Los Angeles - 22 de Outubro, 1999
Christian puxou calmamente um cigarro e o acendeu.
Seu terno estava todo manchado de sangue, e os gritos de Kenner lhe arranhavam
os ouvidos. Thiago estava há horas sem dizer uma única palavra;
apenas continuava arrastando Kenner pelo ferro-velho. Christian os seguia
mais atrás, com o cigarro na boca e sua pistola na mão, que
estava tão suada que ele tinha que segurar a arma com toda a força
para que ela não escorregasse. Ele retirou o pente quase vazio e
conferiu: apenas mais quatro balas. Com somente aquilo, era provável
que eles não durassem mais do que duas ou três horas até
que os tiras os descobrissem naquele fim de mundo.
Fazia calor. O sol de Malibu às cinco
da tarde castigava os três. Por incrível que pareça,
Christian não tirava o seu paletó ensangüentado e nem
demonstrava sinais de calor ou cansaço. Em compensação,
Thiago, com seus cento e vinte quilos, estava como um bebê recém-nascido:
sebento e escorregadio. Kenner gemia e fazia esforço para reclamar.
Kenner - Que merda!! O filho da puta me pegou
de jeito não foi, Thiago? ARGHHH!!!! Como dói...
Thiago - Calma, garoto. Você vai ficar
bem! Confie em mim!
Kenner - Eu estou vendo meu osso! Hahaha!
Olhe só! Hahaha! Não é engraçado?
Thiago não respondeu.
Kenner - Me dá a porra da minha granada!!!!
Eu quero morrer!! É a minha vida! Eu não quero morrer sofrendo!
Christian jogou seu cigarro no chão
e o esmagou com a ponta do sapato.
Christian - Thiago! Faça esse cara
calar essa boca! Eu estou de saco cheio de ficar aqui ouvindo esses choros
de criança! E cadê a porra do McMorus???
Thiago - Deixe o Kenner em paz! Você
já notou que ele está com o braço mutilado? Que droga!
Olha só quanto sangue!
Kenner - É, vai se f...
Depois dessas palavras, Kenner adormeceu.
- É melhor assim - disse Christian,
depois de ter dado uma coronhada em Kenner que o fez dormir profundamente.
Thiago - Christian, olhe!
Ele apontava para um casa caindo de podre
aos fundos do ferro velho.
Christian acendeu outro cigarro.
Christian - Vamos. Carregue este animal junto.
Eles rumaram em direção à
casa. Thiago continuava suando sem parar, e Christian começava a
cansar também.
A porta estava com a maçaneta quebrada.
Ao entrar, Thiago largou Kenner no chão. Christian ficou parado,
pensativo.
Thiago - E agora?
Christian - Vamos esperar o McMorus.
Thiago - O quê? Não podemos perder
tempo! Temos que procurar um hospital!
Christian - Esqueça o Wayne!!! Ele
vai morrer de uma maneira ou de outra!! Me ajude a pensar em uma maneira
de encontrarmos o McMorus...
Thiago - Ele deve estar morto! Eu vi uns dez
tiras correndo atrás dele quando ele pulou para dentro daquele bueiro!
Christian - Você conhece o John tão
bem quanto eu! Sabe que ele não iria se entregar assim tão
facilmente! Portanto, cale a boca e espere!
Thiago - Quem você pensa que é
pra me mandar calar a boca??
- Ei! Não se mexam! Eu tenho uma arma!
Você aí, largue a arma!
Christian e Thiago olharam para a porta e
viram um homem sujo e maltrapilho, que apontava um velha espingarda calibre
.12 na direção deles. Usava óculos tortos e um boné
preto completamente arrebentado. Provavelmente era o dono do ferro velho.
- Muito bem, comecem a se expl...
O homem é interrompido no meio da frase.
Fica por algum tempo parado. Sangue começa a escorrer de sua boca
e ele desaba no chão, com um furo profundo nas costas. Atrás
dele, eles vêem, então, um vulto segurando uma faca ensangüentada.
Logo o reconhecem. É John McMorus.
Dallas, Texas, 18 de Outubro, 1999
Christian - Ontem à noite fui a um bar
no subúrbio assistir a um show de uma banda feminina e fiquei arrependido.
