicas, com
o objetivo de fortalecer o Estado.
Na política mercantilista francesa, destacaram-se os ministros Sully,
Richelieu e Colbert. No governo de Henrique IV, Sully cortou despesas,
perdoou os impostos atrasados dos camponeses, aumentou as ta rifas alfandegárias
e a gabela e iniciou a colonização do Canadá, com a fundação de Quebec
(1608). Ele interferiu na economia regulamentando e incentivando a agricultura
e a produção de sedas, vidros e tape tes. Os nobres foram proibidos de
caçar nas vinhas e nos campos de trigo na época do crescimento das culturas
e de confiscar os instrumentos de trabalho dos camponeses endividados.
**Richelieu, ministro de Luis XIII, impulsionou o comércio, favorecendo
a construção naval, a expansão colonial, a melhoria dos portos e a organização
de companhias de comércio.
Colbert, ministro das finanças de Luis XIV, Praticou um verdadeiro dirigismo
estatal, regulando, protegendo' e estimulando as atividades econômicas.
Sob sua influência, o Estado criou as "manufaturas reais" (como os famosos
Gobelins, de móveis e de tapeçarias) e incentivou aqueles que desejavam
fundá-las. Assegurou aos empresários a liberdade de contratar empregados,
sem os limites impostos pelas corporações de ofício, facilitou a circulação
de mercadorias pelo reino abrindo estradas e canais, e garantiu a venda
no mercado interno proibindo a importação de similares estrangeiros.
Para desenvolver as exportações, Colbert aparelhou os portos e favoreceu
a colonização na África (Senegal) e na América (Canadá, Luisiana, Guiana,
São Domingos e São Cristóvão). Em 1664, foi fundada a Companhia das Índias
Ocidentais, que recebeu o monopólio do comércio e da colonização das Antilhas
Francesas por 40 anos. 0 cultivo da cana-de- açúcar, do tabaco, do índigo
do algodão e do cacau desenvolveu- se com base na mão-de-obra do escravo
africano.
Nas oficinas manufatureiras, "os operários trabalham sob a vigilância
do diretor e dos contramestres. Ganham por peça, o que dobra o rendimento.
Estão sujeitos a multas, ao chicote, ao pelourinho, à forca, por atrasos,
vagabundagens, palavrões, blasfêmias, defeitos do serviço, desobediência,
embriagues, por freqüentar prostíbulos, tabernas ( ... ), por tudo aquilo
que, podendo constituir uma causa direta ou indireta de queda do rendimento
e da elevação de despesas, seja capaz de provocar pedido de aumento de
salário." (MOUSNIER, R. Os séculos XVI e XVII. São Paulo, DIFEL, 1957,
t. 4, v. 1, p. 270/271.)
0 Estado francês submeteu os operários a uma disciplina férrea para habituá-los
ao trabalho contínuo, rápido e de melhor qualidade, As ordenanças reais
de 1680, 1685 e 1700 condenavam os vagabundos e os mendigos às galés ou
a castigos como banimento, chicote e ferrete.
Na agricultura, o Estado incentivou as culturas industriais (linho, cânhamo,
amoreira, bicho-da-seda), adiantou sementes e gado aos camponeses e comprou
deles trigo, aguardente, vinhos e conservas salgadas, para o consumo do
exército e das empresas públicas. Contribuiu assim para dinamizar a exploração
de antigas e de novas terras, por camponeses, mercadores e burgueses,
intensificando a produção.
0 êxito da política mercantilista, como instrumento do enriquecimento
do Estado, foi grande.Os produtos franceses adquiriram fama de qualidade
e obtiveram mercado em vários países. Entretanto, grande parte e da riqueza
acumulada foi esperdiçada com as despesas da corte, da administração e
das guerras (várias delas desastrosas) durante os reinados de Luis XIV
e de seus sucessores, Luis XV e Luís XVI.
Autores: Fábio Costa Pedro e
Olga M. A. Fonseca Coulon.
História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo, 1989
Volta 
|