Filmes Recomendados
 
 
Para asssitir mais de uma vez.
 
 
Nós pretendemos deixar esta seção o mais eclética possível, mostrando filmes que agradem a todos os gostos. Mas com uma característica em comum: serem bons. Muito bons, de preferência.
 
Quando falamos em filmes "bons" ou "muito bons" nós pressupomos algum fator que aja como um parâmetro representativo dessas qualidades. Eles estarão explanados em cada filme. Trocando em miúdos: cada filme tem uma justificativa do porquê estar incluído nessa lista.
 
Ah: e não vá esperando uma discussão muito extensa ou filosófica. Nós escrevemos aqui como fãs de cinema, e não como críticos. Tentamos nos comunicar numa linguagem clara e direta.
 
 
 
 
O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola, 1972) - a adaptação do livro de Mario Puzo para o cinema é uma verdadeira obra de arte. The Godfather conta a trajetória da família de mafiosos Corleone, uma sucessão de dramas familiares, intrigas, corrupção e, claro, muito sangue. Contando assim pode parecer até ridículo um filme com um argumento tão básico ser dado como recomendado. Mas ele merece, sim, devido à excelente perfeição. Perfeição em tudo, começando pelo elenco, passando pela direção de Coppola até a fotografia e produção, requintada e surpreendente para a época em que foi filmado. Além disso, a história se desenvolve de tal forma envolvente e grandiosa que nos faz pensar se não existiu realmente os fatos registrados na película.

O filme, lembrado pelas cenas antológicas e indefectível trilha sonora, ainda rendeu mais duas continuações e foi vencedor de 3 Oscars. Um tanto lento para ser assistido por uma geração acostumada com uma linguagem cinematográfica rápida, "videoclipiana", O Poderoso Chefão é um filme, como já foi mencionado acima, perfeito. O único ponto negativo seria o sangue vermelho demais utilizado no filme, comum nas produções dessa época. Assista apenas se estiver preparado para receber as longas horas de belas imagens e intepretações: acomode-se no sofá, esqueça o ritmo anfetamínico dos filmes atuais e entre na história dos Corleone e o mundo criado por Coppola.
 
 
 
Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994) - "Ame-o ou Deixe-o". É assim que a maioria encara o violento filme de um dos cineastas mais inovadores da década de 90. Pulp Fiction é simplesmente o relato imparcial das ações de um grupo de gangsters e as pessoas que com eles se envolvem. Apenas isso. Mas Tarantino conduz a história com uma linguagem nova, atraente, de tal forma que cria um tipo de filme novo, repudiado por muitos, adorados por outros, como bem descreve a frase lá em cima. O filme preocupa-se apenas em contar um história, sem personagens heróicos e perfeitos, onde todos são humanos, logo todos são maus. O filme não mostra violência gratuita, como argumentam aqueles que o criticam, já que tudo faz parte da narrativa, tudo tem a ver com o clima de violência-humana-sarcástica do filme.

Os diálogos rápidos (de hambúrguers a corpos sem cabeça) e as situações inesperadas nas cenas de ação (mostrando que todos erram e acertam, quebrando com todos os clichês de filmes de ação até então) e a ultraviolência são os ingredientes básicos dessa receita que é Pulp Fiction. Receita essa consumida por legiões de adoradores: se hoje em dia nove entre dez fanáticos por filmes de ação sabem entoar o fictício Ezequiel 25, 17 de cor, saiba que tudo é culpa da maestria de Tarantino em escrever e dirigir suas histórias.
 
 
 
Matrix (Larry & Andy Wachkovski, 1999) - O único filme do Oscar 2000 com 100% de aproveitamento (abocanhou as estatuetas em todas as quatro categorias em que concorria). Superou o predestinado ao sucesso Stars Wars Episódio 1: A Ameaça Fantasma nas bilheterias. Mesmo não podendo se livrar do estigma de ser um filme do cinemão hollywoodiano, Matrix é um filme que merece todos os elogios e prêmios que lhe são cabidos. A história do hacker Neo que descobre que o mundo onde vivemos é uma farsa criada por computadores é contada de uma forma especial. Do ponto de vista técnico, a montagem do filme é impecável. A trilha sonora condiz totalmente com o clima, e a sonorização é um capítulo à parte.

E uma das grandes sacadas são  - claro - os efeitos especiais. Como todo filme alicerçado nos efeitos especiais, Matrix está fadado ao esquecimento rápido. A diferença é que em Matrix os efeitos visuais computadorizados são utilizados de forma inteligente, ou, no mínimo, diferente. Em vez de simplesmente criar as memas cenas, monstros ou robôs, que todo filme de ficção o faz e logo é superado por outro mais recente, há cenas nunca antes vistas ou pensadas. Exemplos claros são as cenas onde os personagens se esquivam das balas e as giradas de câmera em 360º utilizadas até então só em videoclipes. Fora os "modismos" que lançou: era fácil ver quem tinha virado fã do filme por estar usando capote preto e óculos escuros.

O filme chegou a gerar debates acadêmicos sobre realidade ou liberdade humana. Apesar das tentativas de teorização, é inevitável catalogar Matrix como mais um filme comercial de ficção. Um filmaço de ficção, que mesmo com toda sua previsibilidade consegue superar com todos os outros filmes de ação, sempre com seus clichês e efeitos especiais que apenas evoluem tecnicamente a cada ano.
 
 
 
O Paciente Inglês (Anthony Minghella, 1996) - Esse filme merece cada um dos 9 Oscars que recebeu. É uma obra maravilhosa sobre um dos temas mais complexos e abstratos que existem: a paixão humana. Em um resumo absurdamente curto e grosso, pode-se dizer que é um filme sobre duas pessoas que se amam intensamente e colocam esse sentimento acima de tudo, não se importando em abrir mão de todas as outras coisas relativas ao homem tais como política, lucro e poder - e justamente por isso enfrentam dificuldades.
 
Para nos contar essa história, o filme abusa de todos os recursos da linguagem cinematográfica. Uma fotografia bela, atuações perfeitas, trilha sonora soberba, produção bem cuidada. Tudo para mostrar uma história humana num mundo que perdeu a humanidade. O casal vivivo por Ralph Fiennes e Kristin Scott Thomas não liga para a guerra que corre no mundo, para bens materiais, para nada, a não ser eles mesmo. E fazem isso de maneira humana, com erros, mas sem egoísmo intencional. O mundo, claro, não deixa de dar o troco, fazendo a história enveredar para um triste fim.
 
Devido ao humanismo extremo da história de amor e a fotografia, pode ser um filme pouco compreendido aos acostumados com os filmes românticos com fórmulas prontas, consumidos pela grande maioria. Mas vale lembrar que com seu roteiro rico, complexo, tira a história do água-com-acúcar que pode aparentar ser. Ao longo de suas várias horas, o filme, por vezes lento devido ao estilo europeu, é uma obra-prima do cinema, coisa rara na década de 90.
 
 
 

Por Francisco Rodriguez Antunes
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