Beijos
Mal dados , roubados , molhados , sem fim ;
Negados , perdidos , permitidos ou não .
De raspão ou colados , em cheio acertados .
Do tipo de dar estalos ,
Que matam de amor quem os toma , assustado ,
E de ciúme incontido ( ou ódio velado )
A quem apenas os vê .
Outros , do tipo mudo , calado , quase escondido ,
Beijo de amigo , beijo de irmão .
-E por acaso , irmão beija assim ???
No meio da rua , sob o brilho da lua ,
Ou debaixo de um Sol escaldante
(a pino , astro rei inclemente),
O suor pelo rosto escorrendo .
De manhã , bem cedinho , no frio do inverno ,
Por trás do ouvido ,
No pescoço , eriçando os pelinhos , causando arrepios ,
Sem ninguém o ver .
- Ninguém , nem você !
Na calada da noite , no escuro do quarto ,
Na sala de aula , em pleno trabalho , escondido do patrão .
No cinema ou no carro ,
Na praia , no meio do mato ,
Em pleno Domingo , decisão de campeonato ,
Em meio à displicente multidão,
Que delirante , gritava "GOL!!! "...
Num lento dia de feriado .
Em Quarta-feira de cinza , sagrado , profano jamais .