O NATAL DE HERMES

 

Fora uma jornada exaustiva para toda a tripulação, recolhendo o produto de diversas minas através da galáxia em condições as mais diversas. Agora porem, a tarefa estava encerrada e a tripulação voltara mais uma vez aos casulos de hibernação, onde permaneceriam até o fim da jornada. Apenas o capitão Hermes permanecia ainda desperto, ossos do ofício. Preparar o último relatório para ser enviado a Companhia e depois entrar em hibernação enquanto a mina-4093 e o asteróide de mesmo número ficavam para trás.

Embora passassem por longos períodos de hibernação, esse sono forçado não recuperava a fadiga da missão, e a burocracia a qual Hermes como capitão, estava submetido em nada diminuíam seu stress. Hermes aciona seu casulo de hibernação; terá de despertar ainda uma vez para checagem durante o retorno, mais um transtorno que o deixava de mau humor, pois considerava uma desnes- sidade inventada por algum burocrata da companhia.

O cargueiro Eridanus, uma das maiores naves da companhia mineradora entra em mais um sistema solar, seguindo silenciosamente em sua viagem de retorno, sendo controlado em todas suas funções básicas por um conjunto de computadores, e monitorizados pela companhia a distância.

O computador inicia o processo de despertar de seu comandante, para checagem rotineira e comunicação com a companhia. O casulo de hibernação abre-se e emerge de seu interior o capitão Hermes, que emite alguns grunhidos e faz as mais diversas caretas, o corpo reclama do longo sono imposto e só se recuperará após algumas horas.

Já em sua poltrona, o capitão observa os dados apresentados sobre o estado geral da nave, tempo de viagem e estimativa de chegada. Pára um momento, checa novamente os dados, esbraveja algo incompreensível e pensa: "- Não consigo compreender, mas aparentemente o despertador deste raio de computador está totalmente descontrolado, eu só deveria ser despertado muito tempo depois de passar por este sistema solar e ele afirma que não está ocorrendo nada de errado... Bem, a solução será checar com a companhia e..." - neste instante um som armonioso toma conta de todo o ambiente deixando Hermes perplexo e antes mesmo que tivesse qualquer reação a nave foi iluminda por uma suave luz azulada. No monitor principal surgiu a imagem de um planeta azul e ao fundo uma estrela brilhante, provalvemente uma supernova.
- "Hermes! Hermes! - uma voz doce cchama - você é testemunha de um momento ímpar, pois neste instante inicia-se uma nova etapa no planeta abaixo, a Terra, como é chamado, entra em uma nova era com o nascimento de um ser que alterará a trajetória evolutiva deste planeta... será uma lenta caminhada que os levará a integrar-se a comunidade universal...

Hermes perplexo observa o planeta, pensamentos desencontrados cruzam seu cérebro... "Não Hermes, a evolução não é tecnológica ou comercial, é algo mais sublime que transcende a matéria, é a evolução da moral, que traz a harmonia dos seres em comunhão. É uma prova que se inicia, um caminho que todos devem trilhar e no qual você e sua civilização já percorrem. O destino final está longe, mas deve ser trilhado por todos. As barreiras que surgem sao criações próprias, as civilizações criam seu próprio caminho e suas dificuldades. Os seres no planeta que você vê, eles terão uma chance de evolução e o futuro dirá qual proveito eles tiraram desta chance. A sua civilização também já teve e continuará tendo muitas oportunidades de evolução, o apro- veitamento destas oportunidades ditarão o ritmo a seguir.
Que a paz esteja contigo... siga em harmonia..."

Tudo retorna ao normal. Hermes atônito ainda observa o planeta quando o computador informa que uma anomalia gerada por uma sobrecarga ainda não identificada provocou o despertar prematuro. Nova data de checagem já equacionada, as verificações podem seguir...

Hermes não conseguia entender o que ocorrera ... talvez estivesse a sonhar...