Nunca vi nada tão ruim!! E ainda me cobraram dezessete dólares
na saída!!! Você acredita nisso?
Nesse momento, John chega, fechando o zíper
das calças.
John - Depois de toda aquela bebida, nada
melhor que uma mijada!
O banheiro do metrô estava lotado. Havia
vários marginais, que se aproveitavam da pouca segurança
para venderem e cheirarem tudo o que é tipo de drogas.
Kenner - Porra, bem que o Wolf podia ter marcado
um lugar melhor para o encontro! O cheiro do baseado enjoa! Que merda...
Ei, Thiago, olha só esses peitos!!
Thiago observa, sem mudar a expressão,
a um desenho de uma mulher feito nas paredes do banheiro e, com um ar cínico,
responde:
Thiago - Já vi melhores...
Todos gargalham, menos Thiago, que fica meio
sem jeito.
Christian acende um cigarro, o fuma prazeirosamente
e depois solta a fumaça pela boca. A fumaça, somada ao odor
do baseado, tornava a atmosfera no banheiro insuportável.
Christian - Falando em bares, ouvi dizer que
não existem muitos bares de karaokê no Brasil. É sério,
Thiago?
Thiago - É mentira. Já fui a
vários enquanto morava no Rio de Janeiro. Surgiu uma febre depois
que lançaram o videokê.
John - Você cantou??
Thiago - Claro! Qual o problema?
John - Devem ter cobrado o dobro para deixar
você cantar…
Thiago - Essas piadinhas não tem graça!
Como eu estava dizendo, eu...
Christian - Ei, ei. Se não é
o Wolf que vem chegando!!
O grupo observou um negro com cabelo raspado
se aproximando. Era robusto e usava óculos escuros. Tinha uma expressão
séria. Aparentava ser de poucos amigos.
Wolf - Tudo bem?
John - Levando. Qual é o negócio?
Wolf - Está nervoso hoje?
Christian - E então?
Wolf - O trabalhinho que tenho para vocês
não é muito parecido com os anteriores. É coisa mais
difícil...
Thiago - Prossiga.
Wolf - É o seguinte: O navio de guerra
Syrius aportará dia vinte nas águas de Malibu. Nesse dia
ele fará um sorteio de quinze turistas que estiverem ali na beira
da praia para dar um passeio de duas horas nas águas do Pacífico,
fazendo um tour pelo navio e conhecendo seus armamentos. E o capitão
deste navio será...
Kenner - Quem?
Wolf - Alguém de vocês já
ouviu falar do Capitão-de-fragata Edward Knight?
Christian - Não faço idéia...
John - Um dos mais renomados oficiais superiores
da marinha. É este o nosso alvo?
Wolf - Exatamente... O navio sairá
à uma da tarde e voltará às três. Já
consegui infiltrar um agente que sorteará exatamente os seus números,
para que vocês possam entrar no navio como simples turistas. Seus
numero são: Christian, dezessete; John, cento e quatro; Kenner,
vinte e um; Thiago, seis.
Kenner - Porra, o meu número da sorte
é vinte e sete!
Thiago - Cala a boca seu escroto!! Deixa o
chefe terminar de falar!!
Wolf - Na saída, haverá um carro
a quatro quadras à direita do estaleiro, entre os prédios
vinte e três e cinqüenta e três. Mas não se atrasem;
o carro só irá esperá-los até dez minutos depois
das três. Infelizmente, tudo que poderemos dar é uma pistola,
que não é achada por detectores de metal, para cada um. O
resto é com vocês. Mais tarde acertaremos os detalhes finais.
Aqui estão quatro passagens de avião para hoje, às
dez da noite. Tenho que ir agora.
Christian - Ei Wolf! Espere! Porque temos
que estourar a cabeça desse tal Knight?
Wolf - Simplesmente porque ele não
é mais Ed Knight, e sim um alienígena!
Christian - Como assim? Explique isso…
Wolf - Abdução.
Os quatro se entreolharam.
