O Renascimento
HUMANISMO E RENASCIMENTO
A
Itália possuía vigorosa tradição cultural e artística, herança da
cultura greco-romana; recebeu também forte influência das civilizações
bizantina e árabe, devido à proximidade geográfica. No final da Idade
Média, acompanhando o desenvolvimento econômicos social e político
de suas cidades, surgiu no país um grupo de intelectuais interessado
em renovar os estudos ministrados nas universidades medievais que
privilegiavam a teologia, o direito e a medicina. Essa elite de pensadores
desejava um conhecimento voltado também para a poesia, a filosofia,
a história, a matemática, a retórica, isto é para aquelas disciplinas
que valorizavam as atividades próprias do homem e que o preparavam
para o exercício de sua liberdade: eram os humanistas.
Os estudos humanísticos tornavam indispensável à aprendizagem do
grego e do latim para uma leitura direta dos textos dos autores da
Antiguidade greco-romana, sem a interferência da teologia cristã,
dominante durante a Idade Média, Os humanistas procuraram reinterpretar
os Evangelhos à luz dos valores da Antiguidade, que exaltavam o homem
como ser dotado de liberdade, de vontade e de capacidade individual.
A filosofia humanista
deu origem a um homem de mentalidade renovada que tinha como principais
virtudes à coragem, a eficiência, a inteligência e o talento para
acumular riquezas elementos esses inteira mente de acordo com a ordem
econômica introduzida pela burguesia, Esse "novo indivíduo'', liberto
das tradições feudais, era capaz de expandir livremente a sua energia
criadora e de procurar explicações racionais sobre o universo que
o cercava, graças as suas qualidades pessoais e intransferíveis".
0 Humanismo combateu a ordem e a hierarquia do mundo medieval, no
qual, o papel do homem era sempre determinado pelo nascimento e pela
Igreja. Sua perspectiva antropocêntrica trouxe o interesse pela investigação
da natureza e o culto à razão e à beleza característicos da cultura
greco-romana, criando ás bases dá Renascimento artístico e científico
dos séculos XV e XVI.
0 RENASCIMENTO: UMA NOVA CONCEPÇÃO DAS ARTES
0
movimento renascentista foi a evolução das artes, sobretudo da pintura,
da escultura, da arquitetura, da literatura e da música com características
e propostas novas. Utilizando-se de temas cristãos ou da Antiguidade
greco-romana, a arte renascentista valorizou o homem como a medida
de todas as coisas.
A escultura e a pintura adquiriram autonomia em relação à arquitetura.
As obras dos artistas retratavam a beleza, a harmonia e o movimento
do corpo humano, em perfeitas construções anatômicas. A técnica da
pintura desenvolveu-se rapidamente, pois os artistas precisavam retratar
o burguês, sua família e os objetos de luxo de sua residência com
minúcias de detalhes.
Houve o florescimento de vários gêneros literários como a poesia,
o romance, a epopéia, a história e a ciência política. A multiplicação
das universidades e a invenção da imprensa de tipos móveis pelo alemão
Johannes Gutemberg (1400/1468) permitiu uma vasta difusão do saber.
À música tornou-se uma arte independente e não simplesmente um instrumento
auxiliar das cerimônias religiosas. Além da música sacra, desenvolveram-se
a profana e a arte do canto coral. Compositores e músicos, em suas
criações e interpretações uniam a habilidade técnica, emoção, conseguindo
efeitos extraordinários.
Com as riquezas acumuladas com o comércio, a burguesia italiana incentivava
o embelezamento das cidades, com a construção de palácios, catedrais,
capelas, pontes e monumentos em praças públicas, patrocinando do o
desenvolvimento das artes em geral. Nobres, burgueses, papas e bispos
financiavam e contratavam os artistas para decorarem seus palácios,
capelas e igrejas e eram chamados de "mecenas". Ter a sua volta um
punhado de artistas e intelectuais significava prestígio e poder pá
ra as ricas famílias da época.
