em uma época em que a duração das músicas criadas é determinada pela ditadura do mercado musical e de sua possibilidade de execução nas rádios, ultrapassar a barreira dos 3 minutos parece algo absurdo.

contrário a isso, o fossil procura desenvolver suas músicas baseado na "Teoria do Desconforto", investindo em uma estrutura linear mas variada, baseado em camadas sonoras sobrepostas.

suas músicas são criadas no improviso e possuem duração diversas, onde podem variar de acordo com o momento em que ela está sendo tocada pela banda, tendo duração e andamentos diferentes de sua versão gravada ou ensaiada em um momento anterior.

a preocupação de seus músicos se atém aos climas - paisagens sonoras - criados através de experimentações com efeitos abusando de ambiências e improvisos de andamentos, mas, tendo sempre como base o tradicional formato guitarra, baixo e bateria usados pelo rock.

sua formação consta victor colares e erick barbosa nas guitarras, george frizzo no baixo, e joão victor na bateria e percussão. em maio de 2004, dois meses após sua criação, o fossil grava, em "take one" (processo de gravação onde se registra todos os instrumentos da música de uma só vez) três músicas que dão corpo a demo desconforto.

músicas*:
- cum-panere [intriga de tolos]... palavras e olhares que alimentam intrigas... armas como aperto de mãos entre inimigos... sorrisos anunciam o caos... dúvidas e destruição... não podemos virar as costas... manipulações de exércitos cegos... fogo cruzado rumo a queda... culpas e falhas... nem forte nem fraco... idolatrar o tolo decadente... limbo... guerrilha... guerra gélida... esta tudo aí... sirva-se...

- algia... espera... aos olhos de todos, uma máscara frágil... escondidos entre as cores mais vivas em teu olhar... deslumbramento... observo passivamente... o início de mais uma dor... espinhos... contundentes... escrevem linhas... caminhos rubros... insistentes... desconhecidos... na pele... tormentos... novos fantasmas... sombras... pesadelo... descanso... pausa... não o suficiente para tomar ar... assim a sinfonia retorna... caótica... rubra... quente... lenta... no limiar insuportável... violentando o espaço... agride os pensamentos... tirando o sono... a paz... desrespeitosa... incômoda... profunda... que se aloja na carne... Infecciona o sangue... dor... febre... agonia...

- prenúncio
... enclausurado... o silêncio perturba... a verdade do apocalipse é clara... segredos... lentamente... sangue se transforma em orvalho... nos últimos momentos... a felicidade simples... se esfalece em chamas... transforma-se em cinzas... a chuva lava a alma dos que perderam... alimenta o solo... fortalece o início de mais um ciclo... fogo e chuva... início e fim... ligados.

(*interpretação livre por victor colares)