John - É o mesmo que tinha aquele vereador,
Michael O’Connor, lembra? Um pequeno chip de origem extraterrestre que
é capaz de tranformar Einsteins em fantoches. Ele ataca o cérebro
do indivíduo, fazendo com que ele fique completamente dominado pelo
chip, e obedecendo a tudo aquilo que ele programar. Como o
chip é controlado, é algo que já está fora
do meu alcance.
Quando eles terminaram de falar, Wolfgang
Krauser já tinha desaparecido.
Los Angeles, 22 de Outubro - 1999
Os quatro ainda estavam na casa no meio do
ferro velho. O cheiro do corpo putrefando já infestava todo o local.
John estava revistando o dono do ferro velho, Christian se deliciava com
um Marlboro, e Thiago e Kenner, que já havia acordado, apenas observavam.
Fazia um calor infernal. Kenner se segurava para não urrar de dor.
John - Droga!! Esse merda estava nos ameaçando
com uma espingarda sem balas!
Christian - Eu ainda tenho minha pistola.
O que aconteceu com a sua?
John - Eu a deixei cair enquanto corria pelos
túneis de esgoto. Porra, eu ainda não acreditei que escapei.
Thiago - Está ferido?
John - Só não morri por milagre.
Tomei três tiros nas costas, mas estava usando um colete à
prova de balas.
Thiago - Onde você arranjou?
John - Arranquei de um tira morto. Eu matei
o puto com um tiro bem no meio dos olhos...
Kenner - Como você chegou aqui?
John - Consegui roubar um carro.
Christian - Você... está com
um carro?
John - Nem comece a sonhar. A gasolina acabou
quando eu estava a uns 200 metros daqui.
Christian - Acho que até Deus está
contra nós... Não é possível!! É muito
azar para um dia só...
Thiago - Prepare-se, garoto. O seu dia mal
começou.
John - O Kenner está muito mal?
Kenner - Só um pouquinho... Com sorte
não cortarão meu braço!!
Thiago - Não sei... Ele é um
filho da mãe forte. Acho que ele resiste.
John - Tudo isso por causa daquele escroto
do Wolf!!! Foi ele que armou tudo isso.
Thiago - Nem pense em vingança. Todos
nós aqui sabemos do que o Wolf é capaz...
Kenner - Cale a boca seu crioulo burro!! Eu
quero ter o prazer de enfiar minha granada no rabo daquele filho da mãe
e dizer: “Desculpe, mas só depois disso é que a porra do
meu pau vai caber nesse seu rabo preto”!
Christian - Ele tem contatos e toda uma organização
ao seu lado! Temos é que pensar em uma maneira de fugirmos daqui!!
John - Ele tem razão. Se você
quiser viver, é melhor que nos obedeça.
Christian - Silêncio!! Eu estou ouvindo
passos! Vamos nos esconder!!
Kenner - Eu acho que não posso caminhar.
Caso sejam os tiras, eu fico aqui e vocês entram atirando.
Todos se escondem atrás de caixas,
e Kenner fica estirado no chão, com a mão apertando o local
do ferimento.
Oceano Pacífico - Navio de Guerra Syrius - 22 de Outubro,
1999
John - O navio está voltando. Pelos
meus cálculos, chegaremos à praia em dez minutos. Ou seja
temos que foder a cabeça de Knight agora.
Kenner - Ainda bem. Finalmente um pouco de
ação!! Passar uma hora e meia em um navio bancando o turista
escroto é um saco.
John - Onde está o gordo?
Kenner - Deve ter morrido no banheiro. Acho
que foi o bacon que eu ofereci pra ele no café da manhã.
John - Então eu acho que você
vai ter que acordá-lo, não é mesmo?
Kenner imediatamente parte em direção
ao banheiro. Christian desce as escadas que dão para o andar supeior
do navio, com um cigarro na boca. Calmamente, vai se aproximando de John,
que demonstra um olhar preocupado.
Christian - A coisa vai ser fácil.
Só há um guarda no andar superior. Ele fica parado nas escadas,
impedindo a passagem de civis.
John - Para esses casos eu tenho minha faca.
Christian - Justamente. O escritório
do alvo fica na última sala à direita. Com o silenciador,
fica fácil.
