Memória holográfica


Durante muito tempo se pensou que a memória habitasse no cérebro um espaço determinado. Pensou-se também que esse domicílio ficasse na região chamada hipocampo, no centro da cidade cerebral — e de fato o hipocampo tem papel decisivo na fixação das informações a serem armazenadas no processo de memorização. A idéia de que as lembranças têm residência fixa foi um desdobramento da teoria segundo a qual cada manifestação do organismo, sem exceções, possui casa própria na anatomia do cérebro. Embora elegante, esse modelo não conseguiu passar pela prova das experiências em laboratório. Isso induziu os cientistas a buscar uma hipótese alternativa para explicar o mistério da memória.Entre outros, o neurofisiologista americano Karl Pribram, da Universidade de Stanford, na Califórnia, acabou encontrando o que lhe pareceu a chave do enigma: a memória não se localizaria em algum ponto específico da estrutura cerebral, como um documento impresso apenas ali, mas se distribuiria igualmente por toda parte do cérebro, como um holograma no espaço. Justamente ao conhecer os fundamentos matemáticos do holograma, descobertos pelo húngaro Denis Gabor, pesquisadores como Pribram perceberam de estalo as analogias entre aquela técnica e a memória. No holograma, com efeito, as informações se encontram uniformemente divididas, ou seja, cada parte contém a imagem do conjunto. Segundo Pribram, todos os estímulos chegam ao cérebro como se fossem dados matemáticos percorrendo as células nos impulsos nervosos. E o cérebro os codifica em forma de holograma, armazenado como uma impressão na estrutura cerebral inteira.