Império Romano

 

Autores: Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon.
História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo, 1989

 

A ascensão de Otávio trouxe a consolidação de um novo regime, autocrático, baseado no exército(e não mais no Senado), denominado Principado. Inaugurou um período de estabilidade política para Roma, sob um poder extremamente centralizado. O Senado, progressivamente enfraquecido durante as guerras civis, os triunveratos e o governo de César, rendeu-se ao poder pessoal de Otávio e concedeu-lhe, em 27 a.C., os títulos de Princeps(o Primeiro Cidadão), Pai da Pátria, Pontífice Máximo e Augusto(sagrado) .

Otávio Augusto buscou a unificação política e administrativa do Principado, introduzindo reformas eu vão assegurar a “pax romana”, isto é, a hegemonia, sem contestação, de Roma sobre todas as regiões e conquistas. Deu lotes de terra aos soldados desmobilizados depois das guerras civis, transformando o exército numa força permanente e profissional, bem paga, disciplinada e leal.

Em Roma, Otávio continuou com a política de distribuir cereais ao proletariado urbano e criou empregos através de um largo programa de construções municipais. Reformulou a arrecadação de impostos nas províncias, acabando com os abusos. Instituiu um novo sistema fiscal(taxação sobre a terra e capitação), nomeando funcionários do Estado para cobrá-lo. Criou um serviço postal e um sistema regular de comunicações ligando as províncias entre si. Instalou colônias em pontos afastados do Império. Deu às famílias ricas das províncias o direito de participar do Senado e das Magistraturas. A classe senatorial, assim aumentada, mesmo desprovida dos poderes que usufruíra durante a República, continuou sendo a classe dominante do Império.

Augusto teve como sucessores os imperadores das dinastias JúlioClaudiana(Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Otão e Vitélio – de 14 a 69 d.C.), dos Flávios (Vespasiano, Tito e Domiciano – de 69 a 96),e dos Antoninos (Nerva, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Pértinax e Dídio Juliano – de 96 a 193), oriundos da aristocracia senatorial romana e das aristocracias das províncias.

Os dois primeiros séculos do Império foram marcados pela segurança externa, pois as fronteiras se estabilizaram, e pela prosperidade econômica. As técnicas agrícolas e artesanais receberam aperfeiçoamentos, aumentando a produção de azeite, pão, vinho, vidro, cerâmica. A arquitetura descobriu o arco e a abóbada, surgindo embelezamentos urbanos na Capital e nas províncias, com a construção de fóruns, aquedutos, termas, palácios, redes de água e esgoto, etc.

O crescimento econômico acompanhou o florescimento da cultura latina, calcada nas idéias de força, grandeza, potência e missão histórica de Roma, sobressaltando-se poetas como Virgílio, Horário e Ovídio, e Tito Lívio, grande historiador.

O Principado contou com crescente burocracia formada por milhares de funcionários encarregados da administração, do governo das províncias e da cobrança de impostos. O sistema jurídico desenvolvido na República foi mantido, principalmente na parte do direito privado, que regulamentava as relações entre os cidadãos.

A ele se sobrepuseram os amplos poderes dos imperadores, que governavam através dos decretos imperiais. Por isso o Principado, mesmo centralizado e burocratizado, diferia das monarquias despóticas do Oriente, porque existiam leis que garantiam os direitos individuais dos cidadãos.

No governo do Imperador Trajano (98 a 117) foram feitas as últimas guerras externas de conquista de terras e escravos, com a anexação da Dácia(atual Romênia) e algumas regiões da Mesopotâmia. Nessa época, já se notava uma tendência à auto-suficiência das grandes propriedades exploradas por mão-de-obra escrava – as “villae” – diminuindo o comércio entre as províncias.