John - Está na hora. Vamos.
Os dois tomam o caminho das escadarias, se
juntando a Thiago e Kenner, que vinham do banheiro.
John sobe na frente, e os outros ficam esperando no pé da escada.
Ele se aproxima do guarda, que está quase adormecido, apoiado no
fuzil.
John - Ei, você poderia dizer onde está o Capitão
deste navio? Estamos atrasados, e eu acho que ele está se masturbando
ao invés de pilotar.
- O quê... ARGH!!!!!
O soldado cai de joelhos, com a garganta ensangüentada.
John guarda a faca, limpando-a na parte de dentro do sobretudo. O homem
agoniza por uns quinze segundos e depois morre, afogado no próprio
sangue. Thiago avança, pegando o corpo no colo.
Christian - Coloque no banheiro. Fica ao lado
da sala do capitão. E seja discreto.
Thiago - Pode deixar.
Christian - Vamos, o navio vai aportar em
oito minutos.
Thiago vai carregando o corpo para o banheiro
do andar superior, enquanto os outros três correm em direção
à sala de comando. A porta está trancada.
Christian - E agora?
Kenner - E agora isso!
Kenner dá um potente chute na porta,
escancarando-a. Os três entram, com as armas empunhadas. O capitão,
que estava deitado em uma cama, fica surpreso.
- Como diabos vocês conseguiram entrar
aqui??
John - Cala a boca! Cala essa porra dessa
boca! Deite no chão!!
Kenner - Deixem eu fazer! Deixem eu fazer!
John - Então faça logo porra!!
Impiedosamente, Kenner descarrega doze tiros
na cabeça de Kruchev.
Christian - O quê é isso? Que
porra é essa?? Seu psicopata, louco, maníaco fodido. Onde
você está com a cabeça?? O crânio dele virou
Corn Flakes!!! Olhe a merda que você fez!
John - Imbecil!! Ainda gastou toda a sua munição!
E agora, o que fazemos?
Christian - Vamos sair como se nada tivesse
acontecido e ir até o carro, que está nos esperando.
John - Estamos bem na hora. Vamos!
Los Angeles - 22 de Outubro - 1999
Oficial Billy - Humm! Que donut delicioso!
Oficial Samuel - Onde você o comprou?
Billy - No Jonhy’s Market. É com geléia.
Quer provar?
Samuel - Ei, cara. Chega pra lá. Eu
jamais comerei um donut do Jonhy’s Market! E logo com geléia!
Billy - Tem certeza de que não quer
um pedaço?
Samuel - Humm, isto está me soando
estranho... Deixe-me adivinhar... O velho Billy nunca ofereceria algo para
um amigo mais de uma vez. Então só podem ser duas coisas:
Ou esse donut está uma merda, ou o meu amigo Billy aqui está
sofrendo uma grande mudança de comportamento. Talvez a porrada que
você levou de um cucaracha na última sexta à noite
tenha te afetado!
Billy - Acho que a primeira é mais
provável. Nem me lembre dessa porra do cucaracha... Tem certeza
de que não quer?
Samuel - Pare com esse negócio! Estou
começando a me aborrecer... Qualquer idiota sabe que esses
donuts tem cheiro de esperma e que a geléia tem gosto de maionese!
Billy - Foda-se tudo isso! Vamos, a casa é
ali.
Os dois policiais se dirigiram para uma velha
casa nos fundos de um ferro velho, atrás de quarto suspeitos que
haviam assassinado alguém em um navio de turismo. Pelo menos foi
isso que lhes disseram...
Samuel - Ei Billy, você não acha
que deveríamos chamar reforços?
Billy - Não, cara. Nem pense nisso!
Eu quero me redimir daquele incidente do mexicano. Logo eu, com treze anos
na polícia... Isso é inaceitável. O pessoal no distrito
já começa a falar na minha aposentadoria. Até a minha
vagabunda já está em cima de mim!
Samuel - A Ash? Em cima de você? Nossa,
então eu acho que você deveria se aposentar mesmo!
Billy - Cala essa boca, Sam!
Os dois continuam caminhando até chegarem
à porta da casa. Billy joga seu donut com geléia no chão.