Os Médicis, que controlaram a cidade de Florença de 1434 a 1492 transformaram-na
em capital do Renascimento. Arquitetos, pintores, es cultores, literatos
e músicos como Donatello, Brunelleschi, Ghiberti, Filippo Lippi, Botticelli,
Michelangelo, Leonardo da Vinci deram à corte dos Médicis brilho e
sofisticação incomparáveis.
Cosme de Médicis (1389/1464) patrocinou em 1440 a fundação de uma
Academia, copiada da famosa escola ao ar livre mantida por Platão
em Atenas, no século IV a.C No governo de seu neto Lourenço, o Magnífico
(1449/1492), sob a direção do humanista Marcilio Ficino (1433/99)
a Academia Platônica realizou um imenso trabalho de tradução e comentário
rio das obras de Platão. Dela participavam também eruditos bizantinos
que chegaram à Itália após a tomada de Constantinopla pelos turcos
em 1453. Sua biblioteca reunia uma enorme coleção de manuscritos gregos.
Em Roma, os papas Alexandre VI (da família Bórgia - 1492/1-503),
Júlio 11 (1503/1513) e Leão X (da família Médicis - 1513/1521) utilizaram
ram-se dos recursos da Igreja arrecadados em toda a Europa cristã
para a construção de igrejas e palácios, visando a transformar a cidade
na "capital de um universo ampliado a partir das grandes descobertas".
Na Itália renascentista, sobressaíram-se escultores como Ghiberti
(Porta do Paraíso, do Batistério de Florença, em bronze), Donatello
(estátua de David, em bronze), Michelangelo (estátuas Pietà, -"David",
Moisés em mármore); arquitetos como Brunelleschi (cúpula da Igreja
de Santa Maria del Piore, em Florença), Bramante (Basílica de São
Pedro, em Roma); pintores como Botticelli ("Alegoria da Primavera),
Rafael Sanzio (Madonas) Ticiano ("Vênus de Urbino") Michelangelo (
1 pintura das paredes e do teto da Capela Sistina em Roma); músicos
como Palestrina e Orlandus Lassu e Leonardo da Vinci que foi pintor
(Mo na Lisa), escultor, engenheiro, matemático, músico e filosofo,
sendo 1 considerado um verdadeiro gênio renascentista.
0 movimento renascentista expandiu-se e atingiu outros países. Na
Alemanha, destacaram-se os pintores Albert Durer ("Os Quatro Apóstolos
e Hans Holbein (retrato de Erasmo de Roterdã); nos Países Baixos,
Jan Van Eyck (Cônjuges Arnolfini11) e Pedro Breughel (Caçadores na
Neve) e, na Espanha, El Greco ("Monte Sinai").
0 Renascimento literário teve como principais expoentes: na Itália:
Dante Alighieri ("A Divina Comédia"), Maquiavel ("0 Príncipe", "A
Mandrágora"), Bocaccio ( Decameron), Torquato Tasso ("Jerusalém Libertada");
na Espanha: Miguel de Cervantes ("Dom-Quixote de la Mancha"); na Inglaterra:
William Shakespeare ("Romeu e Julieta", "Hamlet" "Otelo" ) e Thomas
Morus ("Utopia"); em Portugal: Luís de Camões ("Os Lusíadas das";
nos Países Baixos: Erasmo de Roterdã ("Elogio da Loucura") e na França,
Rabelais ("Pentagruel" e Gargantua).
Todas essas obras revelam um acentuado espírito crítico da época,
uma valorização dos feitos humanos e uma utilização progressiva das
línguas nacionais. Nesse sentido, podemos destacar como uma influência
marcante do espírito humanista, a tradução da Bíblia do latim para
o alemão pelo monge Martim Lutero, responsável pela Reforma Protestante,
movimento contra a supremacia papal iniciado na Alemanha e inspirado
no princípio de que todo fiel deveria ser capaz de ler e interpretar,
por conta própria as Sagradas Escrituras.
Autores:
Olga Maria A. Fonseca Coulon e Fábio Costa Pedro
Apostila: Dos Estados Nacionais à Primeira Guerra Mundial, 1995, CP1-UFMG
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