Billy - Adeus! não preciso mais de
você, donut com geléia! Eu ainda vou ganhar muita comida hoje!
Samuel - Do que você está falando?
Billy - A festa de despedida do Stephens,
esqueceu?
Samuel - Ele já sabe?
Billy - Não.
Samuel - Então ele vai ter uma surpresa
e tanto. Principalmente se for o Ricky que estiver organizando...
Billy - Não tanto quanto vão
ter esses escrotos que se esconderam aqui. Vamos!
Os dois entram rapidamente na casa, se separando
e indo um para cada lado, com as armas em punho.
Billy - Você aí! Fique sentado
no chão! Não faça porra nenhuma ou eu estouro sua
cabeça!!!
Kenner - Calma, garotão! Eu estou inofensivo!
Billy - Onde estão seus amigos? Onde
estão seus amigos?
De repente, um tiro acerta o Oficial Billy
bem no peito, antes que ele possa ter qualquer reação. Ele
cai no chão, morto. Kenner solta uma risada, debochando da cara
que Billy fez quando foi atingido. Em uma fração de segundos,
o Oficial Samuel tenta disparar contra Kenner. Um tiro atinge Sam na perna
e o outro na cabeça. Ele tomba, disparando para o alto na queda.
Christian sai de trás das caixas, contando as balas que lhe restam,
e notando que só há mais uma. Sem perder a calma, puxa um
cigarro.
Kenner - Bom trabalho, Christian! Contando
com os que eu matei no porto, já são nove!
Christian - E por causa daqueles sete é
que você está aí, com três tiros no braço!
Kenner - Um velho amigo meu sempre dizia que
tudo, tudo, sem exceção, tem seu preço. Para o que
eu consegui, um recorde, até que ARGH! eu paguei barato!
Christian - E quem é esse seu amigo?
Kenner - Nada mais, nada menos do que Don
Dayle! É uma pena que ele pagou um preço muito caro... Prisão
perpétua é pior do que pena de morte...
Christian - O quê ele fez?
Kenner - Matou oito pessoas num Burger King.
John - Temos que dar o fora daqui. Thiago,
pegue um revólver do tira. Eu pego outro e dirijo o carro. Achei
uma chave.
Thiago - Para onde vamos?
John - Para Phoenix. Temos que pegar a Estrada
91. Vamos, Christian, está escurecendo!
Christian - Vamos! Thiago, me ajude a carregar
o Kenner!
Kenner - Ei, espere! O que é aquilo
ali...? Donuts com geléia! Meu favorito! Humm, que delícia!
Agora, sim, podemos ir embora.
Ao anoitecer de Los Angeles, um carro de polícia
com quatro pessoas se dirigia para Phoenix, Arizona.
Estrada para Phoenix, Arizona - Km 56 - 22 de Outubro, 1999
Kenner - Ei, Thiago, devolva a minha granada.
Por favor, cara!
Thiago - De jeito nenhum! Você vai fazer
alguma merda.
Kenner - Corta essa, cara! Agora que nós
escapamos?
Thiago - Você não vai se matar?
Kenner - Claro que não!
Thiago - Tudo bem. Pegue.
Kenner - Isso aí cara. Eu te amo.
Christian - Alguém aí tem um
cigarro? Ainda tenho um, mas não quero fumá-lo agora.
John - Por que você está pedindo
emprestado, se tem um ainda?
Christian - Esqueça.
John - Porra, esta estrada é uma porcaria!
Christian - Se nós tivéssemos
pego a freeway, não estaríamos assim...
John - Dispenso seus comentários.
Christian - Ei, que porra é aquilo
na estrada??? Desvie, porra, desvie!!!
John - O quê? Ooops!!! Droga!! AHH!!!
O carro desvia de uma limusine parada no meio
da estrada. Sai para fora do asfalto e cai num pequeno barranco, ficando
inclinado, com a frente toda amassada para o chão. A estrada está
complemente deserta. Ao mesmo tempo em que John, Christian, Kenner e Thiago
saem do carro acidentado, um homem bem vestido sai da limusine, e atrás
dele ficam quatro homens trajando sobretudos e usando óculos escuros.
Kenner - Argh!! Meu ferimento!
Thiago - Você está bem, garoto?
John - Que porra é essa? Quem é
você, nanico? Por que ficou parado no meio da estrada???
O homem se aproxima deles, com um sorriso
no rosto.
- Boa noite, senhores. Permitam me apresentar.
Sou o senhor Bill Baker. Venho da parte do senhor Wolfgang Krauser e da
organização X-COM.
Christian - Filhos da puta!! Você nos
traíram!! Seus desgraçados!! Eu quero falar com Wolfgang!!
Baker - Ei, vocês parecem cansados.
Por acaso você foi baleado?
Christian - Isso é sangue daquele infeliz,
que está ali agonizando por causa de vocês!!!
Baker - O que aconteceu com ele?
Christian - Aconteceu?? Eu vou lhe dizer o
que aconteceu!! Nós estamos lá, no navio, como foi planejado.
Estouramos a cabeça do capitão. Os caras descobrem tudo e
nós fugimos, no horário certo para pegar o carro. Chegamos
no local planejado, e é um beco sem saída, sem porra nenhuma
de carro!!! John consegue fugir pelos esgotos, com dez tiras no seu rabo!
Thiago e eu subimos pela escada de incêndio de um prédio,
mas o Kenner, que havia ficado para nos dar cobertura, leva três
tiros depois de mandar uns tiras pro Inferno!! Thiago desce para buscá-lo
e escapa por sorte. Conseguimos despistar os policiais e nos escondemos
no meio de um ferro-velho. Depois, roubamos um carro da polícia
e saímos da cidade. E graças a você, nós estamos
fodidos de novo!! Eu quero saber o que aconteceu!
Baker - Você já terminou? Bem,
então eu vou começar... Eu não quero saber porra nenhuma
do que aconteceu com vocês. Eu quero que vocês todos se fodam.
Só quero ir para casa e tomar o meu whisky com uma gostosa tetuda
do meu lado. Eu vim aqui para falar aquilo que Wolfgang Krauser mandou.
Ele disse que vocês ficariam tristes em saber que o capitão
não era um alienígena, mas que teve de ser eliminado por
questões pessoais, as quais vocês não precisam saber.
E que não pode recompensá-los por essa missão, por
que vocês não vão passar dela!
Thiago - Não estou compreendendo...
O homem de baixa estatura apresentado como
Sr. Baker vira as costas e caminha em direção à limusine.
Três segundos antes de ele dar a ordem para os quatro homens de sobretudo
atirarem, dois tiros o atingem nas costas. Ele cai ao chão, agonizando
e sofrendo para respirar. O autor dos disparos, John McMorus, ainda dispara
mais três vezes num dos homens de sobretudo. Thiago atira e mata
mais dois deles. Christian gasta sua última bala para acertar a
cabeça do quarto homem.
John - Sr. Baker, o encontro no Inferno, mas
daqui a uns quarenta anos!
Christian puxa seu último cigarro e
o acende.
Christian - Eu só queria fumar este
depois que eu gastasse a minha última bala.
Thiago - E agora o que fazemos?
John - Você sabe que nós estamos
fodidos até o pescoço?
Christian - Acho que a gente devia dar o fora
o mais rápido possível.
John - Ei, pessoal, olha só o que temos
aqui! Uma limusine!
Christian - Dessa vez, eu dirijo!
Os quatro entram na limusine, com Christian
ao volante.
Kenner - Ei, ponha alguma coisa para ouvirmos,
Christian!
John - O que tem aí?
Christian - Pretty Suicide, com New
York Loose.
Kenner - Vamos dar o fora daqui! É
isso aí! Foda-se o sistema e a X-COM! Ah, e senhor Baker, isso é
pra você!
Kenner larga pela janela a sua granada, que
cai do lado da cabeça de Bill Baker, que desesperadamente tenta
se mexer...
CABLAM!!!!!!
" She was such a pretty suicide
Oh, what a beautiful mess
She was such a pretty suicide
Right now she looks her best
Over 50 story fall to stardom
She found her fame top of a car
50 stories she could have told
How life pushed her a little too far..."